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Bruno Henrique luta contra o fuso para ver o Palmeiras na Arábia Saudita

Bruno Henrique, apresentado pelo Al-Ittihad - Divulgação
Bruno Henrique, apresentado pelo Al-Ittihad Imagem: Divulgação

Thiago Ferri

Do UOL, em São Paulo

16/12/2020 12h00

Depois de três anos no Palmeiras, Bruno Henrique agora assiste ao ex-clube de Jidá, cidade onde vive na Arábia Saudita. Há dois meses no Al-Ittihad (SAU), o meio-campista tenta acompanhar a equipe com a qual ainda nutre uma relação de carinho, mas precisa passar pelo fuso horário de seis horas a mais em relação ao Brasil.

"Perdi um pouco do contato (com os jogadores), a gente vem para cá, e pelo fuso também perde um pouco o contato, mas acompanho praticamente todos os jogos. Estou torcendo pelos meninos, sei o empenho que eles fazem pelo clube, o tanto que se dedicam para buscar espaço no clube, o tanto que trabalham. Estão crescendo, às vezes o jogo é às 3h, 4h da manhã e tenho que dormir (risos). Mas tento ver e torcer, por todo o trabalho feito no Palmeiras sendo protagonista, mantendo o Palmeiras forte em todos os campeonatos. Sempre com uma metodologia de trabalho, este ano já foi recompensado de ganhar o Paulista, e com chance de brigar por Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro. Vou torcer para ganhar todos (risos)", contou, ao UOL Esporte.

Capitão na conquista do título brasileiro de 2018 e parte do elenco que venceu o Paulistão de 2020, Bruno deixou o Palmeiras após 175 partidas e 28 gols entre 2017 e 2020. Prestes a ser pai (a filha Liah nasceu ontem), o jogador entendeu que mesmo em meio a este momento importante na família era necessário mudar de ares.

"Eu tenho uma gratidão muito grande pelo Palmeiras, cheguei em 2017, voltando da Itália, tive um começo complicado, com cobranças e depois em 2018 consegui jogar, fazer um excelente ano, com uma adaptação boa, ambiente, oportunidade de ganhar o Brasileiro, foi um momento único. 2019 foi mais conturbado, mas mantive o meu nível, fazendo gols e brigando por todos os campeonatos. 2020 foi mais complicado, tive uma lesão no começo do ano, depois veio a Covid, muito tempo parado", recordou.

"Talvez naquele momento, em que tive a oscilação, não sabia o que ia acontecer, veio a proposta e entendi que depois de três anos no clube, algo difícil em um clube como o Palmeiras, ali chegou o momento em que precisava de outro lugar para jogar. Importante é poder deixar boas impressões, bons números, títulos, ter ganho o Brasileiro, o Paulista, brigando por todos os campeonatos, buscando meu melhor naquilo que meu profissionalismo sempre busca. E deixar meu nome no clube. Consegui isso, saí com uma gratidão e vou levar o Palmeiras sempre com um carinho grande", acrescentou.

Ainda que tenha sido parte importante e um dos líderes dos elencos recentes do Verdão, Bruno conviveu com críticas, especialmente em redes sociais. Apesar disso, o jogador afirma que as cornetas não tiveram relação com a escolha de aceitar a oferta saudita.

"Com a rede social com uma atividade grande de várias pessoas, com alcance gigantesco, uma pessoa dá uma opinião, os outros compram sem ver se a pessoa está jogando mal mesmo, se os números são ruins, para entender o futebol de uma maneira em que vai ter uma autocrítica, não por um jogo ou um mês, dois abaixo do seu rendimento, que é normal no futebol. O fato de ter pesado mais a saída, não pelas críticas, porque a gente convive muito com críticas pesadas, vários jogadores lidam com críticas pesadas, e no Brasil temos de ter entendimento de que isso acontece e levar de uma maneira boa e não deixar influenciar em campo. O fato de ter ficado alguns jogos no banco, não ter tido uma sequência de vários jogos, pesou para mudar de ares", justificou.

"Minha passagem, como acontece com muitos jogadores, demanda tempo para adaptar ao clube, ter paciência com os jogadores. Comigo foi assim, tive cobrança, não fui bem quando cheguei, mas dei a resposta depois. Consegui com minha postura, meu jeito no dia a dia. Espero que o torcedor lembre de mim desta forma, um cara que chegou e talvez no começo não foi muito bem, mas depois trabalhou duro. Espero que tenham esta imagem de mim. Um cara que sempre respeitou o clube", concluiu.

Vida nova e chegada da filha

Já bem adaptado na Arábia Saudita, Bruno Henrique voltou nesta semana ao Brasil para acompanhar Bhel, sua esposa, na reta final da gravidez. Liah, filha do casal, nasceu ontem e o jogador espera conseguir ter a família completa em breve no Oriente Médio.

"É uma cultura diferente, mas fui muito bem recebido, na comissão técnica do (Fabio) Carille (técnico do Al-Ittihad) são todos brasileiros, muitos jogadores brasileiros e até os que não são brasileiros, mas falam português. Ficou mais fácil a adaptação. Estou contente, está sendo bacana, a gente espera ganhar títulos, importantes para o clube", afirmou.

"Graças à tecnologia a gente (Bruno e Bhel) mantém contato diariamente, mas claro que no começo foi uma decisão mais difícil pelo momento, da gravidez, mas ela entende também. A minha profissão a gente nunca sabe o dia de amanhã. Ela entendeu superbem, fizemos o máximo para ficar em contato quase todos os dias", contou.

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