Lanterna do ranking da CBF tornou-se campeão estadual. E não foi por acaso

Um time situado a 520 km de São Paulo e que ocupa a última posição do atual ranking da CBF fez história na semana passada.

O Clube Atlético Votuporanguense foi campeão da Série A3 estadual diante do Grêmio Prudente, sob olhares de 6 mil pessoas na Arena Plínio Marin. A equipe inverteu a lógica? O UOL conversou com o presidente do clube, que explicou: "Não é bem assim..."

Prazer, CAV

Votuporanga não tem uma forte "veia" futebolística: a cidade já sediou as extintas Associação Atlética Votuporanguense, entre as décadas de 50 e 90, e Sociedade Esportiva Votuporanguense, fundada em 2001 e que migrou para Hortolândia pouco depois.

Foi em 2009 que surgiu, de fato, o atual símbolo esportivo do município: a Associação Atleticana Votuporanguense — que virou Clube Atlético Votuporanguense pouco tempo depois. O mascote estava definido: uma pantera.

O CAV chegou à Série A3 em 2012, quando bateu o rival Fernandópolis em uma final emocionante no interior. A nova ascensão veio em 2015, desta vez para a A2.

Em meio às andanças entre divisões, o clube conseguiu uma de suas maiores glórias: em 2018, faturou a Copa Paulista. O duelo foi decidido nos pênaltis diante de uma poderosa Ferroviária, que disputou a elite estadual naquele ano.

O título deu ao Votuporanguense uma vaga na Copa do Brasil e a partir daí a equipe entrou no ranking da CBF. Atualizada anualmente, a lista só reúne times que disputam algum torneio nacional.

A trajetória na competição durou só um jogo, por isso o clube está em último na lista. Para passar de fase, a equipe tinha obrigação de vencer e acabou perdendo em casa por 1 a 0 para o Ypiranga-RS.

O CAV é último colocado por ter disputado um único jogo da Copa do Brasil recentemente. Quando você disputa um campeonato da CBF, passa a fazer parte do ranking. Isso não quer dizer que somos os piores. Somos um clube com dificuldades, porém que oferece boa estrutura de alojamento para os atletas, boa alimentação, bom gramado e bom estádio Edilberto Fiorentino, o Caskinha, presidente do CAV, ao UOL

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"Luta incansável, garra inabalável"

As palavras do presidente Caskinha se mostraram certeiras, e o Votuporanguense iniciou a Série A3 deste ano "on fire": a equipe fechou a fase inicial com apenas uma derrota em 15 jogos e líder isolada na tabela.

No mata-mata, o CAV desbancou o Marília antes de conseguir o acesso sobre o Desportivo Brasil diante de um Plínio Marin lotado. O estádio, aliás, foi reerguido em 2016 pela iniciativa privada.

A cereja do bolo foi o título estadual. Na semana passada, a Pantera sagrou-se campeã da A3 ao bater, no placar agregado, o Grêmio Prudente por 3 a 2.

O planejamento na formação do elenco, a honestidade e a seriedade com todos nossos colaboradores fluíram. Criamos um ambiente de tranquilidade para que comissão e elenco pudessem só pensar em futebol e nos trazer os bons resultados. Nada resiste ao trabalho Caskinha

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Fala, professor!

Um dos responsáveis pela campanha é o técnico Rogério Corrêa, ex-jogador com passagem pelo Athletico. Ele, que renovou até o fim da Série A2 de 2025, abordou o título recente e projetou sua carreira.

Quatro metas. "O objetivo era o acesso, só que trabalhamos em quatro metas: o primeiro objetivo era não cair, até porque, no ano anterior o clube quase caiu. O segundo era a classificação e nós conseguimos com antecedência. O terceiro era o acesso e, por fim, o título. Graças a Deus, tudo que nós colocamos e almejamos, conquistamos."

Segredo do time. "É o trabalho. Trabalhamos muito mesmo, até fizemos alguns trabalhos diferenciados: enquanto alguns clubes estavam dando folga aos atletas, a gente estava trabalhando a mais e fazendo um trabalho de coach, que eu coloquei dentro do nosso planejamento.

Coach. "Traçamos o perfil do atleta. No que ele é bom? O que falta para ele poder chegar ao seu melhor? Por exemplo: a gente pegou um atleta e viu que ele precisava melhorar treino de força e velocidade, então ele fez um trabalho específico antes do treino nesta parte. A gente leva mais cedo o jogador para o treino para que ele possa fazer esse trabalho. Filmamos e depois mostramos o que aconteceu durante as partidas. Isso é tanto na parte técnica quanto na física."

Estrutura. "O trabalho da diretoria foi muito importante desde a montagem, porque nós tivemos várias reuniões para poder trazer jogadores. Eles nos deram todo o suporte para poder performar bem, tanto em viagens quanto em alimentações. Eles não mediram esforços."

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Lanterna do ranking. "O clube virou notícia, mas se você olhar, estamos à frente de muitos que estão em divisões menores e que não fazem parte da lista. A gente espera poder fazer uma grande Copa Paulista para ganhar uma vaga na Série D ou Copa do Brasil para colocar o CAV mais para cima."

Sonho como treinador. "É trabalhar num clube da Série A. Já participei dois anos no Athletico trabalhando como auxiliar, mas não cheguei a comandar. Trabalhando, tenho certeza de que posso chegar."

Próximos passos

Caskinha revelou como deve ser o Votuporanguense a partir de agora. O presidente, que assumiu o cargo em 2021, disse que uma das missões envolve participar novamente de um torneio da CBF — e a partir daí, de fato, deixar a lanterna do ranking.

CAV em 2024. "Vamos jogar a Copa Paulista e a meta, ao contrário da outra vez, é jogar a Série D no ano que vem."

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CAV em 2025. "O planejamento da A2 é manter uma base e, depois, reforçar com jogadores experientes. A primeira etapa é a manutenção. Conquistando isso, vamos trabalhar com muita humildade e respeito aos adversários para buscar coisas maiores. O torcedor pode ter certeza que, independente de resultados, terá um time competitivo e comprometido em honrar nossa camisa."

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