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Excesso de controle fez 15 atletas da Espanha pedirem dispensa: Ditatorial

Seleção espanhola feminina na Eurocopa de 2022 - Anadolu Agency via Getty Images
Seleção espanhola feminina na Eurocopa de 2022 Imagem: Anadolu Agency via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

23/09/2022 11h47

Quinze atletas que foram convocadas por Jorge Vilda, atual técnico da seleção espanhol, pediram dispensa, alegando questões de saúde mental. Segundo o jornal "Mundo Deportivo", o comportamento "ditatorial" do treinador foi o incentivador do ato.

A decisão veio após Luis Rubiales, presidente da instituição, se recusar a demitir Vilda. As jogadoras — que, segundo o tabloide — reclamam do "excesso de controle do treinador — enviaram um e-mail padrão para a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) no mesmo momento da convocação de hoje.

O "Mundo Deportivo" relata que Vilda obrigou as jogadoras a manterem as portas dos seus quartos abertas até à meia-noite, para verificar se elas estavam lá. A decisão foi vista pelas atletas como um atentado à privacidade e descanso.

O treinador ainda é acusado de fiscalizar as compras das jogadoras, revistando inclusive o conteúdo das malas. Segundo o jornal, as medidas também eram adotadas nas categorias inferiores da seleção espanhola.

O desgaste existe desde a última convocação para a disputa da Eurocopa feminina, que aconteceu em julho deste ano, na Inglaterra.

Das 15 atletas que se manifestaram, 13 delas estavam na relação anterior. O grupo é composto por:

  • Ainhoa Vicente Moraza (Atlético de Madrid-ESP);
  • Patri Guijarro (Barcelona-ESP);
  • Leila Ouahabi (Manchester City-ING);
  • Lucía García (Manchester United-ING);
  • Mapi León (Barcelona-ESP);
  • Ona Batlle (Manchester United-ING);
  • Laia Aleixandri (Manchester City-ING);
  • Claudia Pina (Barcelona-ESP);
  • Aitana Bonmatí (Barcelona-ESP);
  • Andrea Pereira (América-MEX);
  • Mariona Caldentey (Barcelona-ESP);
  • Sandra Paños (Barcelona-ESP);
  • Lola Gallardo (Atlético de Madrid-ESP);
  • Nerea Eizaguirre (Real Sociedad-ESP);
  • Amaiur Sarriegi (Real Sociedad-ESP).

As atletas do Real Madrid convocadas não participaram da mobilização. Alexia Putellas, atual melhor do mundo, também não aparece na lista, pois está se recuperando de lesão.

O caso ganhou o apoio de Meghan Rapinoe, atleta da seleção dos Estados Unidos e eleita melhor jogadora do mundo em 2019. Em rede social, ela afirmou que o grupo "tem uma 16ª ao seu lado".

Após a mobilização, a federação emitiu nota afirmando que não cederá à pressão das jogadoras. Ainda alertou que a recusa é "uma infração muito grave e pode acarretar em sanções de dois a cinco anos de desqualificação", embora não deseje chegar a "este extremo".

Em entrevista à rádio Cadena SER, Ana Álvarez, diretora da categoria, afirmou que "elas não concordam com o treinador e dizem que é um tema meramente desportivo. Não acreditam na metodologia e nem concordam com ela".

"O presidente sabe dessas informações e é franco sobre o técnico. Recebemos muita pressão, mas temos claro o lugar de cada um", esclareceu Álvarez. Jorge Vilda tem contrato com a seleção espanhola até 2024.

Nos dias 7 e 11 de outubro, a equipe tem dois amistosos, contra a Suécia e os Estados Unidos, respectivamente.

Confira o e-mail enviado pelas atletas na íntegra:

Venho por este meio informar que devido aos últimos acontecimentos ocorridos na equipe espanhola e à situação causada, coisas das quais vocês têm conhecimento, estão afetando significativamente o meu estado emocional e, portanto, a minha saúde.

Por tudo isto, neste momento não me vejo em condições de ser uma jogadora à disposição para a nossa seleção e por isso peço que não seja convocada até que esta situação seja revertida.

O meu compromisso com a equipe no passado, presente e futuro foi, é e será absoluto, e sou a primeira a buscar os melhores resultados esportivos para a seleção.

Permaneço inteiramente à disposição para o que considerarem oportuno, sempre com o objetivo de buscar o melhor para a nossa seleção.