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Andrés Sanchez defende permanência de Tiago Nunes e vê Paulistão ameaçado

andres sanchez - PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
andres sanchez Imagem: PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/04/2020 14h06

Apesar dos 'péssimos' resultados neste início de temporada, Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, defendeu a manutenção do técnico Tiago Nunes. Convidado do Jogo Aberto desta quarta-feira, o dirigente negou qualquer contato do clube com Mano Menezes e pediu mais tempo ao comandante, que assumiu o time este ano.

"Infelizmente, os resultados não chegaram em um mês e meio. Os resultados são péssimos. Tanto no Paulista quanto na Libertadores, foram péssimos, mas não é só culpa dele, é culpa da diretoria, dele, dos jogadores. Agora, não pode ter um culpado. O cara está há dois meses no Corinthians, não tem nem tempo de ver se ele vai ou não vai. Tem que esperar um pouco", falou Andrés, que seguiu:

"Nós contratamos o Tiago, óbvio, pelo trabalho que ele fez no Athletico-PR, e é um treinador com outro estilo de jogo. Eu entendo que o Tiago está fazendo um bom trabalho, mudou o estilo de jogar do time, isso leva tempo, e temos que dar um pouco mais de tempo".

O dirigente ainda negou ter procurado o técnico Mano Menezes, conforme revelou o blog do Juca Kfouri no UOL.

"Nós nunca ligamos para o Mano, nunca liguei para o Mano. O Tiago é nosso treinador e continuará sendo", garantiu Sanchez.

Já sobre "cartilha" de Tiago Nunes, o presidente afirmou que o treinador pediu apenas para os atletas realizarem as refeições juntos:

"A única coisa que o Tiago pediu foi: almocem todos juntos e jantem todos juntos na concentração. Mais nada. O resto, tudo que tinha, já era do clube. O Tiago não fez cartilha nenhuma".

Em relação à eliminação na fase preliminar da Libertadores, para o Guaraní, do Paraguai, o presidente lamentou a perda de receitas, mas afirmou que resultados ruins fazem parte do futebol.

"Lógico que foi uma decepção ter saído fora da Libertadores, mas, infelizmente, no futebol, se ganha e se perde. Tem que saber conviver com isso. Nós tínhamos posto até as oitavas na Libertadores, é uma receita de 25 a 30 milhões de reais, contanto tudo, e que vamos deixar de arrecadar. Infelizmente, essa é a realidade", falou.

Saídas de Ralf e Jadson

Para Andrés Sanchez, o Corinthians pode ter falhado nas liberações de Ralf e Jadson. Recordando que a dupla deixou o clube por não fazer parte dos planos de Tiago Nunes, o presidente acredita que clube errou ao comunicar, no fim do ano passado, apenas os empresários.

Em entrevistas, tanto Ralf quanto Jadson não esconderam a chateação quanto à postura do Alvinegro.

"Quando ele (Tiago Nunes) foi contratado, o Duílio conversou com ele e ele pediu jogadores que ele queria trabalhar e outros que nós contratássemos. Infelizmente o Jadson e o Ralf não faziam parte do esquema, e a diretoria aceitou numa boa. Isso é normal, jogador sair, voltar. O Duílio comunicou os empresários deles no comecinho de dezembro. Talvez nós tenhamos errado em não ter falado diretamente com eles, até pelo carinho e amizade que temos com os jogadores. Essa talvez tenha sido a nossa falha", admitiu o presidente.

"São grandes jogadores, têm uma história linda no Corinthians, as portas estão sempre abertas para eles, mas eles ganhavam para jogar futebol", seguiu.

Paulistão ameaçado?

Com o futebol paralisado por conta da pandemia de coronavírus, Andrés Sanchez afirmou que, dependendo da data de retorno da modalidade, o Campeonato Paulista corre risco de não ser concluído. Colocando do meta entregar todas as competições, o presidente alvinegro revelou que os campeonatos podem voltar apenas em julho, com os portões fechados.

"Eu entendo que nós, clubes de futebol, temos que entregar tudo aquilo que nós vendemos. Então, nós vendemos o Paulista, o Brasileiro, a Copa do Brasil, a Libertadores, mas, infelizmente, dependendo da hora que voltar o futebol brasileiro, talvez, o Paulista fique num terceiro plano, porque não tem a data. Então, vai ser um pouco mais complicado. Eu acho que não pode demorar muito. Nós vamos procurar entregar todos os campeonatos, até porque recebemos por isso", relatou o dirigente.

"Acredito que antes do final do ano ninguém volte com portões abertos não. (...) Pelo que se ouve e se fala, eu acho que em julho volta, com portões fechados, mas tudo que falar de data hoje é chute. Realmente, ninguém tem certeza disso", complementou.

Em relação à situação financeiras dos clubes durante a pandemia, Andrés afirmou que todos os clubes terão problemas para pagar seus atletas. O presidente aproveitou para criticar os valores pagos a jogadores no futebol brasileiro.

"O clube de futebol tem três receitas fortes: televisão, patrocínio e ingresso, e, de vez em quando, venda de jogador. Se a Globo não pagar, que eu acho que vai acontecer, todos os clubes vão ter problema para pagar salário. O clube não é uma empresa que tem contas a receber. O Corinthians já tem cinco patrocínios que adiaram pagamento, só vão pagar novamente quando voltar o futebol. Então, não é questão de administração. Todo mundo vai passar dificuldade, uns já, outros daqui um mês", disse Sanchez, que seguiu:

"Realmente, pelo que o Brasil arrecada no futebol, eu acho que os salários são muito fora da realidade. Eu acho que pagar um milhão e meio, dois milhões (de reais), como tem time pagando, eu acho um absurdo e o Corinthians não vai entrar nisso não."