Topo

Zenon: "Ele (Telê) não poderia ser nunca técnico da Democracia Corinthiana"

Do UOL, em São Paulo

18/08/2020 16h21

Integrante do time do Corinthians entre 1982 e 1983, na Democracia Corinthiana, o ex-meio-campista Zenon não esconde seu desgosto pelo técnico Telê Santana, o qual ele se recusa a dizer o nome. Fora da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1982 e 1986, quando considerava que merecia ser convocado, o ex-jogador diz que Telê não se daria bem se tivesse comandado aquele Corinthians com Sócrates e Casagrande, entre outros.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Zenon diz que Telê não gostava dele devido a suas atuações nos confrontos com os times treinados pelo técnico e diz que o discurso do técnico bicampeão mundial com o São Paulo em 1992 e 1993 não daria certo com o elenco corintiano marcado com o engajamento pela redemocratização do Brasil.

"Esse cara não poderia ser nunca técnico da Democracia Corinthiana, porque a gente ia massacrar ele. A gente ia massacrar ele se ele fizesse parte daquele time da Democracia Corinthiana. Esse negócio todo que ele falava pra caramba era porque os caras baixavam a cabeça, com a gente não ia ser assim não, de forma nenhuma", diz Zenon.

"Treinador vinha falar com a gente, a gente 'opa, espera aí, vamos sentar e conversar. Vamos chegar num denominador aqui comum. Era assim que funcionava'. Esse cara não se daria bem na Democracia Corinthiana. Eu nem sei onde ele estava para ter ideia, nos tempos de 1982, 1983, que nós arrebentamos todo mundo, 1984, nem sei", completa.

Durante a Democracia Corinthiana, Zenon diz ter recebido recados para falar menos e que o grupo de jogadores tinha diferentes posições políticas, mas se uniam em defesa da redemocratização durante a ditadura militar.

"Eu era efetivo, eu saía também falando, peito aberto e recebendo recadinho para baixar a bola, para falar menos, ninguém daquele grupo arregou, o grupo todo abraçou aquele projeto Democracia Corinthiana e brigamos por uma redemocratização do país. Cada um tinha a sua ideologia, alguns até tinham aspirações de ser políticos no futuro, como foram", diz o ex-atleta.

Zenon diz que vitória sobre Palmeiras azedaram relação com Telê

Campeão brasileiro pelo Guarani em 1978, Zenon cita como provável motivo pelas diferenças com Telê Santana os confrontos pela Libertadores de 1979, quando o clube campineiro venceu duas vezes o Palmeiras comandado pelo treinador e eliminou o clube paulistano da competição. E desde então a relação nunca foi amistosa com o técnico.

"O que faltou realmente foi a Copa do Mundo para mim, porque eu deveria estar tanto na Copa de 1982 quanto na Copa de 1986, mas como aquele técnico tinha birra de mim, o cara tinha antipatia por mim, porque eu arrebentava com o time dele quando jogava contra ele, então eu matava o time dele. Eu arrebentei com ele na Libertadores, eu eliminei o Palmeiras na Libertadores, eu fiz gol no Morumbi e fiz gol aqui em Campinas", diz Zenon.

"Eu estava na seleção com o falecido Claudio Coutinho e aí o Coutinho saiu e entrou o cara, e o cara me deixou fora do grupo. Eu não vou dizer que eu ia ser titular naquele grupo maravilhoso, excepcional da nossa seleção de 1982, mas eu tinha que fazer parte do grupo. Não cito [o nome de Telê], eu acho ele um pé-frio de seleção brasileira e tinha essa birra comigo. Depois voltei com o irmão do Zico, o Edu. Realizamos três, quatro amistosos, eu fui capitão da seleção brasileira. Aí eu sei que o Edu saiu, vem o cara e assume a seleção brasileira para 1986. E aí ele faz aquele monte de burrada, deixando de levar Renato Gaúcho, que estava arrebentando, Leandro lateral direito", completa.

A relação com Telê abreviou o período de Zenon durante sua passagem no Atlético-MG, quando deixou o clube pouco depois da chegada do treinador, em 1987.

"Infelizmente, a gente se encontrou lá no Atlético-MG, no segundo semestre de 1987 e aí o bicho pegou entre eu e ele, tanto é que três meses depois eu estava vindo embora, eu estava vindo embora, peguei minhas malas, arrumei e vim embora porque ele chegou lá no Atlético-MG. E a gente realmente não tinha jeito, eu era capitão do time, tinha sido bicampeão e ele falou 'você é meu terceiro plano'. Arrumei minha mala e vim embora", conclui.

Os Canalhas: Quando e onde?

O programa Os Canalhas vai ao ar toda terça-feira, às 14h, em transmissão ao vivo, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.