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CBF e seus cartolas estão rindo à toa. Eles têm motivos de sobra para isso

Do UOL, em São Paulo

13/02/2014 06h00

O ano de 2014 começou repleto de indefinições para a CBF. É ano de eleições na entidade que comanda o futebol brasileiro; no Brasileirão, liminares obtidas judicialmente por torcedores forçavam a permanência da Portuguesa na Série A; no Paulistão, a invasão do CT do Corinthians gerou uma ameaça geral de greve entre jogadores.

As últimas duas semanas trouxeram, entretanto, uma verdadeira reviravolta para o presidente da Confederação, José Maria Marin, e seu provável sucessor, o atual presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero. Em uma sequência de vitórias, os cartolas eliminaram adversários, resolveram problemas e em questão de dias reverteram o cenário desfavorável.

As conquistas mostram que, como afirmado pelo zagueiro Paulo André em entrevista ao UOL Esporte, o sistema do futebol brasileiro é realmente difícil de ser mudado. Confira a lista:

1)      Liminares derrubadas e Fluminense na Série A

A decisão do STJD que puniu a Portuguesa com a perda de quatro pontos no final do Brasileirão 2013 revoltou torcedores. A permanência do Fluminense na Série A, e o rebaixamento do clube do Canindé voltaram a opinião pública contra a CBF.

Os torcedores foram à Justiça Comum, e obtiveram quatro liminares determinando a revogação da punição. O Ministério Público de São Paulo decidiu investigar o caso, e propôs um acordo pela permanência da Portuguesa na Série A, mas a entidade não recuou.

Na semana passada, veio a virada: advogado da CBF no caso, Carlos Miguel Aidar anunciou ter derrubado todas as liminares. O lançamento da tabela do Brasileirão 2014, com o Fluminense e sem a Portuguesa, confirmou a vitória. A briga, entretanto, deve continuar, com a propositura de uma Ação Civil Publica pelo MP-SP.

2)      Pacto entre clubes contra Justiça Comum

As ações movidas no caso Portuguesa incomodaram a entidade que comanda o futebol brasileiro, que se viu forçada a reagir. Na reunião arbitral dos clubes da Série A de 2014, um pacto foi formado: os participantes se comprometeram a não questionar as decisões do STJD na Justiça Comum.

O acordo deve trazer um pouco de tranquilidade em futuros casos polêmicos de punições que possam interferir na classificação das equipes no campeonato nacional. O pacto, segundo fontes da própria CBF, teve adesão unânime.

3)      Atletas que disputam o Paulistão desistem de greve

No primeiro dia de fevereiro, torcedores invadiram o CT Joaquim Grava, enfurecidos com o mau desempenho do Corinthians. Funcionários do clube afirmaram terem sido vítimas de violência e roubo. O atacante Guerrero chegou a ser esganado por um dos invasores.

O ataque assustou o elenco corintiano e levou o Sindicato dos Atletas a articular uma tentativa de greve, mas a ideia fracassou diante da pouca adesão das equipes do interior e falta de um posicionamento unânime dos próprios atletas.

Embora fosse um movimento regional, atingiria diretamente Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, vice da CBF e candidato ao posto de José Maria Marin nas eleições da entidade nacional, marcadas para abril.

4)      Desistência da oposição nas eleições da CBF em 2014

  • Vanderlei Faria/Divulgação prefeitura de Cascavel

    Francisco Noveletto (direita), presidente da Federação Gaúcha e opositor da CBF

Desde que deixou o cargo de diretor de seleções na CBF, Andrés Sanchez passou a articular um grupo de oposição para disputar as eleições da entidade, marcadas para abril deste ano. Conseguiu apoio dos presidentes de federações Rubens Lopes, do Rio de Janeiro, e Francisco Noveletto, do Rio Grande do Sul.

Noveletto foi definido como o candidato da oposição, mas diante do apoio esmagador à situação, a candidatura fracassou. O caminho ficou livre para que José Maria Marin eleja Marco Polo Del Nero como seu sucessor, em um pleito que deve ter chapa única.

5)      O adeus de Paulo André

Desde o meio do ano passado, Paulo André foi uma pedra no sapato da CBF. Além de tecer duras críticas à gestão que a entidade faz no futebol brasileiro, foi um dos fundadores do Bom Senso FC, movimento criado para brigar por uma reforma no calendário e na legislação vigentes.

Paulo serviu como o porta voz do movimento que, além de organizar diversos protestos, também chegou a acenar com a possibilidade de greve no final do Brasileirão 2013.

Negociado com a China, o zagueiro deixará o país. Sua saída não deve impedir a continuidade do Bom Senso, mas José Maria Marin certamente deverá comemorar o adeus do jogador que mais o criticou e antagonizou em 2013.