Campeão no PSV, brasileiro virou lateral por acaso e hoje sonha com seleção
O título do PSV no Campeonato Holandês, conquistado neste domingo (5), após a vitória por 4 a 2 sobre o Sparta Rotterdam, colocou fim a uma espera de seis anos no clube. Para o brasileiro Mauro Júnior, de 24 anos, a conquista foi especial.
O lateral-esquerdo já havia sido campeão na temporada 2017/18. Mas, desta vez, ele tem ainda mais motivos para celebrar: conquistou a taça como titular na reta final da campanha e depois de ser eleito o melhor em sua posição no mês de abril. O título consolida Mauro Júnior em uma função na qual, há três anos, ele nunca havia atuado.
"Eu sempre joguei como meia. Daí, num treino, o lateral-esquerdo reserva estava machucado. Nosso técnico era o Roger Schmidt, que hoje está no Benfica. Ele perguntou se eu podia treinar como lateral. Treinei e fui bem, fiquei super confortável na posição", lembra Mauro Júnior em entrevista ao UOL.
O que era pra ser um improviso de treino não demorou para virar estratégia de jogo. Mauro, um meio-campista consolidado nas categorias de base, com passagens pela seleção brasileira sub-17, sub-20 e olímpica, não gostou muito no começo.
"Fiquei meio confuso, meio bravo na época. Mas como eu não estava jogando como meia, poderia ser uma chance de ter alguns minutos em campo. Pouco depois, nosso lateral titular pegou covid e ficou três semanas fora. Entrei na lateral, joguei bem e fiquei no time. Ali eu percebi que poderia dar certo, porque naquela temporada eu pude atingir um nível que eu não imaginaria que eu atingiria de meia", conta o hoje lateral.
Lesões e versatilidade
A trajetória do brasileiro no PSV acabou sendo interrompida por três lesões graves. A pior delas foi em março do ano passado e afastou o jogador por oito meses. No retorno, ele teve de recuperar a forma física e o lugar no time.
A falta de espaço na lateral acabou abrindo caminho para a volta ao meio-campo, ora como volante, ora como meia. Na campanha histórica do PSV — o time venceu todos os jogos do primeiro turno e só perdeu uma vez em 32 rodadas —, Mauro foi volante, ala-esquerda, ponta-esquerda e meia.
A lesão de Sergiño Dest na reta final da temporada voltou a abrir uma oportunidade para o brasileiro ser o dono absoluto da lateral-esquerda. Com dois jogos pela frente na Liga Holandesa, e apesar da lesão grave que o tirou da primeira metade do campeonato, Mauro soma 19 partidas, com um gol marcado.
Chance na seleção
A campanha história do PSV na Eredivisie e a classificação às oitavas de final da Champions League, somadas ao bom desempenho na lateral-esquerda, fazem Mauro Júnior sonhar com um retorno à seleção brasileira.
"Eu me vejo vestindo uma camisa da seleção na lateral-esquerda, sim. E, ainda mais, nesse nível que a gente está jogando Champions League, eu acho que pode ser uma grande oportunidade para vestir a camisa da seleção", afirma.
A última vez que ele vestiu a camisa amarela foi em novembro de 2020, em amistoso da seleção olímpica contra o Egito.
Na época, Mauro Júnior estava no grupo que André Jardine testava para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas uma lesão no joelho, em fevereiro de 2021, acabou afastando o então meia das futuras convocações. Afastado por quatro meses, ele perdeu a reta final de preparação e ficou fora do grupo que conquistou o segundo ouro olímpico.
Atualmente, a lateral-esquerda é uma das posições mais carentes do futebol brasileiro. Em sua primeira convocação, para os amistosos contra Inglaterra e Espanha, o técnico Dorival Júnior chamou Wendel, do Porto, e Ayrton Lucas, do Flamengo; na Copa do Mundo de 2022, o então treinador Tite chamou Alex Sandro e Alex Telles; Renan Lodi (Al Hilal), Carlos Augusto (Internazionale) e Guilherme Arana (Atlético) também foram convocados nos últimos anos.
Reportagem
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