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Antony e Raphinha mostram personalidade e aceleram renovação da seleção

Atacantes se abraçam durante jogo da seleção brasileira pelas Eliminatórias: ambos estrearam neste mês - Lucas Figueiredo/CBF
Atacantes se abraçam durante jogo da seleção brasileira pelas Eliminatórias: ambos estrearam neste mês Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

11/10/2021 04h00

Não será um choque se a seleção brasileira começar jogando com Antony ou Raphinha de titular na próxima quinta-feira (14), contra o Uruguai, pela 12ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar. Os dois atacantes vivem apenas seus primeiros dias com a Amarelinha, mas acumularam minutos jogados em duas partidas, bons desempenhos e elogios, o que promete acelerar a entrada de um deles na equipe.

Tite não é um treinador do perfil que se impressiona fácil e mexe no time ao sabor de boas atuações pontuais de um ou outro jogador e cobranças para mudar. Mesmo assim, admite publicamente que a seleção vive um momento de renovação de nomes e alternativas de jogo e nos bastidores mostra que está surpreso positivamente com os primeiros passos da dupla de atacantes de 21 e 24 anos de idade.

Antony é observado pela comissão técnica da seleção brasileira desde que atuava pelo São Paulo. A rápida adaptação ao futebol europeu somada ao bom desempenho nos Jogos Olímpicos de Tóquio e relatórios positivos do técnico André Jardine renderam a convocação para os jogos contra Venezuela, Colômbia e Uruguai — sua primeira para a seleção principal.

Antony - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Antony arma jogada da seleção brasileira diante da marcação de Sinisterra, da Colômbia
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Contra a Venezuela ele começou no banco e substituiu Gabriel Jesus aos 31 minutos do segundo tempo. Fez um gol já nos acréscimos, aos 50, após lance criado pelos também jovens Emerson e Raphinha. Já diante da Colômbia sua entrada ocorreu ainda mais cedo, aos 25 minutos da etapa final, de novo na vaga de Jesus. Não teve gol, mas sim uma das melhores chances de novo com passe de Raphinha que foi defendida por Ospina.

Já Raphinha tinha sido convocado para a seleção na janela anterior, em setembro, mas não se apresentou por causa da proibição dos times da Inglaterra. Ele foi novamente lembrado em outubro e participou dos dois jogos.

Raphinha - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Raphinha tenta jogada diante de marcação tripla da Colômbia em jogo do Brasil
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

No primeiro, entrou na vaga de Everton Ribeiro no intervalo e contribuiu com duas assistências, uma para Marquinhos e outra para Antony na vitória de virada por 3 a 1. Contra a Colômbia a entrada ocorreu aos 15 minutos do segundo tempo no lugar de Gabigol, e Tite se deparou com uma nova atuação de qualidade. Ele teve uma boa chance e deu passe para Antony em outra nos momentos de pressão do Brasil.

Líder do elenco, o zagueiro Thiago Silva lamentou que as bolas dos jovens não tenham entrado. "Se tivéssemos conseguido vencer estaríamos falando mais deles [Antony e Raphinha]", disse o zagueiro, que ainda elogiou a personalidade dos garotos:

Os meninos mostraram uma qualidade que dificilmente nesses mais de dez anos de seleção brasileira eu vi esse nível de atuação [de estreantes]. É muito legal de ver Raphinha e Antony mostrando personalidade. Em questão de entrosamento falta um pouco, mas o individual está de alto nível. É isso que o homem [Tite] quer, isso que o homem pede."

O bom desempenho da dupla de atacantes paralelamente à oscilação de desempenho de Gabriel Jesus, que não marca pela seleção desde a final da Copa América de 2019, e à dificuldade de Gabigol para se adaptar ao sistema de jogo de Tite são fatores que podem acelerar a entrada de algum deles no time titular.

"Acelerar" parece mesmo a palavra mais justa neste momento, porque Tite não quer tratar a dupla como solução de problemas ou entregar mais responsabilidade do que já têm naturalmente como novatos na seleção. Ao mesmo tempo, Antony e Raphinha já ultrapassaram Vini Júnior na preferência do treinador neste jogo contra a Colômbia — o jogador do Real Madrid nem sequer foi relacionado —, o que mostra a velocidade da renovação.

O técnico entende que a oscilação dos jogadores mais experientes é natural dentro de um contexto em que novidades estão ganhando espaço e novas formas de jogar são testadas.

Tite - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite durante Colômbia x Brasil pelas Eliminatórias; empate em 0 a 0 encerrou campanha perfeita
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Nestes dois jogos, por exemplo, a seleção variou esquemas táticos ora com dois e ora com três atacantes e testou uma saída da defesa com três jogadores que tinha Danilo posicionado como zagueiro, além de observar novas peças para além de Antony e Raphinha, como Guilherme Arana e Emerson. Ontem, ele pediu até "um pouquinho de calma" ao torcedor neste momento de ajustes e criação de alternativas.

O Brasil tem nove vitórias e um empate em seus primeiros dez jogos nas Eliminatórias e a classificação quase garantida para a Copa do Qatar permite que esta fase seja de "estruturação", como define Tite. Os dois atacantes estão no grupo de jogadores que o treinador vê que estão "emergindo e se consolidando" para que num momento futuro sejam alternativas já com foco na Copa do Mundo.

Tite comanda um treino hoje (11), às 17h, no Estádio da Colina, em Manaus.