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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Com pressão dos clubes, Carioca projeta receita maior: R$ 40 milhões

Taça do Campeonato Carioca 2021 - Alexandre Vidal/Flamengo
Taça do Campeonato Carioca 2021 Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

12/01/2022 04h00

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A organização do Campeonato Carioca tem sofrido críticas internas dos próprios clubes por receitas abaixo da expectativa. Como reação, a empresa Sportsview, responsável pela comercialização, finaliza uma série de negociações que vão elevar a renda da competição para um valor entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões. É um incremento para os bolsos dos times em relação ao 2021, embora ainda com diferença grande para o Paulista.

Com o final do contrato com a Globo, em 2020, a Ferj e os clubes tiveram de negociar um novo acordo para os direitos do Carioca, que valiam R$ 90 milhões. Houve indefinições e disputas políticas entre dirigentes até que fosse iniciada a venda no final de janeiro de 2021, a menos de um mês do início do campeonato.

Foi fechado um acordo de TV aberta com a Record, além de venda de pay-per-view por meio dos canais dos clubes e das operadoras. Esse contrato prevê que só podem ser transmitidos quatro jogos do Flamengo dos 11 da Taça Guanabara, uma restrição que foi exigência do próprio clube para turbinar a Fla TV. Isso limitou o valor do acordo.

Com isso, a receita final da competição somou estimados R$ 26 milhões, incluídos aí os valores arrecadados pelas TVs dos clubes. Com o maior percentual do público, o Flamengo ficou com cerca de R$ 14 milhões. Isso deixou outros times bem insatisfeitos, especialmente pequenos e o Vasco.

Para 2022, o contrato de TV Aberta vai aumentar para R$ 15 milhões. Além disso, estão próximos de ser fechados contratos comerciais que devem somar mais R$ 15 milhões, entre naming rights e parcerias comerciais com a Record. Pelo contrato de TV Aberta, o Carioca tem direito sobre cotas comerciais nas transmissões, o que vem sendo negociado em conjunto com a rede de TV.

Há expectativa do Carioca de arrecadação de um valor entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões com ppv, sem incluir aí os canais dos clubes. Motivo: aumentou o número de plataformas para vendas dos pacotes. Haverá o Cariocão Play, aplicativo de streaming que terá a adesão dos canais dos clubes grandes como Vasco e Botafogo. Além disso, a empresa Blackhawk, que negocia cartões de créditos de streaming, também terá os pacotes em seus cartões. São previstos ainda canais parceiros de famosos na Twitch.

O valor, no entanto, é inferior ao que poderia ser obtido com proposta da Globo para os clubes pelo pay-per-view do Carioca de 2022. A empresa projetava um ganho de R$ 45 milhões para os clubes e Ferj ao incluir o produto no Premiere. O valor pago seria calculado no número de adesões de torcedores dos times do Rio no pacote da empresa.

Essa proposta não foi para frente depois de uma reunião do Conselho Arbitral. Houve discussão entre dirigentes de clubes e da Ferj. Pesou o fato de a Globo condicionar o acerto à retirada de ação da federação contra a emissora pela rescisão do contrato anterior. A palavra final da federação foi decisiva para o negócio não ir adiante.

O contrato anterior até 2020, por sinal, é um ponto que gera insatisfação em parte dos clubes pelas condições financeiras atuais. O contrato dava R$ 90 milhões aos clubes, mesmo sem adesão do Flamengo. A Globo, ressalte-se, já não paga os mesmos valores por nenhum Estadual.

Há clubes que argumentam que a Sportsview, quando assumiu a comercialização do produto, prometera atingir esse montante na arrecadação na competição. Essa era uma projeção a longo prazo feita pela empresa em cima do valor potencial do campeonato. O contrato da Sportsview com a Ferj acaba em 2023, e ainda não há informação se será renovado.

Outro ponto que causou insatisfação entre alguns times foi a comparação das rendas do Carioca com a do Paulista. O campeonato de São Paulo fechou com quatro plataformas, YouTube, HBO Max, Record e Globo (Premiere). Em São Paulo, no entanto, não houve conflitos entre clubes e federação, a negociação ocorreu em consenso e de forma unificada.

No Rio, os clubes menores têm expectativa de que, com os novos acordos comerciais, comecem a ter uma receita maior vinda da TV Aberta. Isso porque, após economia nos gastos, o custo de produção das imagens caiu: era de R$ 6,4 milhões e foi para R$ 3,8 milhões. Com isso, há um aumento da fatia para as equipes de menor investimento.

A divisão do dinheiro de pay-per-view continuará igual, feita de acordo com o percentual dos torcedores. Em 2021, o Flamengo ficou com mais de 60% da receita dos pacotes pagos. O clube rubro-negro não tem demonstrado insatisfação com o modelo comercial do campeonato, ao contrário de Fluminense, Botafogo e Vasco.

Dos outros grandes, o Fluminense tem uma relação política bem ruim com a Ferj, o que dificulta a negociação desde o início. Já o Vasco tem se mostrado insatisfeito com os valores arrecadados.