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Eliminatórias Sul-Americanas

Tite vê leque aumentar, mas setor criativo da seleção ainda é tormento

Tite, técnico da seleção brasileira, durante jogo contra a Venezuela - Lucas Figueiredo/CBF
Tite, técnico da seleção brasileira, durante jogo contra a Venezuela Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/10/2021 04h00

É um paradoxo. As soluções que Tite encontrou nos jogos recentes para o setor ofensivo da seleção parecem se ampliar. Mas sem uma constância de desempenho coletivo e individual, o técnico vê o leque crescer. Embora o Brasil siga vencendo, não há uma solução definitiva para os problemas ofensivos do líder das Eliminatórias, com 100%, por mais absurdo que pareça.

Mas é a realidade. Se fosse no começo de um ciclo de Copa do Mundo, talvez o "problema" parecesse até interessante, pensando em uma renovação ou algo do gênero. Só que a seleção brasileira está a quase um ano da Copa do Mundo, a rodadas de confirmar a classificação matemática para o Qatar e, ainda assim, não há uma formação titular consolidada.

As boas notícias mais recentes foram Raphinha e Antony, que estrearam contra a Venezuela e ajudaram a mudar a rota de uma partida complicada e de pouca inspiração nos primeiros 45 minutos — o Brasil foi para o intervalo perdendo. O ponto que exemplifica os problemas de Tite é que ambos entraram substituindo Everton Ribeiro e Paquetá, que foram boas soluções na data Fifa passada, tanto contra o Chile quanto diante do Peru.

"Tivemos alguns jogadores que tiveram dois trabalhos táticos. Raphinha, Antony, Artur (Cabral). E esses momentos servem para botar na arena! Bota na arena para jogar! Eu estava falando com o Juninho antes, é isso que estamos fazendo", disse o treinador brasileiro, pontuando que a folga em termos de pontuação permite as experiências.

Os jogadores e o técnico saíram de campo valorizando a força do grupo. Mas o Brasil ainda busca um entendimento conjunto sobre o que fazer em campo.

Vinicius Júnior, por exemplo, é outro que faz parte do leque. Depois de uma Copa América como figurante, ele chegou a ser titular diante do Chile, mas foi sacado. Ontem (7), entrou no segundo tempo contra os venezuelanos, mas é mais um que não agarrou seu espaço de forma consistente na seleção — em que pese o bom começo de temporada no Real Madrid.

Uma questão que diferencia as convocações pós-Copa América é que só agora Tite voltou a ter os jogadores que atuam na Inglaterra, como o próprio Raphinha. Isso trouxe Gabriel Jesus de volta à seleção, enquanto Firmino, chamado em setembro, foi preterido em outubro. Richarlison, por sua vez, não foi chamado agora por conta de uma lesão. Na ausência dos ingleses, Gabigol ganhou sequência como titular e Hulk foi chamado depois de cinco anos longe da seleção.

Em setembro, Tite usou também Matheus Cunha, que voltaria em outubro, mas foi cortado por causa de lesão muscular. Leque aberto de novo: Arthur Cabral ganhou uma chance entre os convocados. Malcom foi chamado, mas o Zenit vetou. Se o olhar retroceder até a Copa América, dá para perceber que Éverton Cebolinha é outro jogador de ataque que ficou pelo caminho, por ora.

No meio disso tudo, um Neymar intocável, em uma função de articulação, como há tempos exerce no PSG, e não mais de ponta — isso condiciona a montagem que Tite pensa colocar ao seu redor.

Neymar estava suspenso contra a Venezuela e voltará a ficar à disposição diante da Colômbia. O que Tite precisa decidir agora é como desenhar o time a seu redor. A variação mais recente passa do 4-4-2, com articuladores como Paquetá e Éverton Ribeiro, com migração para ponteiros mais incisivos, afeitos ao drible e a jogadas de velocidade. Resta ver qual fórmula vai prevalecer e se ela ainda estará em pé em novembro, na próxima convocação.