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Amistoso sangrento teve perna, braço e nariz quebrados. E um jantar depois

Do UOL, em São Paulo

22/11/2014 06h00

Na última semana, grandes amistosos agitaram o mundo da bola. Mas já houve um tempo em que esses jogos eram marcados por violência, a ponto de muitos pedirem o fim deles. E uma partida em especial contribuiu para essa fama: ela é chamada de “Batalha de Highbury” ou “verdadeira final da Copa”. Trata-se de um duelo entre Inglaterra e Itália que terminou com três fraturas, muitas cotoveladas e, surpreendentemente, um jantar de confraternização.

Esse capítulo do futebol aconteceu em 1934, cinco meses depois da final da Copa do Mundo vencida pela Itália durante o regime de Benito Mussolini. Como não era filiada à Fifa e não disputou o Mundial, a Inglaterra recebeu a Itália no estádio Highbury, antiga casa do Arsenal, e apelidou o duelo de a verdadeira final da Copa.

Os italianos deram o devido valor ao confronto. Mussolini prometeu dinheiro, um carro novo para cada jogador e a dispensa do exército em caso de vitória. Mais de 56 mil pessoas foram ao estádio empurrar a seleção inglesa. E quando rolou a bola, começou a pancadaria.

A primeira fratura aconteceu com dois minutos de jogo. O italiano Luis Monti quebrou o pé em uma dividida e ainda ficou em campo até os 15 minutos, mas não aguentou e deixou a Itália com um a menos (na época não havia substituições). Irritados, os italianos começaram a bater.

Pelo menos três ingleses sentiram a ira do rival. Hapgood fraturou o nariz ao levar uma cotovelada e deixou o gramado sangrando. Brook quebrou um braço após uma disputa mais forte. E Drake lesionou a mandíbula depois de uma pancada no rosto. “Os italianos tinham enlouquecido, estavam chutando tudo e todos”, contou Hapgood em sua biografia.

No que restou de futebol, a Inglaterra abriu 3 a 0 no primeiro tempo e viu a Itália encostar com dois gols de Giuseppe Meazza. A vitória de 3 a 2 carimbou a faixa dos italianos e deu início a uma forte rivalidade: eles só conseguiriam bater os ingleses em 1973, 39 anos depois.

Depois dos cinco gols, das três fraturas e das lesões menores, os dois times foram jantar juntos em Londres. Não houve mais briga ou pancadaria, mas muitos se seguraram para não dar o troco nos agressores. “Fico feliz que sou controlado, senão teria voado sobre a mesa para pegá-lo”, concluiu o inglês Hapgood, resumindo o que foi esse tranquilo amistoso.