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Pressionado no Fla, Jesus lida com ataques em caso de terrorismo em ex-time

Alexandre Vidal/Flamengo
Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de Lisboa (POR)

26/07/2019 04h00

Na primeira semana de agosto, serão divulgados os nomes dos acusados que irão a julgamento em Lisboa pelo ataque que jogadores e comissão técnica do Sporting sofreram de torcedores encapuzados no centro de treinamento do clube, em 15 de maio do ano passado. Entre outros crimes, o ex-presidente Bruno de Carvalho mais 43 réus são acusados de terrorismo após o episódio que repercutiu no mundo inteiro - 38 deles cumprem prisão preventiva.

Segundo Sandra Ferreira, uma das advogadas de defesa, todos os 44 se encontram na lista de terroristas internacionais.

"Se quiserem viajar para os Estados Unidos, vão parar em uma prisão de Guantámano", afirmou.

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Atual comandante do Flamengo, Jorge Jesus teve o seu nome citado por diversas vezes no processo recente de recolhimento das alegações finais. O técnico de 65 anos, que se encontrava à frente do Sporting na altura do incidente, viu a tentativa incessante por parte da defesa dos réus de ligá-lo à Juventude Leonina, principal organizada dos lisboetas e responsável pelas agressões.

O advogado Coimbra Gonçalves foi um dos que insinuou a proximidade entre Jesus e a organizada. Ele chegou a sugerir que foi Jesus, e não Bruno de Carvalho, acusado de ser o autor moral do ataque, quem autorizou a entrada dos torcedores nas dependências da equipe em Alcochete, na grande Lisboa.

"As idas a Alcochete eram comuns e mostram até intimidade entre Jorge Jesus e a organizada. O senhor Jesus ia a jantares com a Juve Leo. E agora vem dizer que não os conhece?", indagou.

O ex-mandatário do Sporting, Bruno de Carvalho, destituído do cargo, também reforçou a linha ofensiva, alegando em seu depoimento que a decisão de mudar a hora do treino das 10h para as 16h no dia do incidente partiu de Jesus, que rebateu publicamente a versão. Ao longo de sua fala, ele se referiu ao técnico repetidamente como "funcionário", deixando a procuradoria enervada com a suposta tentativa de provocação.

"Ele não é funcionário, é treinador. O Cristiano Ronaldo também é funcionário da Juventus e é o melhor jogador do mundo", disparou a procuradora Cândida Vilar, consciente da relação estremecida entre os dois.

Parte da defesa solicitou ao longo dos últimos meses que Jorge Jesus fosse escutado mais uma vez pelo Ministério Público português, porém, teve o pedido recusado.

O advogado do técnico rubro-negro, Luís Miguel Henrique, reforçou em contato com o UOL Esporte o posicionamento emitido diante das acusações recentes ao negar qualquer envolvimento do seu cliente no ataque.

Na ocasião, Miguel Henrique negou a versão de que Jesus tenha autorizado a entrada da organizada no CT ou mesmo que tenha tido qualquer conhecimento sobre o que iria acontecer naquele dia. Para o advogado, pode se tratar de uma estratégia da defesa de tentar imputar a Jesus a responsabilidade pelas agressões por conta de uma suposta amizade com os torcedores que, por sua vez, não existe.

Torcida do Sporting mostrou apoio aos jogadores após protesto - Divulgação/Twitter - Divulgação/Twitter
Torcida "comum" do Sporting mostrou apoio aos jogadores após o incidente
Imagem: Divulgação/Twitter

Conforme depoimentos de funcionários do Sporting que vieram a público posteriormente, o treinador esteve entre os agredidos na confusão, tendo recebido um soco no rosto por trás.

Em rota de colisão com o ex-presidente Bruno de Carvalho antes do episódio, Jesus deixou o seu cargo no Sporting pouco tempo depois.

Figura folclórica no futebol português, Jesus se encontra alheio no Rio de Janeiro aos desdobramentos do caso e deixa seus representantes cuidarem do assunto. Depois de um início animador no Flamengo, o português enfrenta momentos de turbulência após a derrota por 2 a 0 para o Emelec, fora de casa, pelas oitavas de final da Libertadores, na última quarta-feira.