Rodrigo Mattos

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Empresa brasileira mira obter R$ 429 mi para investir em clubes da Europa

O mercado brasileiro de clubes atrai fundos internacionais pelo potencial de crescimento do mercado. Mas uma consultoria de futebol nacional, a "Convocados", preferiu fazer o caminho inverso: estruturar um projeto com fundos para comprar de times na Europa e usar metodologia brasileira na gestão.

Não se tratam de novatos. A Convocados conta com o economista César Grafietti, especialista em finanças de clubes, Rafael Plastina, que atuou por anos no marketing de futebol, o ex-jogador Roque Junior, entre outros. E por que a estratégia diferente?

"A organização de ligas, mercado de compra e venda de clubes mais óbvio. O Brasil tem um mercado desregulado, há legislação de SAF, confusão entre clubes, isso faz com que não tenha um preço de tabela de clube. Hoje, se o Textor quiser vender o Botafogo não sabe por quanto venderia. A possibilidade de revenda dá segurança ao investimento", contou Grafietti.

Sua conclusão em favor no negócio na Europa em vez do Brasil ocorreu após analisar várias possiblidade de investimento no pais para fundos internacionais.

O negócio estruturado pela Convocados já levantou 5 milhões de euros no fundo Blue Crow, em Portugal. O primeiro clube comprado foi o Anadia, da terceira divisão do país. Foi adquirido pelo valor da dívida.

A partir daí, a consultoria assumiu a gestão e foram investidos 200 mil euros para quitar dívidas, e contratar jogadores e técnico. O clube fugiu do rebaixamento e a aquisição se conclui. A consultoria avalia que o clube, agora, vale em torno de 1,5 milhões de euros.

A estratégia é melhorar a gestão esportiva, com captação de jogadores no Brasil e na África e a arrecadação com iniciativas de marketing. E, no final, levar o clube para a Primeira Liga e estabiliza-lo na elite portuguesa.

O mesmo princípio será feito com a aquisição de clubes em outros países alto, França, Espanha e Inglaterra. Procura-se um time na terceira ou segunda divisão para ascender. Para isso, há o plano de captação de 80 milhões de euros, em dinheiro que está sendo buscado com investidores dos EUA e do Brasil.

"A linha de raciocínio: fluxo de atletas de América Latina e África. Os alvos de clube na França, Inglaterra, Espanha ou Itália. Leva-se em conta a legislação, modelo de negócios. A Itália tem o mecenato (dificultador). A Espanha tem dificuldade para ter atletas estrangeiros. A França é mais amigável para atletas. La Liga tem estrutura profissional, A Inglaterra é o topo pirâmide", contou Plastina.

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Segundo o executivo, o desenvolvimento futuro da Liga é essencial para avaliar em que mercados vale mais a pena estar. Por isso, a França e a Espanha são vistas como mais atraentes. E a Inglaterra é analisada como um mercado já consolidado.

"A liga como foco no desenvolvimento do futebol do país vai fazer diferença em que posição vai estar no mundo. Foco na competição, desenvolvimento mais sistêmico", completou Plastina.

Para captar atletas, a consultoria conta com quatro scouts no Brasil, organizados por Roque Jr. Outra estrutura de scout está sendo implantada na África. A ideia é pegar os jogadores jovens direto no país e levá-los para a Europa.

"O scout nos dá capilaridade para buscar atletas que rodam abaixo dos grandes clubes, não precisam estar vinculado a um time. O Rodolfo Kussarev (outro executivo do grupo) e o Roque Jr., com scout, conseguem acessar quem é dispensado de um grande clube, mas tem qualidade", contou Grafietti.

A partir daí, todos os clubes do futuro grupo teriam um modelo de jogo igual, que é de posse de bola e objetividade na procura do gol. Com isso, os jogadores podem girar dentro do grupo e há maior valor a ser obtido na venda de atletas.

Em Portugal, a vantagem é já ter possibilidade de botar jogadores brasileiros no Anadia e, no futuro, poder exibir esses para times como Benfica, Sporting e Porto. São clubes com grande participação no mercado internacional de transferências.

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Em um mundo ideal, o grupo de clubes a ser montado pela consultoria irá investir por cinco anos para montar e estabilizar times. No prazo de dez anos, seria o momento de revenda para receber o dinheiro investido.

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