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"Sabíamos desde cedo do potencial do Sara", diz coordenador da base do SPFC

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

26/11/2021 04h00

A afirmação de Rogério Ceni depois da vitória para o Palmeiras de que Gabriel Sara tem potencial para atuar em grandes times da Europa é um pensamento que vem de muito tempo dentro do São Paulo. Quando ainda estava nas categorias de base, o meia já era visto como um atleta diferenciado, não apenas pelo que poderia fazer com a bola no pé, mas pelo entendimento do que é necessário fazer em campo.

"O Sara realmente tem esse potencial que o Ceni viu de perto. Ele é um menino inteligentíssimo dentro de campo. Muitos jogos [na atual temporada] ele foi criticado injustamente, porque embora ele não tivesse naqueles jogos uma participação com a bola positiva, sem a bola ele sempre foi muito importante para o jogo, para a partida e para os demais. Às vezes ele era criticado, mas na minha visão injustamente, porque ele cumpria umas funções muito difíceis de fazer. O Sara é um jogador muito inteligente sem a bola, e 98% do tempo de uma partida de futebol é sem a bola", explica Pedro Smania, coordenador das categorias de base do São Paulo.

Gabriel Sara, na época em que atuava pelo sub-20 do São Paulo - Igor Amorim/saopaulofc.net - Igor Amorim/saopaulofc.net
Gabriel Sara, na época em que atuava pelo sub-20 do São Paulo
Imagem: Igor Amorim/saopaulofc.net

Sara fez todo seu processo de formação em Cotia, casa das categorias de base do São Paulo. Foi lá que ele aprimorou uma de suas principais qualidades: a polivalência. Na atual temporada, o camisa 21 já atuou como ala e meia pela esquerda, segundo volante, meia-armador e segundo atacante.

"Muitos meninos trabalham aqui na base essa variação de posição. Alguns conseguem se adaptar melhor, outros têm certas dificuldades e a gente respeita isso. O Sara consegue ser polivalente justamente por ter uma inteligência muito boa e ter uma capacidade técnica espetacular", prossegue.

No atual momento do São Paulo, Sara tem se destacado em um meio de campo quase todo formado por jogadores vindos de Cotia. No losango formado por Rogério Ceni, ele e Igor Gomes são os responsáveis pelas laterais, ajudando na marcação e subindo para o ataque, no que Ceni considera "o motor do time do São Paulo". Foi vindo da direita que ele aproveitou a bola desviada por Luciano para abrir o placar contra o Palmeiras, em um golaço marcado em pleno Allianz Parque.

"Em todas as avaliações que a gente fazia aqui, no nosso processo de avaliação, o Sara sempre se destacou na nossa métrica como um atleta que jogaria em alto nível mundial. Eu, particularmente, sou um fã do Sara como um todo. O Sara é uma pessoa espetacular", completa Smania.

Em sua segunda temporada completa pelo profissional do São Paulo —em 2019 fez apenas seis jogos—, Gabriel Sara é o terceiro artilheiro da equipe, com nove gols, atrás apenas de Pablo (13) e Rigoni (11). No Brasileirão, ele soma seis participações em gols, contando passes para assistências, assistências e bola na rede —Rigoni lidera com oito.

Polivalência "made in Cotia"

Além de Gabriel Sara, outros jogadores vindos das categorias de base do São Paulo subiram para o profissional podendo fazer mais de uma função caso fosse necessário. Os casos mais claros são os dos integrantes do atual meio de campo. Igor Gomes, Rodrigo Nestor e Igor Liziero constantemente aparecem fazendo funções diferentes em campo.

"É algo que costumeiramente fazemos aqui na base: experimentar atletas de diversas posições e treiná-los em outras posições para eles poderem ter esse acervo na sua profissão, na sua carreira. O Nestor já jogou de primeiro volante, segundo volante, de meia; Luan jogou de zagueiro, lateral-direito, primeiro volante; Diego [Costa] jogou de volante, de zagueiro muito tempo aqui na base, ele revezava essas posições; Igor Gomes de segundo volante, meia, segundo atacante", detalha Smania.

Ainda longe do profissional, o zagueiro Ythallo é apontado por Smania como um desses acertos na tentativa de experimentar novas funções. Atacante de origem, ele acabou chegando à seleção brasileira sub-17 quando foi recuado para a defesa.

"A gente faz as experiências aqui baseado nas avaliações dos atletas, o que a gente enxerga de potencial e o que precisa trabalhar. A comissão na época entendeu que o Ytalo de zagueiro ia conseguir alcançar um nível melhor, e de fato ele bateu seleção brasileira".

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