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Situação do Cruzeiro alega armadilha em flagra da PM e pede respeito à FMF

Wagner Pires de Sá, candidato de situação à presidência do Cruzeiro - Arquivo Pessoal
Wagner Pires de Sá, candidato de situação à presidência do Cruzeiro Imagem: Arquivo Pessoal

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

20/09/2017 04h00

Formado em Ciências Econômicas, Wagner Pires de Sá, de 76 anos, é o candidato da situação do Cruzeiro para o cargo de presidente. Embora não tenha um currículo extenso no mundo do futebol, ganhou notoriedade recente por conta de um episódio envolvendo um flagra policial.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, concedida via e-mail, o concorrente apoiado por Gilvan de Pinho Tavares para o pleito de 2 de outubro explica o caso em que foi flagrado dirigindo com sinais de embriaguez no centro de Belo Horizonte:

"Estamos trabalhando com a verdade e mostrando que fomos vítimas de uma situação que consideramos forjada. E isso tem nos fortalecido muito mais", afirmou. Fontes ligadas à campanha de Wagner alegam que o economista foi alvo de uma armadilha de detratores no Conselho Deliberativo. Os policiais que o pararam no Barro Preto, bairro da região Centro-Sul da capital, teriam o abordado a pedido de outros conselheiros.

O caso movimentou a campanha celeste, que se aproxima da reta final. No papo com a reportagem, Wagner falou, além do caso pessoal, sobre seus planos para o Cruzeiro. Wagner abordou o tema Federação Mineira de Futebol (FMF). Recentemente, o presidente Castellar Neto se envolveu em polêmicas com o clube e membros da cúpula. Perguntado sobre a relação com a instituição, ele falou:

"Buscarei sempre, e como cruzeirense que sou, exigir que haja respeito e idoneidade ao nosso Clube. Diálogo, respeito são condições que, como gestor, defendo que exista - desde que seja também respeitado o Cruzeiro Esporte Clube. Não tenho laços afetivos com o presidente da Federação e não acredito que isso seja um problema. A relação tem que ser sempre de respeito de ambas as partes".

Veja abaixo trechos da entrevista de Pires de Sá:

Cruzeiro x Minas Arena (gestora do Mineirão)

Existe, por um lado, um contrato que permite, com o decorrer do tempo, ser revisto. Vamos avaliar isso com calma e critério, ouvir as partes, a torcida e, tendo êxito na disputa eleitoral, propor novas iniciativas. O Mineirão é a casa do Cruzeiro, nossa torcida já tem uma ligação muito grande com o estádio, foi onde conquistamos importantes títulos na história do Clube. Essa relação não pode acabar. Nos últimos anos, o departamento de marketing tem realizado ações dentro e fora do estádio para oferecer uma experiência cada vez melhor aos torcedores em dias de jogos do Cruzeiro. Ampliar este trabalho de exploração do Mineirão, buscando oferecer mais ao Cruzeiro, aos torcedores, aos parceiros comerciais, aos patrocinadores, é também um compromisso que teremos.

Gestão atual

Avalio como muito boa. No futebol, que é nossa vitrine, o Dr. Gilvan assumiu o clube com um elenco muito inferior ao que deixará para o próximo presidente. É o único presidente que conquistou, em um mesmo mandato, um bicampeonato nacional consecutivo. Pode finalizar seu segundo mandato com o título da Copa do Brasil 2017, nosso possível pentacampeonato. Administra o Clube com ética, honestidade, honrando os compromissos, se esforçando para que as finanças estejam em dia, mesmo em um momento em que a economia brasileira mostra-se fragilizada. Mesmo assim, o Cruzeiro, em sua gestão, tem honrado seus compromissos. O Gilvan é um frequentador assíduo também do social, promoveu avanços neste sentido. Sabemos, contudo, que existem novas demandas, novos desafios para o Cruzeiro. Temos dialogado com conselheiros, com associados, com sócio-torcedores e vamos trabalhar para superar, como o Cruzeiro sempre fez, este novo momento. Mas, acima disso, reconheço o esforço, a dedicação e parabenizo o presidente Gilvan de Pinho Tavares pelas suas gestões.

Como tornar o Cruzeiro superavitário

Queremos, primeiramente, trabalhar para equilibrar nossas receitas e nosso custo operacional. Estamos dialogando já em busca de novas ações, parcerias, que possam trazer mais recursos para o Cruzeiro. Porém, antes de tudo, temos de vencer as eleições. Buscarei, se eleito, fazer com que sejam tomadas iniciativas que tornem o Cruzeiro um clube mais autossustentável. Avaliar, com profundidade, onde podemos reduzir custos e onde podemos gerar mais receitas. Nosso planejamento piloto estratégico tem propostas nas áreas do Esporte, do Social, do Marketing que buscarão fortalecer a nossa marca e, consequentemente, arrecadar mais.

Modelo de gestão no qual se espelha

Pretendo fazer com que, na parte administrativa, o Cruzeiro adote técnicas reconhecidas internacionalmente de gestão. E aí falo de administração em todos os setores. Nosso planejamento piloto, fala sobre um modelo de gestão que envolve o estudo para reestruturação organizacional, gestão financeira, comercial, de despesas, técnica do futebol, de torcida e criação do planejamento estratégico. Cada uma destas etapas requerem aplicação de técnicas que, sem dúvidas, são aplicadas nos grandes clubes do país e internacionais. Com o Cruzeiro não pode ser diferente.

Foco em evitar terceiros na base

Na base, temos como compromisso transformar este Departamento em um centro de excelência de formação de atletas, com fixação de metas e objetivos anuais. Colocamos o compromisso de revelar seis jogadores da base por ano. Atualmente, o Cruzeiro já revela, em média, três. Recentemente, o Bruno (Vicintin), que responde pelo futebol, revelou em entrevista que a base gerou receitas na ordem de 25 milhões de euros. E temos o compromisso de manter a política transparente em participação de jogadores. Felizmente, o Cruzeiro hoje detém pelo menos 50% dos direitos dos atletas da base. Queremos manter este trabalho de impor limites de participação de terceiros nos atletas da base.

Trabalho social com crianças

Temos o compromisso de criar a Fundação para o Cruzeiro Esporte Clube, que vai oferecer novos caminhos para crianças a partir de seis anos de idade. Isso está intimamente ligado não só à formação de bons atletas, mas de bons cidadãos. Aqueles que se destacarem no futebol, serão encaminhados para o centro de formação que hoje é a Toca I. A Fundação será mais um instrumento de fortalecer o futebol, mesmo que possa ser vista, pelos torcedores, como um instrumento indireto neste contexto.

No profissional, olho no Mundial

No futebol profissional, queremos que o Cruzeiro mantenha a formação de equipes competitivas e que conquiste novos títulos, sempre com racionalidade na gestão. O mercado no futebol é altamente competitivo, talvez seja um dos mercados mais competitivos que conhecemos. Todo cruzeirense sonha com a conquista de um título que ainda não temos: o Mundial. Para isso, é preciso ter um time competitivo. E, aqui, não personalizo esta competência de formar grandes equipes à minha pessoa. Existe um cargo específico para isso. Temos o compromisso de evoluir na área médica, com formação de um centro de excelência em especialidades médicas na Toca II. Avaliar o que há de bom e investir no que deve ser aprimorado, com metas, objetivos e planejamento é o nosso compromisso. Alcançando a vitória na eleição, daremos início a um grande trabalho de análise e projeções pensando no melhor para o Cruzeiro neste departamento.

Currículo de Wagner

Comecei a trabalhar ainda jovem, aos 12 anos, tendo minha primeira carteira assinada aos 14. Formei em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais, passei em concurso e fui trabalhar na Superintendência de Distribuição da Cemig. Fui gerente e administrei a região do Rio Doce. De lá, fui convidado para compor o Governo do Estado, onde coordenei a Assessoria Econômica da Secretaria da Fazenda. Eu e nossa equipe negociamos a vinda da Fiat para o Brasil – mais precisamente para Betim (MG), o que fez o Estado dar um salto de quarta para segunda maior economia do país. Fui um dos autores do Plano de Desenvolvimento e Viabilidade Econômica do Estado de Minas Gerais. Essas realizações chamaram atenção do Governo Central Brasileiro, na época comandado pelos militares.

Uma das metas que eles tinham era de administrar a segunda maior empresa brasileira. Fui para a diretoria da Vale do Rio Doce e depois presidi a Fundação Vale do Rio Doce. Fui membro e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Passado isso, voltei para Belo Horizonte porque achei que já tinha doado muito da minha experiência para o Estado e para o País. Aqui, passei a trabalhar na iniciativa privada. Construí oito empresas de entretenimento (bingos) para terceiros e três eu administrei. Geramos mais de 15 mil empregos. Desde 2002, sou sócio-proprietário e administrador da maior empresa brasileira na sua área de atuação, que produz carbonato de cálcio. 

No Cruzeiro, sou conselheiro nato desde 1992, fui diretor de Planejamento e conselheiro fiscal por nove anos, sendo três destes como presidente do Conselho Fiscal. Fui autor do primeiro plano diretor na área econômica e financeira, a pedido do nosso atual vice-presidente José Francisco Lemos Filho, uma pessoa muito respeitada no nosso Clube, para viabilizar a continuidade e construção da Sede Campestre. Acompanho e torço pelo Cruzeiro desde os meus dois anos de idade. Tenho uma história de ligação com o Clube que vem desde a infância. São experiências que contribuíram para que, hoje, eu possa ter meu nome, ao lado de grandes cruzeirenses que compõem a nossa chapa, como candidato à presidência do Cruzeiro para contribuir no crescimento e evolução deste grandioso Clube.