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Ramiro se prepara para 'bolha' no Corinthians e distanciamento do filho

Pai do pequeno Romeo, Ramiro se prepara para iniciar o protocolo da "bolha" no Corinthians e ficar longe do filho  - Reprodução/ Instagram
Pai do pequeno Romeo, Ramiro se prepara para iniciar o protocolo da 'bolha' no Corinthians e ficar longe do filho Imagem: Reprodução/ Instagram

Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

10/04/2021 04h00

Neste fim de semana, após longas negociações entre a FPF (Federação Paulista de Futebol) e o poder público, o Campeonato Paulista está de volta. Para que o retorno fosse possível, os clubes assinaram o protocolo e acataram a criação de uma 'bolha' destinada aos atletas e membros da comissão técnica. Volante do Corinthians e pai do pequeno Romeo, de apenas 1 ano, Ramiro se prepara para mais uma vez ficar longe da família.

Na reta final do Paulistão do ano passado, o Corinthians já havia enfrentado a tal da 'bolha' - protocolo responsável pela criação de um ambiente controlado, no qual os jogadores permanecem concentrados no hotel disponibilizado pelo clube, frequentemente testados para a Covid-19, e lhes é vedado o contato com outras pessoas, mesmo os familiares.

"No Corinthians, está todo mundo preparado para que isso aconteça. Nós temos que pensar pelo lado positivo e pensar que, aqui no clube, está todo mundo com saúde e empregado nesse momento tão difícil. Se tiver que fazer a bolha, nós vamos fazer e nos dedicar da mesma forma nos treinamentos e jogos para que a gente colha bons resultados", afirmou Ramiro em entrevista concedida ontem (9) ao UOL Esporte horas antes da FPF oficializar o retorno do Paulistão e as novas regras do protocolo.

De acordo com a tabela divulgada pela Federação, o Corinthians joga no domingo, na terça e na sexta, respectivamente, contra Guarani, Ferroviária e São Bento. Elenco e comissão técnica ficarão isolados para cumprir o protocolo da bolha, mas em relação aos outros itens especificados no documento, a delegação do Timão não sentirá grandes mudanças.

Isto porque, depois do surto de covid-19 no CT Joaquim Grava (inclusive com Ramiro como um dos infectados), o Corinthians tomou medidas rígidas com o seu próprio protocolo. A diretoria reforçou as medidas de proteção, passou a buscar e levar em casa os funcionários que geralmente se deslocam ao clube de transporte público, reduziu o número de pessoas no centro de treinamento e diariamente coleta informações sobre a saúde de quem trabalha no centro de treinamento.

"Começamos a ter um protocolo mais rígido, respeitando o distanciamento. Quando estamos dentro do clube, sempre usamos máscara, procuramos estar sempre protegidos ao usarmos a academia e tem álcool em gel espalhado em todos os lugares. Os profissionais do staff também sempre de máscara e testando frequentemente, assim como os jogadores. É dessa forma que a gente consegue minimizar os efeitos do vírus dentro do clube", explicou o volante do Corinthians.

Cuidados especiais com filho pequeno

Ramiro e família  - Reprodução/Instagram  - Reprodução/Instagram
Primeira festa de aniversário de Romeo, em março deste ano, contou apenas com a presença de seus pais
Imagem: Reprodução/Instagram

Casado com Gabriela Molon, Ramiro é pai do pequeno Romeo, de apenas 1 ano. O filho do jogador nasceu no fim de março do ano passado, em meio à paralisação do Campeonato Paulista da última temporada. Na época, o isolamento social até que contribuiu para que o volante corintiano fosse mais participativo com os preparativos que antecedem o parto e com os cuidados ao bebê em seus primeiros meses de vida.

O contato de Romeo com seus parentes na região sul do Brasil tem sido raro. Na maior parte do tempo, o garoto fica em casa com os pais e quase não tem contato com outras pessoas. A família de Ramiro tem sido cautelosa com a exposição do pequeno a lugares públicos, o que praticamente vetou o contato do garoto com outras crianças.

"Brincamos entre nós que o Romeo é um bebê da pandemia. Infelizmente, ele não tem contato com outras crianças, nós vemos pouca gente e até tentamos aqui no condomínio descer para a área social para ele andar e ver um pouco de movimento. Só que todo mundo mascarado. No começo, ele achava um pouco estranho, mas agora ele não se assusta mais. Acho que no subconsciente, ele entendeu que a máscara é algo normal".

Previamente alertado de que precisaria aderir à 'bolha' e, consequentemente, se distanciar da família, Ramiro se prepara para a maratona de jogos com a camisa do Corinthians. A Romeo restará o contato com a mãe, já que seu pai se ausentará por conta do trabalho como jogador de futebol.

Contato com a covid-19

No dia 2 de março, o Corinthians confirmou um surto de covid-19 no CT Joaquim Grava. Naquela ocasião, 19 pessoas haviam sido infectadas - sendo 11 funcionários e oito jogadores - um deles o próprio Ramiro. Em contato com a reportagem, o atleta relatou os sintomas que sentiu durante a contaminação pelo vírus e a dificuldade em respirar quando, mesmo recuperado, voltou aos treinos no clube.

"Acabamos (referindo-se ao clube) tendo bastante gente que foi contaminada e, na grande maioria delas, com sintomas da doença. O meu caso é um deles: tive dor de cabeça e dor no corpo. Quando eu voltei, tive bastante dificuldade de respiração e até brinquei dizendo que parecia que estava jogando na altitude. Eu senti bastante", relatou o dono da camisa 8 do Corinthians.

Na semana em que recebeu o diagnóstico positivo para a exposição ao vírus, o jogador estava sozinho e pôde permanecer em sua casa, já que a esposa e o filho estavam em Santa Catarina.

"Deu a coincidência de que três dias antes (do diagnóstico) minha esposa tinha ido para Santa Catarina com a minha mãe e a minha irmã. Então, calhou de que eu estava sozinho em casa naquele momento. Elas voltariam naquela semana e acabaram adiando o retorno. Ainda assim, quando voltaram, eu já tinha dez dias de isolamento e fiquei completamente sozinho. Fiquei um dia sem ver meu filho com ele estando aqui em casa, evitando ele. Foi um pouco sofrido, mas por um bem maior. A saúde tem que vir sempre em primeiro lugar", completou o volante, que aguarda a vacina para ter a segurança de visitar a família e viajar com Romeo.

"Estamos agoniados com tudo o que estamos vendo e vivendo. Como família, apenas tentamos respeitar e cumprir as regras ao máximo. Temos visto muito pouco a nossa família (no Sul), a maioria das vezes por vídeo, mas não tem o que fazer. É aguardar a vacina e orar para que as coisas melhorem".

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