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Ceni elogia 1º tempo do SP, mas lamenta chances perdidas: 'bola não entrou'

Rogério Ceni lamenta durante São Paulo x Campinense, pela Copa do Brasil - MARLON COSTA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Rogério Ceni lamenta durante São Paulo x Campinense, pela Copa do Brasil Imagem: MARLON COSTA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

25/02/2022 01h58

O empate sem gols com o Campinense, pela primeira fase da Copa do Brasil, mostrou pontos positivos para o técnico Rogério Ceni. Em entrevista coletiva depois da partida, ele considerou "ótimo" o primeiro tempo do São Paulo, mas lamentou o alto número de chances perdidas pela equipe.

"Hoje fizemos um ótimo primeiro tempo, com oportunidades melhores até que no jogo contra o Santos, só que a bola não entrou. Quando a bola não entra, o placar se arrasta, a gente marca pressão, muito em cima. Fizemos as trocas, o Luciano há muito tempo não jogava, ficou um pouco abaixo na parte física e talvez as trocas não surtiram tanto efeito como no último jogo", disse Ceni.

O São Paulo terminou a partida com 69% de posse de bola e 24 finalizações, sendo oito no gol. A equipe paulista, no entanto, parou nas boas defesas do goleiro Mauro Iguatu, principal responsável pelo 0 a 0 no placar.

Ao longo do segundo tempo, o São Paulo caiu de rendimento e permitiu que o Campinense se lançasse ao ataque. Precisando da vitória para avançar, o time paraibano chegou a pressionar nos minutos finais, mas não conseguiu assustar o goleiro Jandrei.

"Não é que o Campinense poderia ter se classificado, o São Paulo poderia ter feito dois, três a zero no primeiro tempo e não ocasionado nenhuma preocupação. Lógico que todo mundo se preocupa no final, tanto que o time começa a ficar mais retraído, não joga solto, não consegue executar as mesmas tabelas, triangulações. Além do cansaço e do gramado alto, o lado psicológico também funciona contra. Se tivesse empurrado uma para dentro nos primeiros 20 minutos, que teve duas, três chances cara a cara, poderíamos ter feito um jogo muito mais tranquilo e construído um placar bem melhor do que foi", prosseguiu Rogério Ceni.

Na próxima fase, o Tricolor enfrentará o Manaus, que se classificou também hoje (24) ao vencer o São Raimundo (AM) por 1 a 0. O duelo acontecerá na semana entre os dias 9 e 16 de março. O empate na segunda fase levará o jogo para as penalidades.

Antes disso, o São Paulo volta suas atenções para o Campeonato Paulista. A equipe visita o Água Santa, segunda-feira (28), pela nona rodada do torneio.

Confira outras declarações de Rogério Ceni na entrevista coletiva:

Ficou apreensivo com a pressão final do Campinense?

O que causou essa apreensão foi o número excessivo de chances que nós tivemos no primeiro tempo e não conseguimos fazer o gol. Essa é a realidade.

Como avalia a atuação do Rodrigo Nestor? As sondagens sobre ele te preocupam?

Eu achei o melhor jogo dele comigo nesse ano. Nessa posição mais adiantado dele, chegando mais próximo do ataque, ele funciona vez. Deixou acho que duas vezes o Calleri e uma vez o Sara na cara do gol. É um jogador bastante técnico. Acho que o auxílio do Pablo atrás dele tem sido importante para a contenção, e ele tem um pouquinho mais de liberdade de flutuação. Fez uma ótima partida.

Não sei absolutamente nada [sobre negociação], soube agora de uma entrevista do Belmonte falando que houve uma proposta, mas a mim não foi comunicado absolutamente nada. Eu desconheço qualquer... não sei nem de onde seja essa proposta e se é que existiu.

Primeiras impressões sobre o Andrés Colorado, quais as características que ele pode mais agregar ao elenco?

Fizemos um treino e meio apenas. Ele teve que ir na Polícia Federal por causa de visto no segundo dia, não estava inscrito na Copa do Brasil.

Eu acho um jogador de boa dinâmica, um jogador que consegue percorrer muito essa direção da área, pisa muito na área, finaliza. Pela altura, tem um bom jogo aéreo, acho que pode ajudar a gente seja nessa função que o Nestor ocupou hoje, seja lado a lado no meio, que é onde ele joga mais, como um 5 ou 8, com parceiro do lado.

Ele ainda não jogou esse ano e isso também pesa um pouco, assim como pegou, por exemplo, o Luciano hoje. Nós imaginávamos ele num estágio um pouco melhor fisicamente e nós vimos que ainda falta um pouco para ele poder estar em campo. O Colorado é a mesma coisa.

Mas é um jogador interessante, um jogador jovem, que veio em uma condição boa para o São Paulo, com chances de poder observá-lo até o final do ano e um valor até acessível em uma eventual futura compra.

Perda de intensidade no segundo tempo foi devido ao cansaço ou desconcentração?

Acho que cansou um pouco, o gramado é bem pesado. Eu acho que inúmeras situações de gols foram criadas nos primeiros 45 minutos e depois até nos primeiros 25 minutos do segundo tempo. E aqui você começa também a ter aquele receio de sofrer um gol em um contra-ataque. Isso faz com que o time, mesmo que não queira psicologicamente, trabalhe contra nesse momento.

Léo vai disputar espaço na lateral-esquerda ou ainda é uma opção para a zaga?

As duas. Pode jogar tanto na zaga quanto na lateral. O que eu tento fazer é simples: ter um jogador mais talentoso, no caso hoje foi o Rafinha no lado direito, e um jogador mais físico do lado esquerdo para equilibrar.

Quando o Reinaldo joga, eu tento... o Igor saiu agora, mas eu tenho dois laterais da base: o Moreira que veio hoje para o jogo e o Nathan. E eu tento combinar para que não fique um time que não tenha ao menos um dos laterais com muita vitalidade. Um mais construtor e um com mais vitalidade. É isso que eu tento fazer, dar equilíbrio para o time.

Se eu gostaria dos dois mais técnicos, Reinaldo e Rafinha? Sim, mas eu tenho que mesclar para ter um time com opções de chegada no fundo e construção por dentro.

Mudanças no time vão continuar mesmo quando o elenco chegar a um nível físico ideal?

Sim, nós queremos sempre que o São Paulo tenha força física dentro do jogo. Nós temos alguns jogadores muito parecidos na parte técnica, temos bons jogadores que hoje estavam no banco de reserva.

Nós vamos fazer as trocas necessárias para sempre ter um time no melhor nível físico possível, desde que a gente não tenha um prejuízo técnico. Nós vamos sempre escalar o melhor São Paulo que a gente tem nas mais variadas condições. Esse é o objetivo.

Se a gente tem quatro bons atacantes, não tem por que a gente não usá-los e tentar sempre fazer com que eles estejam bem preparados para cada jogo.

Como vai ser a preparação do Luciano já que ele iniciou a temporada depois do restante do grupo?

O Luciano ficou 60 dias parado, entre as férias e a lesão. Pelo o que eu tinha visto nos treinos imaginava ele hoje já em uma produção melhor, apesar de ter treinado em torno de 10 dias só. Mas eu via pelos treinamentos que ele suportaria mais.

A minha conclusão foi que ele precisa trabalhar um pouco mais a parte física. Eu já tinha na minha cabeça escalá-lo como titular no próximo jogo, mas pelo o que produziu hoje — não tecnicamente, porque como flutuação é o que melhor faz isso no elenco —, mas a parte física conta, e ele vai precisar treinar um pouco mais, evoluir um pouco mais na parte física. Tecnicamente é um jogador que eu gosto muito.

O que o Luciano pode agregar a essa nova equipe?

Quando jogamos com esse sistema com dois homens de frente, ele ajuda muito porque flutua bastante entre linhas. Ele é o cara que melhor faz isso. O Nikão também faz um pouco isso, mas o Nikão joga um pouco mais pelo lado, proteção de bola. O Luciano vem e agrega, é um homem a mais no meio de campo, sabe chegar na área, tem uma boa finalização de esquerda, fala, é chato no bom sentido, ele pede bola, quer jogo. Só que no momento ele está abaixo do que ele esteve no ano passado na parte física, o que é natural para quem ficou 60 dias sem treinar.

Rafinha foi o capitão do time e sempre parece atuante. Você notou melhora na característica calada do time?

Eu noto que o ambiente é mais alegre, ele é um jogador que contagia muito os demais nesse sentido. Então ele tem essa liderança natural, está sempre de bom-humor, sempre feliz, sempre sorrindo. Eu acho que ele eleva o ambiente, traz consigo uma energia muito positiva. Quando ele está em campo, ele tem total experiência, capacidade para usar a braçadeira de capitão, ora ele, ora o Calleri, ora o Éder. Isso é importante para não concentrar a liderança em uma única figura. Quando jogar, tem total capacidade de usar a braçadeira de capitão.

A presença do Pablo Maia possibilita uma chegada do Nestor mais ao ataque?

Possibilita. O Pablo é um jogador que joga muito bem por trás, tenta construir o jogo. Hoje, até devido ao gramado, errou um número maior de passes do que foi o jogo contra o Santos, em que ele fez um grande jogo. Hoje ele errou um pouquinho esse número de passe.

O Nestor gosta mais de chegar, é um jogador que cresceu nessa função. No último jogo contra o Santos ele entrou durante o jogo e também foi bem, também ajudou bastante nesse sentido. Hoje jogou muito mais como 10 do que um volante lado a lado, entrou muito entre linhas, porque eles marcavam com os pontos, com os laterais, deixando o meio, então tínhamos que colocar mais gente entre linhas e ele acionou os atacantes várias vezes, e até o próprio Sara, que jogou como um quarto homem na frente fechando.

As melhores chances que tivemos foram saindo dos pés dele para um atacante do nosso time fazer a finalização.

O quanto te surpreende essa rápida adaptação do Jandrei?

Nenhuma, porque fui eu que pedi a contratação. Eu conheço um goleiro quando joga com os pés. Quando fui para o Fortaleza, eu levei o Felipe, que era um goleiro que jogava com os pés. Eu já enfrentei o Jandrei várias vezes, já conhecia, então, para mim, não foi surpresa nenhuma.

Eu tento que meus goleiros sejam mais ou menos o espelho do que eu era, como eu via o jogo, quando era goleiro. Então, não tem surpresa nenhuma. A construção dele talvez seja o que ele tem de melhor, a melhor característica que ele tem.

E também ressaltar que o time, apesar de não ter conseguido fazer tantos gols, também não tem tomado gol nas últimas rodadas. É um fator positivo. Hoje, Arboleda e Diego, como foi Miranda e Diego semana passada, como pode ser Arboleda e Miranda no próximo jogo. Mas que a gente se mantenha sempre firme, com zero no placar e criando 15, 20 oportunidades por jogo. Quem sabe a gente volte a fazer três gols como fizemos contra o Santos no último jogo.

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