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Goleiro Bruno diz que perdeu R$ 50 mil para Faraó do Bitcoin

Goleiro Bruno afirma ter investido em empresa acusada de pirâmide financeira  - Reprodução/Instagram
Goleiro Bruno afirma ter investido em empresa acusada de pirâmide financeira Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

24/09/2022 04h00

Após o encerramento de uma vaquinha on-line, o goleiro Bruno depositou R$ 15 mil na conta da avó de seu filho como pagamento de parte de uma dívida de R$ 90 mil relativa à pensão do menino de 12 anos. Ele diz esperar quitar a dívida até outubro com a venda de um carro doado por um fã.

O goleiro de 37 anos, contratado pelo Atlético Carioca (5ª divisão do Rio de Janeiro), chegou a ter uma ordem de prisão expedida contra si por não ter pagado a pensão do filho que teve com a modelo Eliza Samudio, assassinada por ele em 2010 —Bruno foi condenado a 22 anos de prisão e cumpre a pena em regime semiaberto desde 2019 pelo crime. O goleiro já havia feito outros depósitos para diminuir a dívida, determinada pela Justiça em maio.

Hoje Bruno mora em Cabo Frio-RJ e está em prisão domiciliar, o que significa que ele não pode deixar a cidade sem autorização judicial. Segundo seu amigo e assessor Elbert Vieira, o atleta não tem dinheiro disponível para pagar as dívidas -- além dos R$ 90 mil, ele precisa transferir dois salários mínimos mensais ao filho, o que não vem acontecendo. Procurada, a família de Eliza diz esperar que o goleiro cumpra a determinação da Justiça e pague o que deve o quanto antes.

Depois de jogar por cinco anos no Flamengo e passar outros oito preso, condenado pela morte de Eliza, o goleiro estaria vivendo de doações e dos ganhos de sua esposa, a dentista Ingrid Calheiros. Sem conseguir retomar a carreira no futebol, ele teria tentado várias formas de sustento, todas sem grande sucesso, segundo Elbert.

Uma delas foi um curso de trader financeiro, no qual Bruno aprendeu a fazer operações na Bolsa. No ano passado, o goleiro e o amigo investiram cerca de R$ 50 mil cada na GAS Consultoria, empresa do ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, que prometia retorno mensal de 10% sobre o dinheiro investido supostamente em criptomoedas. Hoje, Glaidson, conhecido como o Faraó do Bitcoin, está preso, acusado pelo Ministério Público de comandar uma organização criminosa que deu prejuízos de R$ 9,3 bilhões a mais de 120 mil clientes, entre eles, o goleiro Bruno.

Glaidson nega as irregularidades. No dia 8 de dezembro do ano passado, o "Faraó" escreveu da cadeia uma carta aberta aos clientes dizendo que nunca imaginou que "seríamos proibidos de pagar um dinheiro que contratualmente pertence a vocês".

Bruninho - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Sônia Moura, mãe de Eliza Samudio, e Bruninho, filho do goleiro Bruno
Imagem: Arquivo Pessoal

"Aqui em Cabo Frio 90% da população caiu nessa", afirma Elbert Vieira. "Eu perdi dinheiro, o Bruno perdeu, eu tive amigo que perdeu casa." O assessor, que foi convidado por Bruno para ajudá-lo em negociações profissionais, diz não ter esperanças de reaver o dinheiro que investiram. "Hoje estamos sem grana, descapitalizados, mas o Bruno gosta de fazer trade financeiro. Eu faço trade desportivo [apostas] e ele tem aprendido também, embora não seja a área dele."

Segundo o assessor, apesar de Bruno ter ganhado dinheiro e feito investimentos na época de jogador, o goleiro perdeu tudo durante o período em que ficou preso. O sítio onde Eliza morreu foi vendido e uma parte da renda foi revertida a sua família por decisão judicial. Hoje, segundo o amigo, Bruno vive com a esposa e a filha em uma casa alugada —o ex-goleiro tem quatro filhos, além da menina com quem vive, são mais duas filhas e o filho de Eliza.

"O Bruno está vivendo de ajuda de amigos. Ele tentou abrir uma loja de açaí. Vendeu bem no verão, mas não no inverno", conta Elbert. "Ele financiou um carro para emprestar a um rapaz pra fazer Uber, mas também não deu certo. Ele está tentando trabalhar para conseguir pagar o que deve. Ganha um salário-mínimo no Atlético Carioca e faz jogos de exibição por cachê. Rifamos algumas camisas do Flamengo e fizemos a vaquinha."

Goleiro foi condenado a 22 anos pela morte de Eliza

Em março de 2013, o goleiro Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses de prisão pelo homicídio, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio. Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas a pena foi extinta por prescrição. Bruno hoje admite participação no crime, embora negue que tenha sido o mandante.

Desde 2019, Bruno cumpre a pena em regime semiaberto domiciliar. O filho de Bruno e Eliza vive com a avó Sônia, que cuida de sua criação desde a morte de sua filha. O goleiro questiona a paternidade da criança e afirma querer fazer um exame de DNA.