Prefeito é acusado de agredir equipe de arbitragem após jogo no Alagoano

Uma confusão chamou atenção dos torcedores após uma partida válida pela 1ª Divisão do Campeonato Alagoano, entre Murici e CEO, no sábado (27). O trio de arbitragem responsável por apitar o jogo registrou um Boletim de Ocorrência no domingo (28) contra Olavo Neto (MDB), prefeito do município de Murici, cidade no interior de Alagoas que leva o mesmo nome da equipe. A alegação: tentativa de agressão e danos ao veículo de um dos profissionais.

Segundo o documento registrado na Central de Flagrantes em Maceió, logo após o jogo, o prefeito, que é primo do governador de Alagoas Renan Filho (MDB), juntamente com os seus assessores, exaltados, teriam cercado o veículo para intimidar os profissionais de arbitragem, além de empurrar os policiais que faziam a escolta da equipe.

Estavam no veículo modelo Ford Ka, o árbitro José Jaini e os assistentes Andrin Freire e Benilson dos Santos, o segundo, proprietário do carro. Diante do clima tenso, os profissionais adentraram rapidamente no veículo, que teria recebido socos e pontapés do prefeito, deixando marcas na lataria, como é possível observar em uma das imagens anexadas ao boletim.

A confusão também foi registrada na súmula da partida. No documento, o árbitro ressalta que "assim que o assistente 2, o Sr. Aldrin Freire entrou no carro, o Sr. Celso Teixeira, treinador da equipe Murici Futebol Clube apareceu e o ameaçou com a seguinte frase: "Você é um palhaço, queria estar sozinho com você que eu sozinho acabava com você".

Logo em seguida o Sr. Olavo Neto, prefeito da cidade de Murici, teria dado um murro no vidro do carro, gesto em direção a Aldrin Freire.

Ainda de acordo com o documento, após isso, o policiamento informou aos profissionais que iria acompanhar o carro da equipe para a mesma sair da cidade em segurança e, ainda assim, "o Sr. Olavo Neto chutou a porta do carro, amassando-a e gerando danos materiais ao Sr. Benilson dos Santos Silva, proprietário do veículo".

Por meio de nota divulgada à imprensa, o Sindicato dos Árbitros de Futebol de Alagoas (SINDAFAL), repudiou as atitudes do prefeito, que definiu como um ato de "fúria e insatisfação" por conta do resultado da partida entre as equipes, no estádio José Gomes da Costa. "Reforçamos aqui o nosso compromisso com o jogo limpo, justo e respeitoso, em benefício do futebol alagoano".

O UOL entrou em contato com a Federação Alagoana de Futebol (FAF), que informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. Olavo Neto, também foi procurado e respondeu as acusações por meio de nota enviada por sua assessoria:

"Sobre os fatos ocorridos durante o jogo do Murici e CEO, esclareço o que segue:

- O desempenho dos árbitros, durante a partida, extrapolaram qualquer nível de competência mínima que se espera desta atividade tão importante para um resultado justo;

- A atuação da arbitragem foi decepcionante em todos os aspectos;

- Este fato ensejou, na minha opinião, e de torcedores e jornalistas presentes, a interferência no resultado;

- O futebol é um esporte que desperta paixões e acaloradas discussões, aqui e em tantos outros lugares onde é praticado;

- Entretanto, nada disso justifica a reação de protesto ao ocorrido e reafirmo que foi um comportamento totalmente atípico para quem me conhece;

- Informo que tomei todas as providências no sentido de sanar eventuais prejuízos

- Para finalizar, não aceitarei a exploração política do episódio, pois, não estava em campo o prefeito de Murici e ,sim, o torcedor apaixonado."

Olavo Neto foi eleito prefeito de Murici em novembro do ano passado, com 52,08% dos votos. Foram 6.791 votos no total. O candidato derrotou Caubi de Freitas, que ficou em segundo lugar com 47,92% (6.248 votos).

O político alagoano tem 34 anos, é casado, tem superior completo e declarou ao Tribunal Superior Eleitoral a ocupação de prefeito. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 2.461.329,00.