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Gabigol, Cássio, Abel, Estêvão: ainda é possível ter ídolos?

Tudo indica que o Palmeiras acertará a venda do atacante Estêvão, com seus 17 anos recém-completos, por alguma coisa na casa de 400 milhões de reais. Provavelmente para o Chelsea, com a saída no meio de 2025.

Assim como Endrick, que sai no meio deste ano, o garoto começa a se tornar ídolo já com data de validade. Vai entregar tudo, sem dúvida. E a torcida vai se apegar, afinal é impossível não se encantar com sua habilidade. Ao fundo, porém, um bipe sutil seguirá marcando a contagem regressiva implacável. O lembrete de que ele não é nosso, mas dos europeus.

Isso me fez pensar nos ídolos que ainda temos. Que ainda conseguem construir sua história atrelada a um único clube ou ligada de maneira tão forte, que parece haver apenas um.

É o caso de Gabigol com o Flamengo. Criado no Santos, ele se tornou o segundo maior nome da instituição que tem o hors concours Zico. Como recompensa pelo protagonismo em títulos talvez até mais volumosos que os do Galinho, ganhou a imensa honra de vestir a sua 10.

E ele faz o que com isso? Com a idolatria, a paciência da torcida diante de seu momento, do fuzuê do antidoping, do pênalti perdido contra o Vasco, do banco de reservas? Ele decide tomar uma em casa vestindo a camisa do Corinthians. O Corinthians que liderou os rumores no início do ano sobre sua saída. O Corinthians que acabou de demonstrar pouquíssimo apego — ou respeito — ao seu maior ídolo recente.

Cássio sairá do clube que defendeu por 12 anos de maneira melancólica, triste, desconcertante. A mesma melancolia, tristeza e desconcerto latentes nas desculpas oferecidas por Gabriel, ao colega André Hernan, quatro dias depois de a foto aparecer e ele tentar se livrar dela, alegando até ser uma fraude.

Também na semana passada, vazou a informação de que Abel Ferreira teria assinado um pré-contrato com o Al-Sadd, do Qatar, semanas antes de estender o compromisso com seu amado Palmeiras. Ou seja, por pouco não foi, mas quase foi.

Neste mundo de cifras impensáveis fica cada vez mais difícil acreditar no amor. Entregar-se de peito aberto, sem medo de tomar um fora, acreditando que você não é só um trampolim, um tapa-buraco, até o seu querido encontrar algo melhor.

Vivemos presos entre a paixão de uma temporada, o relacionamento tóxico de longa data e aquele que parece ser para sempre, mas um dia simplesmente faz a mala e vaza, sem muita explicação. E essa é a sina dos que têm sorte. A sorte de ter por quem se apaixonar, mesmo sabendo que a decepção inevitavelmente virá.

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Amar, inclusive no futebol, é quebrar a cara. Em loop.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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