Jovem morto pela polícia tem despedida com gol em caixão no Ceará
A despedida dos amigos a Jardeson Rodrigo Rodrigues Martins, 21, morto pela PM-CE (Polícia Militar do Ceará) na quinta-feira (13), foi marcada por uma homenagem diferente. Jogador amador e organizador de uma pelada no bairro Floresta, em Fortaleza, ele teve seu caixão levado ao recém-inaugurado campo da comunidade Padre Andrade, para fazer o seu último gol, seguido de um emocionante abraço.
A homenagem aconteceu na última sexta, antes do corpo de Jardeson ser levado para sepultamento. O momento foi filmado, e as imagens da homenagem ganharam as redes sociais.
Segundo o pai da vítima, Gilson dos Santos, Jardeson era jogador amador e tinha acabado de organizar seu último jogo instantes antes de ser morto por militares.
"Os amigos dele vieram ontem também. Teve uma partida que ele também jogava e teve outra homenagem: fizeram um banner com a foto dele e foi muito bonito, todos com o nome dele na braçadeira", explica.
Versão da morte contestada
Segundo a PM-CE, a corporação foi acionada e foi ao local porque pessoas armadas estariam nas redondezas num local chamado Areninha da Lagoa do Urubu. A polícia diz que, ao chegar, Jardeson "correu com a mão na cintura, demonstrando atitudes suspeitas."
"Ao tentarem abordá-lo, o suspeito se evadiu e, mais à frente, efetuou alguns disparos de arma de fogo em direção aos militares, que revidaram a injusta agressão. Durante a troca de tiros, foi lesionado e imediatamente socorrido com vida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pirambu, no entanto veio a óbito", informou a assessoria da PM-CE.
Ainda segundo a versão dos militares, Jardeson tinha passagem na polícia por roubo e desacato e estava no momento em que foi baleado com um revólver calibre 38. "A PM-CE esclarece que as abordagens são realizadas mediante atitudes suspeitas e ratifica o conceito constitucional de Polícia Militar, de exercer polícia preventiva e ostensiva, e que continuará a desempenhar da melhor forma possível a sua missão de servir e proteger a sociedade cearense", disse a corporação ao UOL.
A versão da PM-CE, entretanto, é contestada pelo pai da vítima. Segundo ele, o jovem estava na rua porque foi comprar um lanche, quando apareceu a PM-CE.
"Quando os policiais pararam o carro e desceram, já saíram atirando. Meu filho saiu correndo, foi na outra rua e ficou abaixado atrás de umas plantas. Passaram uns 5 minutos, e ele achou que não tinha mais policiais e se levantou. Mas a PM estava na esquina e quando viu atirou e atingiu meu filho na cabeça", diz Gilson dos Santos, citando que o filho já estava morto quando foi levado à UPA. Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que Jardeson foi atingido pelas costas e cai no chão. Na filmagem não é possível ver qualquer arma com a vítima.