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Endrick doma ansiedade ao fazer 1º gol no Allianz em dia de título e choro

Do UOL, em São Paulo

02/11/2022 23h39

Endrick viveu uma noite inesquecível no dia em que o Palmeiras ganhou seu 11º título de campeão brasileiro e goleou o Fortaleza por 4 a 0.

A ovação quando ele foi substituído, aos 30 minutos do 2º tempo, teve barulho no nível de um gol. Quase tão alta quanto, de fato, foi a comemoração na primeira vez que ele balançou as redes no Allianz Parque, aos 19'. Ou como seu anúncio entre os titulares.

O gol coroou uma atuação muito boa de um jogador que é uma joia. Mas que, do alto dos seus poucos 16 anos, mostra ainda uma constante ansiedade. Positiva, é verdade. Mas na qual cabe um controle, que vai aparecer à medida que o tempo for passando.

Endrick participou ativamente do jogo desde o começo. Com menos de um minuto, recebeu no meio e, no domínio, já se livrou de Lucas Sasha e Júnior Moraes. Ainda antes dos 2', se fez de louco e quase roubou a bola de Fernando Miguel durante uma reposição.

Se Endrick se mostrava ansioso, também é verdade que seus companheiros estavam ávidos por lhe encontrar. Deu para ver que o garoto vem sendo peça importante nos treinamentos. Muitas jogadas ensaiadas passaram por ele. Muitas vezes era visível o trabalho dele de abertura de espaço para os companheiros.

No primeiro gol, ele tabela com Scarpa, mas, impedido, vê Rony receber e abrir o placar, aos 15'. Aos 30', após o gol de cobertura de Dudu, Endrick foi o primeiro a abraçar o camisa 7, num encontro há muito sonhado pelos palmeirenses.

Na segunda etapa, aos 2', ele já finalizava pela primeira vez, após cruzamento de Rony, um dos que mais buscou municiar o camisa 16. No lance do terceiro gol, mais uma vez, Endrick estava na área. O cruzamento de Dudu passou muito perto do seu pé, mas enganou a ele e a Fernando Miguel, indo parar no pé de Rony, que empurrou para a rede, aos 3.

Endrick parecia aflito. A vontade de ir às redes, um vício que ele começou a ter ainda no sub-11, era mais forte do que ele. Aos 16, ele tenta pegar rebote em chute de Zé Rafael. Até que, três minutos depois, vem a apoteose.

Dudu desce em velocidade pela direita e avança, como no lance do terceiro gol. Numa jogada que é sua marca, Endrick se antecipa e, um pouco antes do primeiro pau, empurra para a rede, aos 19'. E sai comemorando fazendo careta. Depois finge estar mancando, certamente brincando com alguém.

O garoto comemora, é abraçado por todos, o estádio vem abaixo. Mas a maior comemoração de todas aconteceu longe do gramado, num camarote. A câmera da transmissão da TV Globo encontrou Douglas, pai do jogador, chorando emocionado.

Douglas certamente se lembrava dos muitos nãos, como os de São Paulo e Santos, que ele e o garoto ouviram ao vir de Brasília para a capital paulista, quando ele só queria algum dinheiro, um emprego, para se manter na capital com o filho. Algo que o Palmeiras lhe deu em 2016.

Depois do gol, Endrick muda até de postura corporal. Ele se movimenta, corre, mas parece pisar mais leve em campo. Até ser sacado, aos 30' e ouvir, mais uma vez, o torcedor gritar o seu nome.

Não será só Endrick que vai se lembrar dessa noite para sempre.

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