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Quais armas e problemas o São Paulo de Crespo mostrou na estreia

Hernán Crespo, técnico do São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Hernán Crespo, técnico do São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Eder Traskini

Do UOL, em Santos (SP)

01/03/2021 04h00

O São Paulo de Hernán Crespo estreou ontem (28) com um empate por 1 a 1 contra o Botafogo-SP, no Morumbi, pelo Campeonato Paulista. O resultado, porém, não revela o domínio do Tricolor paulista durante os 90 minutos da partida, já executando algumas das ideias do treinador argentino.

Crespo montou sua equipe no 3-5-2, formação clássica de seus trabalhos anteriores, e deu muita liberdade para os alas Igor Vinícius e Reinaldo. A intenção, como ele mesmo explicou, era usar todo o campo.

"A ideia é usar toda a amplitude do campo, sobretudo quando somos ofensivos e jogamos contra um rival que decide jogar todo atrás. Então, é necessário dar amplitude ao jogo", disse o técnico em coletiva após o jogo.

De fato, o São Paulo encontrou um adversário que foi ao Morumbi para se defender, o que deve ser recorrente contra os times menores durante o estadual. O Tricolor teve 77% da posse de bola, segundo o segundo o Sofascore, e a maior parte dela foi em seu campo de ataque, já que mesmo a linha de três zagueiros jogava bastante adiantada, quase no meio-campo.

A "amplitude" citada por Crespo foi dada pelos alas da equipe, que tinham sempre Igor Gomes, na direita, e Gabriel Sara, na esquerda, próximos para fazer a tabela e ultrapassagem. Daniel Alves, o terceiro homem de meio-campo, foi o organizador de jogo, com liberdade para flutuar pelo gramado. Esse, de todo modo, foi um primeiro esboço das ideias do argentino, que também afirmou que pode alterar tanto a formação como os titulares jogo a jogo, dependendo do adversário.

Na comparação, Igor Gomes foi bem na parceria com Igor Vinicius, mas por vezes as tramas dos dois acabaram em um passe forte demais ou em cruzamentos errados do lateral —foram 11. Do outro lado, Gabriel Sara esteve tímido na combinação com Reinaldo. O lateral-esquerdo teve boas chances em chutes de fora, mas na maioria das vezes pegando uma bola cruzada da direita que passou por toda a área.

Mesmo com as combinações pelo lado direito funcionando, a criação de chances reais de gol ainda ficou aquém: o Sofascore computou quatro em meio às 17 finalizações que a equipe tentou. O São Paulo abusou dos cruzamentos para a área —48 durante os 90 minutos—, envolvendo pouco sua dupla de ataque no jogo. Dos 11 titulares, Pablo foi quem menos tocou na bola, movimentação que ainda deve ser trabalhada por Crespo.

A saída de bola com três homens na linha defensiva funcionou como controle de jogo. Com os zagueiros atuando bastante adiantados no campo, Bruno Alves e Arboleda só tocaram menos na bola do que Reinaldo e Dani Alves, mas o mesmo não pode ser dito de Léo, que só participou mais da partida do que Pablo entre os titulares, uma vez que o lado esquerdo são-paulino não foi tão operante.

Se participaram bastante do jogo na criação por estarem avançados no campo, o trio de zaga Tricolor sofreu o gol justamente na "fraqueza" desse estilo de jogo: uma ligação direta que fez Marlon sair nas costas de Léo e cruzar para Dudu marcar, no único chute que o Botafogo-SP acertou na direção das redes. O gol causou polêmica, pois o VAR não conseguiu analisar a posição de Marlon.

O São Paulo volta a campo nesta quarta-feira (3), às 17h, para enfrentar a Inter de Limeira, no estádio Major Levy Sobrinho, pela segunda rodada do Paulistão.

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