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Sylvinho minimiza vaias na Arena e revela cuidado com Gabriel após críticas

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

21/11/2021 20h08

A vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre o Santos foi antecedida por um momento de críticas a Sylvinho. A torcida presente na Neo Química Arena vaiou o treinador quando seu nome foi citado na escalação oficial. Depois da partida, ele minimizou o ocorrido e ressaltou o ambiente da equipe, que ele considera "extremamente positivo".

"A minha preocupação maior e única é trabalhar, me dedicar. São 10, 12 horas diárias no CT com muita alegria, alinhado com toda as áreas do clube, apoiado pelo presidente, pela diretoria, também pelos atletas, com entrevistas que estão saindo hoje do trabalho de dentro do grupo. Ele não é meu, é de uma comissão. Tem o Fernando [Lázaro] comigo, o Doriva, o Alex. Nós temos toda uma diretoria, um estafe. Nosso ambiente interno é extremamente positivo, é muito bom e os atletas têm ecoado em suas entrevistas aquilo que temos vivido", disse Sylvinho.

Além do treinador, outro que tem convivido com críticas é o volante Gabriel. Ele ficou marcado pelas bolas entre as pernas que levou nas partidas contra Atlético-MG e Flamengo, ambas com atuações ruins do Corinthians. No jogo de hoje, ele se destacou defensivamente e marcou o segundo gol da partida.

Questionado sobre o momento de Gabriel, Sylvinho afirmou ter tido um trabalho depois do jogo do Flamengo para recuperar o volante das críticas.

"É um atleta que se doa. Eu entendo ele, ele ficou chateado, ficou triste, mas nós convivemos com isso, o atleta sabe, assim como nós. Somos profissionais, temos que conviver com algumas críticas. Inclusive já falamos de algumas críticas há um tempo quando foi me perguntado qual é o limite da crítica. Todos nós seres humanos conhecemos e sabemos o limite da crítica. Nós estamos aqui, somos vidraças e vamos continuar trabalhando. Mas satisfeito e muito feliz pelo trabalho do Gabriel, pela escolha nossa como comissão, todos os membros ali que apoiaram e, logo depois, no comecinho da semana nós já estávamos abraçados, incentivando, trabalhando esse atleta a nível humano para ele estar em campo muito bem", prosseguiu.

A vitória sobre o Santos colocou o Corinthians no G-4 do Brasileirão. A posição é importante porque garante uma vaga direta na fase de grupos da próxima Libertadores. "Entrar em um G-4 nesse momento, do qual há cinco meses era impensável é trabalho, é o trabalho do grupo, o nosso trabalho, a dedicação, o suor. E nós estamos fazendo. Isso não acabou, isso vai até 9 de dezembro, na última rodada, do qual todos estão buscando objetivos e os jogos vão ficar ainda mais difíceis", completou Sylvinho.

O Corinthians volta a campo na próxima quinta-feira (25), às 20h (de Brasília), quando enfrenta o Ceará, fora de casa, pela 35ª rodada do Brasileirão.

Confira outras declarações de Sylvinho na entrevista coletiva:

Desempenho melhor do que contra o Flamengo

Nós fizemos um grande jogo, mas cada jogo é um jogo e cada jogo tem uma história. Cada jogo é disputado em um estádio, são muitas diferenças. Fizemos um bom jogo, um clássico é sempre muito difícil, controlamos praticamente parte inteira do jogo, tivemos boa performance, bom desempenho em todas as áreas do campo e merecemos um resultado positivo como tivemos. Foi um grande trabalho do vestiário, um grande trabalho do grupo, merecedor da vitória desse clássico.

Como passou a semana após os ataques aos filhos?

Eu sou um profissional do futebol e como atleta tive 15 anos. Sabemos que somos pessoas públicas e estamos absolutamente acostumados com todo tipo de crítica e não há nenhum problema. Existe o Sylvio profissional e esse Sylvio profissional se preocupa absolutamente em trabalhar 12 horas por dia no CT, muito bem alinhados com a diretoria, com os atletas, com a presidência, com o estafe.

Nossa preparação foi absolutamente normal, boa. E a prova dela foi o resultado final em campo. Um grande jogo, um grande desempenho e uma vitória absolutamente merecida.

Fazer esse time mudar de postura fora de casa é o grande desafio?

Cada jogo é um jogo, cada jogo tem uma história. O futebol tem uma complexidade maravilhosa e cada jogo se apresenta de uma forma completamente diferente muitas vezes daquilo que a gente prevê, pensa e enfim... as variáveis que tem um jogo de 90 minutos de futebol.

Nós começamos um primeiro turno com um time que vencia fora de casa e não conseguia resultados dentro de casa. Então a crítica, as observações e as narrativas que se construíam era que o Corinthians em casa não construía.

O campeonato é muito difícil, ele é longo e nós fomos mudando ao longo dessas semanas. E o time está crescendo, está construindo e está crescendo. Estamos em uma posição no G4, do qual faz muito tempo que o clube não está. Grande trabalho que o vestiário está fazendo. Todos muito alinhados, suando e se dedicando muito. Estamos felizes nesse momento. Sempre há margem de melhora, mas cada jogo se mostra de uma forma e de uma maneira. Óbvio que trabalhamos para ganhar fora também. Acredito que apenas no segundo turno temos um desempenho entre os cinco melhores clubes. Para nós, o campeonato é um todo, fora e dentro de casa. Teoricamente, os jogos fora de casa são mais difíceis e o campeonato vai ficando mais difícil conforme as rodadas vão terminando e os objetivos são ou não alcançados. Então os jogos têm componentes ainda mais difíceis, mais complicados, tensos, mas o nosso trabalho é estar melhorando.

Mais sobre Gabriel

Parte da função é tática, física, condicionamento, mas ele é humana, é muito humana. Eu aposto por grupo, aposto por homens, nós buscamos aqui almas, vidas do qual se entregam. E o Gabriel se entrega. Às vezes eu fico chateado quando vejo críticas pesadas a um atleta de uma entrega como a do Gabriel. Todos os atletas têm limitações: ou físicas, ou técnicas, ou táticas. E o Gabriel é um atleta que se doa demais. Nessa construção nossa ele jogou todo o primeiro turno em uma linha um pouco à frente. O Cantillo era esse titular e ele estava do lado nesse tripé.

Já no segundo turno houve algumas mudanças, ele veio jogar um pouco mais atrás, onde também é a função dele. Ele ajuda muito, ele tem o respeito dos companheiros e nosso dentro do vestiário.

Feliz pelo resultado, pelo desempenho de todos e pelo gol do Gabriel. Parabéns, Gabriel.

Jô como titular

O Jô é um atleta corretíssimo, que está absolutamente integrado, comprometido com o trabalho, com o grupo e pronto para nos ajudar, como tem nos ajudado. Ele nos dá essa característica do 9. Agora, em decorrência de muitos jogos, em decorrência de problemas que possam ocorrer e nós não podemos utilizá-lo, temos que buscar no elenco.

Eu vejo de uma forma absolutamente natural, como vejo em tantos outros clubes. Admiro a surpresa. Quando um atleta não pode fazer 38 jogos ou ele tem um problema, você tem que buscar alternativa. Enquanto o Jô estiver jogando e as coisas fluindo, ótimo, mas com um campeonato duro como esse, em um curto espaço de tempo, você tem que buscar alternativas.

Quais elementos fizeram o Corinthians ser superior?

Nós fomos superiores ao nosso adversário, um grande adversário, em um clássico, um jogo difícil e também dificultou porque as rodadas estão diminuindo, os pontos estão aí colocados e todos estão buscando seus objetivos. Faltando quatro jogos era muito importante - essencial - uma vitória para continuar pontuando.

Todos os setores funcionaram bem, eu fico feliz com a organização do time. Nós mostramos ao longo desse período um time organizado, uma defesa muito bem postada, um meio de campo que protege bem, os atacantes com funções defensivas, ao contrário também tem ocorrido. Potencializado o time com a posse de bola ou a passagem de um lateral, o Fagner passou bastante, o Fábio também aproveitou. O jogo nos propiciava essa situação, a retenção do Jô.

Algo que fizemos muito bem foi ter paciência em casa porque o gol demorou a sair. Isso quando ocorre você começa a acelerar demais, começa a perder bolas na construção e isso gera contra-ataque, gera falta de confiança e você começa a se perder no jogo. Não ocorreu. Nós falamos isso no intervalo, os atletas entenderam perfeitamente e continuaram a atacar com muito equilíbrio, com muita organização ao ponto de fazer o gol, fazer um segundo e poder continuar e se mostrar superior durante os 90 minutos.

Qual a nota que você dá para o seu comando à frente do Corinthians?

Eu não tenho essa pretensão de dar nota para o nosso trabalho. Estamos em meio à disputas importantes, faltam quatro jogos, vai ser muito difícil, não vai ser fácil, vamos ter que continuar trabalhando muito, suando muito.

Estou contente por uma organização do time. Faz muito tempo que o clube não entra no G-4. É uma camisa forte, pesada, eu conheço muito a estrutura desse clube, joguei por ele, tenho títulos por ele, tenho um número expressivo de jogos com essa camisa, então conheço todos os setores do clube. É um clube enorme, maravilhoso. Estamos felizes até aqui com tudo que tem ocorrido, com a resposta do vestiário, com a resposta e as entrevistas que os atletas têm dado porque eles se sentem bem, estão felizes com a lealdade, com a dinâmica, com o trabalho e com a qualidade desse trabalho.

Dava para ter poupado mais o Giuliano para evitar o desgaste?

Nós somos um clube muito estruturado, tem vários departamentos. Então os atletas entram em campo aptos a jogar futebol. Estamos alinhados com todas as áreas. Eu não digo que passamos 12 horas no clube à toda, passamos porque tem muita coisa para alinhar. É muito trabalho, muita dedicação e assim tem que ser feito na minha visão.

Quando um atleta entra em campo, ele está apto. Nós temos ao longo dos meses poucas lesões e isso é mérito do clube, da estrutura do clube, da forma como está sendo tratado e como temos executado o trabalho.

Óbvio que queríamos ter zero lesões, mas não existe. Risco zero não existe, é uma mentira. A partir do momento em que um atleta entra em um treinamento, ele está correndo o risco de lesão. É um atleta profissional de alta performance, isso pode ocorrer. O nosso índice, o nosso percentual de lesões é baixo em decorrência do bom trabalho que temos feito.

Atuação do Du Queiroz

O Du Queiroz é um atleta que eu gosto bastante, tem uma trajetória de base e do começo como profissional na lateral. O Du Queiroz tem base como lateral, ele tem todos os conceitos defensivos muito claros. E é um atleta que tem características de meio-campo que também fez parte da base, ele pode atuar. Feliz por ele também, assim como tantos outros. A estrutura do time que funcionou muito bem.

Vaga no G-4

Entrar em um G-4 é importante, é muito difícil, nós estamos percorrendo um campeonato inteiro. A expectativa de meses atrás não tem nada a ver com essa atualidade, que é muito mais positiva do que quando nós chegamos. O grupo tem trabalhado muito sério. Não vai ser fácil, tem três ou quatro clubes importantes, com camisas pesadas, que vão disputar essas vagas. Era essencial essa vitória hoje para nos manter.

Feliz no momento por um G-4, porque é um suor, uma dedicação de todos nós que estamos suando muito. Faltam quatro jogos.

Dificuldade para manter o poderio ofensivo

Isso ocorre em alguns jogos. Uma partida de futebol tem um adversário, esse adversário enquanto você ataca, ele continua ali se defendo porque as coisas para ele estaria funcionando. A partir do momento que você faz um gol, aquele adversário resolve atacar, querer mais a bola. Tem substituições que são feitas, utilizadas e a partir daí muda o cenário.

A dificuldade de um jogo de futebol, a complexidade é essa. A partir daí você tem que voltar. Houve uns 10 minutos que ficamos recuados, mas não porque nós queremos, mas porque o adversário te coloca em uma situação mais difícil e você tem que reprogramar e a partir daí tomar as rédeas. Foi o que aconteceu.

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