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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Com investidor sigiloso, fundo prevê R$ 1,1 bi para times de Liga até junho

Reunião da Liga Forte Futebol do Brasil (LFF) - Divulgação
Reunião da Liga Forte Futebol do Brasil (LFF) Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

28/04/2023 04h00

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O fundo Serengeti planeja fechar contratos com todos 26 clubes da Liga Futebol (LFF) até o meio do ano e pagar cerca de R$ 1,1 bilhão aos clubes. Esse é o valor aproximado de metade do investimento por 20% dos direitos de TV e comerciais do Brasileiro desses times a partir de 2025. Até agora 24 times já assinaram, faltam Internacional e ABC.

O Serengeti é um fundo com cerca de US$ 1,3 e 1,5 bilhão em ativos. O pagamento total aos clubes por uma Liga única é próximo de US$ 1 bilhão (R$ 4,85 bilhões), portanto, o fundo tem que contar com parceiros. O investimento tem recursos de três fontes: Serengeti, a corretora LCP e um fundo cujo nome é mantido em sigilo na operação. Ele foi trazido para a operação pelo Serengeti.

Juntamente com a corretora LCP, o plano Seregenti é comprar todos os 20% dos direitos do Brasileiro para fundar a Liga do Brasileiro a partir de 2025. A LFF tem nove clubes da Série A, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Goiás, Athletico, Cuiabá, Atletico-MG, Coritiba e América-MG.

Mas a Libra reúne outros 18 clubes, sendo 11 da Série A. São eles Flamengo, Vasco, Botafogo, Corinthians, Santos, Palmeiras, São Paulo, Red Bull Bragantino, Cruzeiro, Grêmio e Bahia. Não há acordo entre as partes e, assim, não haveria como fazer uma Liga única com nenhum dos dois investidores.

Há a intenção do Serengeti de atrair clubes para o acordo com a Liga Forte Futebol, o que parece um cenário difícil atualmente tal a cisão entre os grupos. Para isso, o objetivo do fundo é divulgar os dados sobre a proposta de distribuição mais igualitária de recursos entre os clubes, que já é conhecida. Na visão do investidor da LFF, só três ou quatro clubes se beneficiam do modelo econômico da Libra.

Em fevereiro, houve uma modificação no critério na distribuição de recursos entre clubes na Libra. Passou a vigorar um modelo com 3,4 vezes de diferença entre o que mais ganha e o que menos ganha em prazo de até cinco anos, com garantias a Flamengo e Corinthians. A LFF quer 3,5 vezes de diferença sem garantias. Há ainda divergências nos montantes recebidos pelos clubes no investimento inicial.

Um caminho alternativo para o Serengeti é negociar com o fundo Mubadala, investidor em fase final de negociações com a Libra. A questão é que o Mubadala rejeita essa ideia. E a terceira opção é reter os 20% dos direitos dos clubes da Liga Forte Futebol e negocia-los de forma centralizada.

É para isso que o fundo finaliza um acordo que acena com R$ 2,185 bilhões para esses clubes da LFF independente de sair a Liga única. Com todos os acordos fechados, a previsão do Serengeti é metade deste valor ser pago nas próximas semanas, isto é, entre maio e junho.

A visão do fundo Serengeti é que o investimento no futebol brasileiro se justifica porque há crescente valorização dos direitos de eventos esportivos e a o Brasileiro está depreciado. Isso porque, no mundo, os contratos sobem 25% ao ano em média, enquanto no Brasil, só 7%.

A avaliação é de que isso ocorre por dois motivos: 1) não há venda centralizada de direitos com concorrência de agentes internacionais 2) os clubes não conseguem reter seus principais talentos o que reduz valor de direitos como os internacionais.