Ele levou gol antológico de Scarpa, redimiu-se e agora quer o Prêmio Puskás
Em fevereiro de 2017, Gustavo Scarpa marcou um gol antológico (do meio-campo) na goleada do Fluminense sobre o Globo-RN, por 5 a 2, pela Copa do Brasil (veja aos 33s do vídeo acima). A obra-prima rendeu até um bem-humorado pedido do clube carioca para que o tento entrasse na lista de concorrentes ao Prêmio Puskás. Algo que, certamente, deixaria o goleiro Rafael, que desde 2013 defende o time potiguar, ainda mais marcado na história do futebol - não de forma muito positiva.
Passados pouco mais de cinco meses, a história se inverte. Agora, é o próprio Rafael quem cobra, em tom de brincadeira, que seu gol participe do tradicional prêmio da Fifa. Isso mesmo. O goleiro fez no último domingo (30) um gol raro, de sua própria área, em jogo que valeu vaga nas quartas de final da Série D do Brasileiro: Globo-RN 3 x 1 Guarany de Sobral-CE.
O lance aconteceu logo no primeiro minuto de jogo, no estádio Barretão (veja abaixo). Ele bateu para frente, a bola quicou e acabou encobrindo o goleiro adversário. Como já havia vencido a partida de ida por 1 a 0, o Globo garantiu vaga nas quartas.
“Até para dormir foi complicado”, brincou Rafael em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. Em contrapartida, o gol do goleiro fez muita gente (inclusive a própria reportagem do UOL) recordar a obra-prima de Scarpa, o que não o agradou muito: “A parte ruim é que aquele gol [do Scarpa] já tinha ficado até esquecido. Agora que consegui fazer, já lembraram de novo [risos]”, disse.
Agora, é a vez de Rafael, hoje com 26 anos, pedir passagem. “Já que o [gol] dele teve campanha, bora fazer a minha para o Puskas também”, divertiu-se o goleiro do Globo-RN. “Só é uma pena que não tenha uma imagem melhor”, destaca Rafael.
Lesão de centroavante foi decisiva para o gol
Gláucio, centroavante do Globo-RN, machucou-se momentos antes do apito inicial. Com isso, Dênis, jogador de mais velocidade, ficou com a vaga no ataque. E a ideia de Rafael era, justamente, lançá-lo no campo de ataque. Deu no que deu.
“No aquecimento do jogo, nós perdemos nosso centroavante por lesão, e entrou um jogador de velocidade no lugar dele, o Dênis. Eu tentei fazer o lançamento, só que a bola saiu com muita força”, conta Rafael.
Chuva e vento em ‘momento único’ também ajudaram
De acordo com o goleiro, o já tradicional vento forte (e a chuva) que frequentemente toma conta do estádio Barretão também foi essencial para que o gol saísse: “Depois do jogo, o Renatinho Potiguar até comentou no vestiário, que é coisa de Deus, porque na hora do gol foi o único momento do jogo em que choveu e ventou muito”.
“Eu tive um preparador que sempre brincava que um dia eu ia acabar fazendo um gol aqui no Barretão, porque venta muito. E às vezes pego forte na bola”, conta.
Fã de Ceni, Neuer e futuro cobrado de faltas
Fã de Rogério Ceni e Manuel Neuer, Rafael já sonha há algum tempo em marcar um gol como profissional. Obviamente, não da maneira que aconteceu, mas de falta. O goleiro treina cobranças nos treinamentos, mas ainda não teve a oportunidade de arriscar.
“Eu estava treinando para fazer o gol de outra forma [falta]. Mas se saiu assim, dou graças a Deus por isso. Às vezes até tenho [bom aproveitamento nos treinos], só que no momento temos um especialista em bolas paradas que é o Renatinho Carioca. Então melhor deixar para ele [risos]”, diz o goleiro, que desde pequeno procura se espelhar no ex-goleiro são-paulino.
“Sempre a minha referência para a saída de jogo foi o Rogério [Ceni]. Quando iniciei nas categorias de base só se falava em Rogério. Além de muita qualidade debaixo do gol, os seus lançamentos eram magistrais. Agora a grande referência do futebol moderno é o Neuer. Um goleiro muito rápido com boas saídas”, analisa.
180 minutos para comemorar o acesso à Série C
Com a vitória sobre o Guarany, o Globo-RN – clube fundado em 2012 – está agora a apenas 180 minutos de comemorar a inédita classificação para a Série C. Nas quartas, o time de Rafael terá pela frente a equipe do URT-MG, que eliminou o Villa Nova-MG nas oitavas de final.
“Temos um desafio muito grande pela frente, mas temos que estar preparados. Desde que cheguei aqui [em 2013] esse era o grande objetivo do dono do clube. O acesso é um sonho, não só de nós atletas, mas de uma cidade que abraçou muito a equipe, tão jovem”, finaliza.
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