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Palmeiras: Rony até passou fome. Hoje pode ser o craque da Libertadores

Rony busca o título da Copa Libertadores nesta tarde - Divulgação
Rony busca o título da Copa Libertadores nesta tarde Imagem: Divulgação

Thiago Ferri

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/01/2021 00h07

Rony pode terminar o dia de hoje (30) com o título da Copa Libertadores e o anel de melhor jogador da competição. Um dos quatro finalistas ao prêmio de craque do torneio e peça importante no Palmeiras, o atacante busca a consagração às 17h, na final contra o Santos, no Maracanã.

Contratado por quase R$ 30 milhões do Athletico-PR, Rony ficou primeiro marcado por um início difícil no Palmeiras e a desgastante sequência de 21 partidas sem marcar. Até que conquistou protagonismo na Libertadores, da qual é o jogador com mais participações em gols (12) na atual edição. Agora, quando o atacante olha para trás, tudo isso pode ser relativizado. Sua trajetória até se tornar jogador profissional foi muito mais custosa.

Nascido em Magalhães Barata, cidade com pouco mais de 8 mil habitantes no Pará, o atacante até passou fome em uma infância complicada. "Não se formam grandes homens com facilidades. Todo grande homem foi forjado em situações adversas", afirmou Hércules Júnior, empresário de Rony, ao UOL Esporte.

Hércules é mais do que quem cuida da carreira do camisa 11 alviverde. Os dois trabalham juntos há mais de sete anos, e o empresário é considerado hoje uma figura paterna. O pai biológico se separou da mãe quando o jogador era pequeno, num cenário árduo —a relação entre eles hoje se tornou amistosa, mas não tão próxima como aquela que mantém com o agente.

"Virou uma relação de pai para filho mesmo, eu oriento na parte familiar, financeira, espiritual, pois somos da mesma igreja. Tenho três filhos de sangue e todos se dão bem. Às vezes ele [Rony] até se sobressai [na preferência entre os filhos]", brincou Hércules.

Rony é visto por seus amigos como alguém que gosta de ajudar. Para sua mãe, construiu uma casa no Pará, assim que venceu uma ação na Justiça do Remo; quando estava no Furacão, apareceu em uma noite entregando comida para moradores de rua.

Durante pandemia, foi um dos atletas que deram uniformes e chuteiras autografadas para sortear entre os que doassem alimentos aos que sofreram com as consequências do surto do novo coronavírus pelo país. As duas ações aconteceram na Igreja Universal, da qual o palmeirense faz parte.

"Ele vem voando"

Rony chegou ao Palmeiras depois de passar por Remo, Cruzeiro, Náutico, Albirex Niigata (JAP) e Athletico-PR. Aqueles que conhecem Rony avisam: ele entrará "voando" no jogo de mais tarde, no Maracanã.

O atacante foi preparado para a final: com dores após uma pancada na coxa, perdeu as últimas três partidas do Verdão. Evitando entrevistas e até mesmo conversas mais longas com os amigos antes da final, ele está realmente em esquema de concentração para o jogo.

O foco é ganhar a Libertadores, pela qual foi eleito por quatro vezes o melhor em campo. A relação que ele criou com a maior competição do continente é curiosa: foi por ela que marcou cinco de seus dez gols com a camisa do Palmeiras. Contando as sete assistências que deu, ele participa de 1,2 gol por jogo pela Copa.

Os números já vinham melhorando com o passar do tempo sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, mas Rony cresceu de fato a partir da chegada de Abel Ferreira. A forma como o técnico conversou com ele já no primeiro contato encheu o camisa 11 de confiança, depois de meses em que as coisas não caminhavam bem.

O carinho dado pelo português de imediato serviu para acalmar Rony, que já havia tido seu nervosismo detectado pelo Palmeiras em seus piores momentos pelo clube. Além disso, Abel trabalhou o jogador taticamente, fazendo dele não apenas um velocista, mas até um centroavante, mesmo medindo 1,67m.

"O Rony dá um jogo vertical e ajuda a defender, como o Willian. Eles jogam nas duas posições. O Rony é muito focado, desde que eu cheguei eu vi que ele tem coração aberto para aprender o novo conceito de jogo coletivo. Somos específicos no que pedimos de movimentos para conquistar espaço ou libertar espaços para outros jogadores. Ele tem muita energia, muita garra e tem feito gols importantes e decisivos. E conto com a inspiração dele", avisou o português, ontem.

Fim do jejum virou hit

"Pintou notificação no seu telefone, é gol do Rony". Este verso é parte da música "É gol do Rony", do cantor baiano Marlon Góes, que lançou nas redes sociais e viralizou. Palmeirense e fã do atacante desde a passagem pelo Athletico-PR, ele decidiu lançar a canção depois do primeiro gol do atacante, em setembro. Acabou fazendo sucesso e chegando no atleta.

"Eu fiz um jingle curto, mas ele começou a rodar nos grupos de WhatsApp, fez sucesso e a galera começou a pedir a música completa. Bombou nas redes sociais, eu ainda não tinha contato com o Rony, mas quando a música estourou a gente se aproximou pelo Instagram, agora nos falamos diariamente, ficamos com uma amizade sadia", contou o cantor, ao UOL Esporte.

A torcida de Oséas, campeão em 1999, pode fazer história daqui a algumas horas.

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