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Tite cobra jogos contra europeus; intervalo menor entre Copas pode resolver

Ciclo para a Copa do Mundo do Qatar sob o comando de Tite tem 38 jogos e só um contra adversário europeu - Lucas Figueiredo/CBF
Ciclo para a Copa do Mundo do Qatar sob o comando de Tite tem 38 jogos e só um contra adversário europeu Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

09/10/2021 15h19

Tite voltou a cobrar jogos da seleção brasileira contra equipes da Europa neste ciclo de preparação para a Copa do Mundo do Qatar. De 38 partidas realizadas desde o último Mundial, na Rússia, só uma foi contra um adversário do continente mais poderoso e campeão das quatro últimas edições. O treinador espera soluções emergenciais, mas sinalizou que a redução no intervalo entre Copas pode ser uma resposta futura para o problema.

"Eu vejo importante esse intercâmbio, [o Brasil] tem que jogar contra Espanha e Itália, ter novos jogos contra a Inglaterra. Precisa, sim. Mas não depende só da gente. Eu não tenho solução para isso, mas gostaria, sim. Poderia ser menos anos [de intervalo] da Copa do Mundo, dois, três, talvez. Não tenho essa profundidade, mas esse intercâmbio precisa ser melhorado", comentou.

Desde a Copa do Mundo da Rússia, o único adversário europeu do Brasil foi a República Tcheca, em março de 2019: vitória por 3 a 1, gols de Gabriel Jesus (duas vezes) e Roberto Firmino. A Copa do Qatar começa em novembro de 2022 e por enquanto não existe confirmação de europeu na agenda.

Na Europa existe um calendário feito para que as seleções da Uefa se enfrentem constantemente. Liga das Nações, fase classificatória para a Eurocopa, a própria Eurocopa, além das Eliminatórias para a Copa do Mundo. O atraso que a pandemia causou no cronograma de jogos das seleções sul-americanas piorou o cenário e tirou as brechas para amistosos. Como mostrou o UOL, Tite é uma espécie de líder dos técnicos locais e já cobrou diretamente Arsène Wenger, chefe de desenvolvimento global do futebol da Fifa, por uma reflexão sobre o calendário.

Apesar do ativismo na causa do calendário, Tite também tenta mostrar em suas declarações públicas que os desafios contra seleções sul-americanas também têm peso na preparação para a próxima Copa do Mundo.

Nós estamos tendo essa busca de uma solução melhor em termos de calendários e oportunidades de jogos enfrentando europeus, com intercâmbio maior. Sem desprezar, menosprezar ou hiperdimensionar uma situação, mas eu li uma entrevista do Mourinho [treinador português], e brinco com o Fábio Mahseredjian [preparador físico da seleção brasileira] que aqui a gente não joga contra a Armênia. A gente não joga contra equipes que... Pô, aqui todas têm um grande nível de dificuldade, a maioria dos jogadores da Venezuela joga fora do país."

A Fifa conduz atualmente uma proposta que visa reduzir o intervalo entre as Copas do Mundo de quatro para dois anos. Por enquanto a CAF, a confederação africana, já sinalizou que pode apoiar em bloco a ideia caso ela entre na pauta de um congresso futuro — assim, já seriam garantidos assim 56 dos 211 votos possíveis. A mudança ocorreria após a Copa de 2026, que será em Canadá, Estados Unidos e México.

Antes que isso seja discutido, a CBF foca no ciclo para a Copa de 2022, no Qatar. Além das datas previstas para as Eliminatórias em janeiro e março, a seleção terá duas datas Fifa em maio e setembro do ano que vem para tentar enfrentar europeus. São as últimas janelas antes da convocação para a Copa do Mundo.