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Guerrero supera doping e encerra Copa com gol e assistência: "poderia mais"

O atacante Paolo Guerrero saiu de campo vestindo a camisa do amigo Farfán, desfalque do Peru na Copa - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
O atacante Paolo Guerrero saiu de campo vestindo a camisa do amigo Farfán, desfalque do Peru na Copa Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Pedro Ivo Almeida e Vanderson Pimentel

Do UOL, em Sochi (Rússia) e São Paulo

26/06/2018 21h00

Capitão, protagonista e maior artilheiro da história da seleção peruana, Paolo Guerrero viveu uma emocionante saga antes de conseguir uma liberação para disputar a Copa do Mundo. Por mais que não tenha conseguido evitar a eliminação de sua equipe na fase de grupos, o camisa 9 encerrou sua participação na Rússia participando diretamente dos dois únicos gols que o Peru fez neste Mundial.

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Autor da assistência para André Carrillo no primeiro gol, o jogador do Flamengo fez o segundo gol da equipe na vitória do Peru por 2 a 0 contra a Austrália nesta terça-feira (26). Mesmo assim, a seleção ficou na terceira posição do Grupo C por ter sido eliminada já no segundo jogo, depois de perder para as classificadas Dinamarca e França.

Incômodo com preparação

O desempenho do camisa 9 foi o destaque do jogo final do Peru no Mundial. Ainda assim, Guerrero não esteve exatamente satisfeito. O atacante do Flamengo queria mais.

"Foi legal hoje [terça], mas gostaria de ter me preparado melhor. Me juntei ao grupo poucos dias antes, joguei dois jogos amistosos apenas. E os outros times mais bem preparados. Final de temporada na Europa, todos com ritmo, e eu não contei com isso. Infelizmente. Continuo jogando, mas poderia mais", lamentou Paolo Guerrero.

O drama de Guerrero começou ainda em novembro do ano passado. O atacante foi reprovado num exame antidoping após jogo contra a Argentina, por ter consumido benzoilecgonina, principal metabólito da cocaína e da folha de coca.

Fora dos jogos da repescagem contra a Nova Zelândia, que deram a vaga ao Peru na Copa, Guerrero foi afastado por um ano pela Fifa, que voltou atrás e baixou a suspensão em 6 meses. O jogador já havia feito três jogos pelo Flamengo neste ano quando no dia 14 de maio, a CAS (Corte Arbitral do Esporte) impôs uma suspensão de 14 meses ao atacante.

Poucos dias antes da Copa, e com o apoio inclusive das seleções rivais do Peru na Copa, Guerrero conseguiu barrar temporariamente a suspensão por uma liminar no Tribunal Suíço para disputar a competição.

Após se reunir ao resto da delegação tardiamente, o atacante demorou para entrar em forma e participou somente do segundo tempo na derrota peruana por 1 a 0 contra a Dinamarca. Seu bom desempenho criando chances contra os escandinavos fez com que o técnico Ricardo Gareca o escalasse de titular contra a França, mas Guerrero não conseguiu evitar a derrota e eliminação precoce da equipe no Grupo C, e saiu chorando copiosamente de campo.

Para o jogo contra a Austrália, Guerrero foi ainda mais participativo e marcou o seu 37º gol com a camisa da seleção. A torcida também reconheceu as atuações de seu camisa 9 e gritou o no seu nome no Estádio Fisht, em Sochi. Ao fim da partida, o jogador de 34 anos consolou o emocionado Christian Cueva e homenageou o atacante Jéfferson Farfán, que não participou da vitória após sofrer um choque na cabeça no durante treino no último fim de semana.

"Dedicamos a vitória à nossa família, a quem nos apoiou, e a meu irmão [Farfán], que não pôde estar aqui. Convivo com meu irmão desde criança, ele não conseguiu vir. Estou muito emocionado. Não esperávamos uma eliminação tão prematura, mas isso é o futebol."

Mesmo insatisfeito com a eliminação ainda na fase de grupos, Guerrero deixa a Rússia de cabeça erguida. Depois de viver uma verdadeira saga para ter a oportunidade de ajudar o Peru a disputar um Mundial após 36 anos, o experiente atacante chamou a responsabilidade para si como artilheiro e também como líder de sua equipe na Copa do Mundo.

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