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ANÁLISE

Mauro: "Criou-se falsa narrativa de que tudo mudou com Renato no Flamengo"

Do UOL, em São Paulo

05/08/2021 04h00

A torcida do Flamengo está empolgada com a fase do time. Após a chegada de Renato Gaúcho, o time ganhou as seis partidas que disputou e acumula goleadas. Há até comparações com a equipe de 2019, comandada por Jorge Jesus e que ficou marcada pela qualidade de jogo e força ofensiva. Mas até que ponto a euforia em torno de Renato é válida?

No Fim de Papo, live pós-rodada do UOL Esporte - com os jornalistas Vinícius Mesquita, Mauro Cezar Pereira, Marluci Martins e Maria Victoria Poli - Mauro falou sobre a euforia da torcida em torno do rendimento da equipe sob o comando de Renato Gaúcho. O colunista preferiu um tom mais cauteloso ao analisar o atual momento do rubro-negro.

Mauro destacou um problema que Renato Gaúcho ainda vai enfrentar: os desfalques por convocações de seleções. "O Flamengo estava jogando sem metade do time ou mais. Ficou mais de um mês mutilado pela dona CBF e seu calendário. E vai ficar de novo, ao que tudo indica, em setembro e outubro, com mais datas Fifa. Há uma diferença entre as convocações numerosas do Atlético-MG para as do Flamengo. O Atlético-MG perde cinco jogadores, mas não perde Nacho ou Hulk. O Flamengo perde Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabigol... São jogadores fundamentais e isso descaracteriza por completo o time", comentou.

Com as seguidas vitórias e goleadas, não demorou para haver críticas a Rogério Ceni - a principal delas questiona como, com os mesmos jogadores, a equipe não apresentava o mesmo rendimento sob o comando do ex-goleiro. Para Mauro, Renato pegou o elenco em uma situação diferente e Ceni ainda tinha contra si sua personalidade forte.

"O Renato, que é um cara de muita sorte, quando volta encontra todos os jogadores à disposição. Chegou a se dar ao luxo de poupar o Isla outro dia por poupar e colocou o Matheuzinho. Isso já muda por completo. O Rogério já tinha um desgaste interno, que vai acontecer com qualquer profissional que não seja boa praça, amigão, que não seja capaz de compor em um ambiente do futebol, pouco profissional e de muita 'brodagem'", observou.

Para Mauro, o Flamengo também fez boas exibições com Rogério como treinador. "Existem situações com as quais o Renato consegue lidar que talvez o Rogério não consiga. Além disso, houve uma forte campanha contra o Ceni nas redes sociais, talvez por uma antipatia por ser ídolo de um grande clube como o São Paulo. O Flamengo fez ótimos jogos com o Ceni nesse ano", disse o colunista, citando as partidas pela Libertadores contra Vélez Sarsfield e LDU.

A 'prova de fogo' para o trabalho de Renato não deve demorar tanto para chegar, como disse Mauro. As datas Fifa, nas quais os clubes são obrigados a liberar seus jogadores convocados para suas respectivas seleções, devem causar vários desfalques ao Flamengo. Lidar com estas baixas será o grande desafio treinador, e a melhor oportunidade para avaliar seu trabalho.

"A gente vai ter uma ideia mais clara do que vai acontecer com o Flamengo quando chegar a uma data Fifa e perder muitos jogadores. Aí você vai ter um paralelo. O Flamengo viveu um período terrível, e há essa obsessão de parte da torcida por perseguir o ex-técnico e enaltecer o Renato. Cria-se uma falsa narrativa de que o Renato chegou e tudo mudou. Ele fez alguns ajustes finos no time. O Renato não encontrou terra arrasada. O time tinha problemas, deu uma ajustada e é o que precisava fazer", concluiu o colunista.