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Muito além dos gols: por que Deyverson é centroavante preferido de Felipão

Deyverson foi titular nos últimos nove jogos do Palmeiras e fez o gol da vitória contra o Inter - Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
Deyverson foi titular nos últimos nove jogos do Palmeiras e fez o gol da vitória contra o Inter Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

06/05/2019 04h00

Em um time com elenco vasto, que adota o rodízio de titulares desde o ano passado, o caso de Deyverson chama atenção no Palmeiras. O centroavante saiu jogando nas últimas nove partidas, sem ser poupado nem mesmo quando Felipão escalou uma equipe toda reserva contra o CSA, em Maceió. A preferência do treinador pelo camisa 16, que já vem desde que chegou ao clube, ficou ainda mais acentuada em 2019. Vários motivos levam a isso.

Deyverson leva a melhor na concorrência com Miguel Borja e Arthur Cabral não necessariamente pelos gols, tradicionalmente a função principal de um centroavante. Com quatro gols no ano em 1.100 minutos em campo, divididos em 14 jogos, ele tem média de um gol a cada 275 minutos - praticamente igual à de Borja, que fez três em 12 jogos, com 824 minutos em campo. Já Arthur tem média ainda melhor, já que jogou apenas duas partidas, com 67 minutos em campo, e fez um gol.

O estilo de jogo de Deyverson é o que cativa Felipão. Ele leva ao time coisas que os concorrentes não levam. Primeiro, a obediência tática: o camisa 16 é incansável na marcação à saída de bola rival, atrapalhando os zagueiros adversários o tempo todo. Já quando o time tem a bola, ele é especialista em fazer as movimentações que Scolari pede de seus atacantes, indo até o lado do campo ou recuando para ser alvo de bolas longas.

Se não é dos jogadores mais habilidosos com os pés, a eficiência de Deyverson nas jogadas pelo alto também conta a favor. Ele fez de cabeça o gol da vitória contra o Internacional na rodada passada (veja abaixo), e em um time que muitas vezes acelera a construção de jogadas com ligação direta para o ataque, a capacidade de ganhar as disputas aéreas o coloca em vantagem contra Borja e Arthur.

Não à toa, os jogadores valorizam a ajuda que Deyverson dá a equipe mesmo quando não faz gols. "São jogadores que se entregam bastante durante a partida, que acabam dando oportunidade para os meias e os laterais chegarem ao ataque, e às vezes deixam de participar do momento ofensivo por estarem no lado do campo, fazendo as movimentações que o Felipão pede nos treinamentos", disse o lateral Marcos Rocha, quando perguntado sobre o número baixo de gols dos centroavantes alviverdes.

A importância que Felipão dá a Deyverson no estilo de jogo do Palmeiras também foi importante para que o clube apostasse em sua recuperação mesmo após casos repetidos de indisciplina. No último deles, em fevereiro, ele cuspiu em Richard, do Corinthians, e foi suspenso por seis jogos no Campeonato Paulista. Foi multado em R$ 350 mil e cobrado internamente, mas recebeu apoio e confiança para voltar bem dentro de campo. Tanto que, depois de voltar da suspensão e se recuperar de uma lesão, jogou todos os jogos desde então.

Para a partida desta quarta-feira (8), contra o San Lorenzo, pela Libertadores, Felipão já avisou que deve dar um descanso a Deyverson. Borja, artilheiro do time no ano passado, e Arthur, que a torcida está ansiosa para que receba mais oportunidades, competem pela vaga. O certo é que, na cabeça de Scolari, a posição de centroavante do Palmeiras, hoje, tem dono.

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