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Agressor de carnavalesco, diretor da Gaviões é considerado foragido

Quadra da Gaviões da Fiel, a principal organizada do Corinthians  - Simon Plestenjak/UOL
Quadra da Gaviões da Fiel, a principal organizada do Corinthians Imagem: Simon Plestenjak/UOL

Ricardo Perrone, Thiago Braga e Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

04/04/2022 18h01

Para a polícia de São Paulo, o diretor de barracão da Gaviões da Fiel, Thiago Carlos Dionísio (38), já é considerado foragido. Dionísio teve a prisão temporária decretada pela Justiça na semana passada por conta da agressão cometida ao carnavalesco Zilkson da Silva Reis (42), responsável pelo desfile da escola de samba.

Segundo apurou o UOL Esporte, a ideia de Dionísio é se apresentar à polícia ainda nesta semana. Na sexta-feira (1º), a polícia fez diligências nas dependências da Fábrica do Samba, onde Zilkson foi agredido. Agora a investigação espera as imagens das câmeras de segurança do local, e buscam também imagens próximas ao hotel em que Zilkson estava hospedado.

Ainda na semana passada, dirigentes da escola - que faz parte da principal torcida organizada do Corinthians -, e pessoas que presenciaram a agressão, também foram ouvidas pela polícia.

Versões conflitantes

Na noite de quarta-feira (30), uma mulher alegando abuso sexual, que teria sido cometido por Zilkson, registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia da Mulher contra o carnavalesco por "importunação sexual". No depoimento, que o UOL Esporte teve acesso com exclusividade, a moça relata os fatos. No primeiro BO, disse que teriam ocorrido no dia 28. Depois, houve uma retificação e a data foi mudada para 27.

De acordo com o relato, ela e o namorado Thiago Dionísio, chegaram ao barracão por volta das 5h após terem saído da festa que tinha acontecido na quadra da escola, no bairro do Bom Retiro, onde fizeram uso de "grande quantidade de bebida alcoólica".

Ainda segundo o depoimento da vítima, ela e Thiago foram para o quarto que ele ocupa quando está no barracão, onde tiveram relação sexual e caíram no sono. Quando ela acordou, por volta das 9h, foi surpreendida por um homem de camisa preta e calça jeans fazendo sexo oral nela. Ela descreve que gritou e empurrou o homem, que saiu calmamente do quarto.

Quando Thiago retornou ao quarto, ela diz ter contado o que aconteceu momentos antes e viu o diretor de barracão da escola sair do quarto, enquanto ela ficou para trocar de roupa.

Minutos depois, ao encontrar Thiago, ela relata que o diretor de barracão contou a ela que encontrou Zilkson e que ele o agrediu. O casal, segundo a moça, deixou o barracão da escola às 16h50 do dia 27 após ficarem sabendo dos fatos pela imprensa.

No dia em que o UOL veiculou a agressão a Zilkson, a Gaviões da Fiel chegou a emitir uma nota oficial sobre o caso. O documento acusava o carnavalesco de tentativa de abuso a uma mulher, que teria pedido socorro. Integrantes da escola teriam, então, agredido o artista. No entanto, pouco depois de divulgar o texto em suas redes sociais, a escola apagou a publicação.

gaviões - Reprodução - Reprodução
Print com nota deletada pela Gaviões da Fiel em suas redes sociais
Imagem: Reprodução

A versão apresentada pela Gaviões é refutada pela advogada Ana Cláudia Vieira Alves. Para ela, a causa mais provável para o ataque seria uma divergência gerada por cobrança de dívida por parte de Zilkson. "Acredito que a razão dessa brutalidade possa ser o atraso de pagamento do contrato do artista. O que fizeram com o Zilkson não foi uma defesa pessoal, foi um gesto de pura covardia", afirmou a advogada em contato com o UOL Esporte.

De acordo com a apuração da reportagem, a escola de samba assinou um contrato no valor aproximado de R$ 90 mil pela prestação dos serviços do carnavalesco, porém não pagou parte do combinado. O atraso de duas semanas é encarado como algo rotineiro, sobretudo após a remarcação das datas dos desfiles no Sambódromo do Anhembi.

Além de Zilkson, a escola de samba está em atraso com o pagamento de outros colaboradores envolvidos com a criação de toda a estrutura do desfile de Carnaval, que acontecerá no dia 23 de abril. Os valores, no entanto, são mantidos em sigilo. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a Gaviões considera a situação sob controle já que tem receitas para receber e pretende fazer os pagamentos assim que os novos recursos chegarem.

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