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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Conflito clubes x Conmebol tem multas e ameaças por marketing e vídeos

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, ao lado de Danilo na final da Copa Libertadores da América  - Reprodução/Instagram
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, ao lado de Danilo na final da Copa Libertadores da América Imagem: Reprodução/Instagram

30/04/2021 06h00

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Com Léo Burlá

A relação conflituosa entre a Conmebol e os clubes envolve pressão e multas altas por supostos descumprimentos de normas de marketing e de vídeos nos estádios. Há reclamações dos dirigentes brasileiros sobre o tratamento dado por oficiais da entidade no campo e nos processos disciplinares na entidade. A Conmebol informa que as medidas estão previstas em regulamento assinado pelos clubes.

Na quinta-feira, o blog revelou que os clubes brasileiros tinham ficado irritados com o veto da Conmebol ao uso de seus patrocinadores em postagens em redes sociais sobre a Libertadores. Além disso, o regulamento da competição de 2021 impôs às agremiações que incluam os parceiros da entidade em suas publicações sobre o campeonato. Nenhum clube seguiu.

Na última edição, a Conmebol já vinha exercendo pressão sobre os clubes nas questões de marketing. Para isso, usa multas altas para impor suas posições.

Na final da Libertadores, houve multas por questões de marketing para Palmeiras e Santos. Cada um foi punido com US$ 50 mil (R$ 287 mil), valor que foi reduzido no comitê disciplinar para US$ 35 mil. As sanções estão na página da Conmebol. As justificativas foram que os clubes usaram indevidamente a marca da Libertadores.

Mas estão longe de ser casos únicos. Outros dois clubes brasileiros na Libertadores relataram pressão constante de oficiais da Conmebol com ameaças de multas durante os jogos. Isso ocorre na exibição de marcas no estádio, na internet e em credenciais.

Um dos pontos que causam maior reclamação são os vídeos. A Conmebol só permite filmagens no vestiário dos jogos. São proibidas imagens do aquecimento, corredores e outras partes do estádio, o que é comum em vídeos feitos em campeonatos como o Brasileiro e a Copa do Brasil. Segundo dirigentes brasileiros, não há nenhuma flexibilidade, nem negociação, só imposição.

Um funcionário de clube brasileiro relata que é por isso os vídeos de bastidores do jogo, populares entre torcedores de todos os times, são piores na Libertadores do que em outras competições. Em compensação, a Conmebol faz produção de imagens caprichadas para o seu canal porque tem acesso a todas as imagens. Do jogo, a entidade só cede 3% aos clubes, enquanto a Globo permite o uso de vídeos do Brasileiro nas redes sociais. Na prática, a Conmebol concorre com as mídias sociais dos clubes.

Outra reclamação é que, quando a Conmebol cumpre suas ameaças de multa, os processos são pouco transparentes. Não há critério claro para decisões e pouca chance de reversão das penas nas instâncias da entidade, segundo dirigentes ouvidos pelo blog. A avaliação de um cartola é que se trata de uma indústria de multas para morder cotas dos clubes brasileiros.

Por meio de seu departamento de comunicação, a Conmebol informou que as exigências de marketing e de vídeo não são arbitrárias e atendem demandas dos patrocinadores e detentores de direitos da Libertadores. Por exemplo, empresas que compraram os direitos d competição não permitem que sua exclusividade seja quebrada. A Conmebol esclareceu também que os clubes assinaram a carta da conformidade para aderir a Libertadores que prevê todas as regras do regulamento.