Menino amputado que comoveu Corinthians ganhará muletas de artilheiro
Um sonho que permaneceu vivo por anos, mas parecia inatingível depois de uma tragédia. Fadada a um final triste, essa história ganhou uma nova perspectiva no último domingo (10), quando Gabriel Santos conversou com Rogerinho, estrela do Corinthians no futebol de amputados. Nos próximos dias, o menino receberá um par de muletas do novo ídolo para começar a praticar o esporte.
Gabriel, 10 anos, perdeu a perna direita depois de ser agredido em Caruaru, Pernambuco, e conheceu o jogador durante uma visita à Arena de Itaquera. No estádio, ele assistiu ao empate sem gols entre Corinthians e Santos e foi recebido pelo elenco alvinegro, incluindo seu jogador favorito,o goleiro Cássio.
Mas foi o encontro com Rogerinho que fez Gabriel voltar a sonhar com futebol. Bastaram 90 minutos de conversa lado a lado, durante o jogo, para o menino compreender que ainda é possível chutar uma bola e fazer gols, como era habitual antes da tragédia.
De acordo com Rogerinho, Gabriel passou a acreditar na possibilidade depois de escutar que ele era um jogador de futebol mesmo sem a perna esquerda. "Ele começou a conversar comigo ali no estádio, perguntou o que eu fazia e percebeu que era possível jogar com as muletas", contou o craque corintiano, que nasceu com má-formação no membro inferior.
O episódio logo surtiu efeito. De volta a Caruaru no dia seguinte ao encontro, Gabriel nem esperou o sol aparecer. Ao chegar em casa, à noite, o menino arriscou alguns chutes na rua com uma bola dada pelo Departamento de Responsabilidade Social do Corinthians. Na ocasião, o corintiano improvisou ao jogar sem muletas. Sensibilizado, Rogerinho providenciou o presente ao novo fã. As muletas foram enviadas na manhã de hoje (13) e devem chegar a Caruaru no início da próxima semana.
A história se repete
A paixão pelo futebol é comum a Rogerinho e Gabriel. Assim como aconteceu com o garoto, o craque de futebol de amputados também se viu sem chances de realizar o sonho de praticar o esporte. "Quando tinha a idade dele também queria ser um jogador e achava que era impossível", contou.
Rogerinho, que completará 38 anos no próximo sábado e é natural de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, chegou a jogar ao lado de crianças não-deficientes. E já se destacava entre elas, com a marca que carrega até hoje, a de artilheiro. "Eles não acreditavam muito em mim e me deixavam livre, sem marcação", relembrou.
Somente depois de dez anos, já aos 18, que Rogerinho descobriu que existia uma modalidade específica. Durante cinco anos, então, ele se dividiu entre o futebol de amputados e o vôlei sentado. Em 2008, ele começou a treinar em um time da Praia Grande, litoral paulista.
No Campeonato Brasileiro da modalidade, Rogerinho se destacou a ponto de ser chamado para a seleção brasileira em 2009. Naquele ano, ele levou o Brasil à conquista da Copa América, como artilheiro e melhor jogador do torneio.
Autor de mais de 500 gols na carreira e dono do apelido de R9, em alusão a Ronaldo, Rogerinho voltou a Mogi para iniciar um projeto na cidade, a fim de ajudar outras pessoas deficientes com a mesma ambição. Ele, então, fundou um time, que se fundiu com o Corinthians em 2015. Desde então, o time alvinegro venceu todas as competições que disputou.
"Nada é impossível. Espero que o Gabriel continue sendo esse menino alegre e sorridente. Ele irá realizar esse sonho e muito mais. Em breve iremos jogar juntos", frisou Rogerinho.
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