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Santos inicia transformação para modelo de Carille por reação no Brasileiro

Carille muda sistema de jogo para fazer o Santos escapar das últimas posições - Fernanda Luz/AGIF
Carille muda sistema de jogo para fazer o Santos escapar das últimas posições Imagem: Fernanda Luz/AGIF

Do UOL, em São Paulo

25/09/2021 04h00

O sistema tático não é a única mudança no Santos sob o comando de Fábio Carille. As características do time alvinegro estão em ritmo acelerado de transformação pelo que se viu nas três partidas disputadas com a nova gestão. De um time que fazia questão de controlar a posse de bola e o ritmo dos confrontos, no tradicional modelo de Fernando Diniz, o Peixe já passou a trabalhar com menos domínio territorial.

Os dados que mais chamam a atenção são referentes ao controle da posse de bola. Sob o "fator Diniz", o Santos tinha média de quase 60% de domínio. Já em sua última partida, contra o Ceará, o Peixe teve 52%. Esses números sofreram uma deflação considerando até mesmo os primeiros dois jogos com Carille no banco de reservas.

A estreia de Carille, inclusive, ainda mostrava um time bastante viciado ao modelo de jogo de Diniz. Com um time que ainda povoava vários jogadores em volta da bola focados em um lado do campo, foram 64,2% de posse de bola no empate por 0 a 0 com o Bahia na Vila Belmiro. O que se viu foi um time com muitos passes trocados (522, sendo 481 certos), exagero nos cruzamentos (30) e poucas finalizações (9, sendo apenas uma certa). Nesse confronto, o Peixe passou todo o primeiro tempo sem um único chute a gol.

Três dias depois, na derrota por 1 a 0 contra o Athletico-PR na Copa do Brasil, o índice de posse de bola já caiu para 56%. Mas ao contrário do que se esperava, o Santos foi mais incisivo em seu campo ofensivo. Precisando ganhar para pelo menos forçar a decisão por pênaltis, arriscou 20 finalizações, sendo oito em direção ao gol. A média dos times no Brasil é de 12. A do Santos é de 13 no Brasileirão e de 15 na Copa do Brasil.

A transformação mais brusca aconteceu no fim de semana passada, quando, segundo Carille, o Santos teve uma evolução no empate sem gols com o Ceará na Arena Castelão. A menor posse de bola, contudo, foi o único número que colocou o time longe do modelo implementado anteriormente por Diniz. O Peixe arriscou oito finalizações a gol e errou sete, inclusive uma cobrança de pênalti de Marinho.

Outros números ainda seguiram destoando de um time que ainda almeja voos mais altos dentro do Brasileirão. Foram apenas cinco desarmes, o que colide inclusive com o estilo de Carille, conhecido tradicionalmente por ser um treinador que gosta de reforçar o sistema defensivo.

Se a mudança de comportamento contra o Ceará já foi notória, espera-se agora a criação de um novo padrão tático no Santos para a partida contra o Juventude, amanhã (25), às 16 horas, no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul (RS). Carille vai manter o trio de zaga formado por Danilo Boza, Velázquez e Wagner Palha. Como Carlos Sánchez volta ao time depois de ser preservado da viagem a Fortaleza, o Peixe terá apenas dois atacantes de ofício —Marinho e Léo Baptistão. Nesse caso, Marcos Guilherme vai para a reserva.

O Santos espera que um novo padrão tático possa ajudar a eliminar ou diminuir consideravelmente os erros que têm atrapalhado seu desempenho na articulação de jogadas e, por consequência, no ataque.

Contra o Ceará, foram 28 lançamentos realizados e apenas três com perfeição, o que representa aproveitamento de 10,7%. Na fase pré-Carille, a média do time era de 24 lançamentos e oito acertos (34,3%). Diante do Bahia, o Peixe tentou 33 lançamentos e acertou apenas oito (24,2%). Em relação aos cruzamentos, foram 30 tentativas e somente duas concluídas com sucesso.

Sem vencer há seis partidas no Brasileirão -quatro empates e duas derrotas-, o Santos começa a 22ª rodada e 14º lugar, com 24 pontos. O Juventude, que é seu próximo rival, é o time que abre a zona de rebaixamento, com apenas um ponto a menos. Bahia e América-MG são outros times com 23 pontos. Além desse jejum na competição nacional, o Peixe não sabe o que é ganhar há nove partidas. Nesse cálculo ainda entram duas derrotas na Copa do Brasil para o Athletico-PR e uma para o Libetad-PAR na Copa Sul-Americana.