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Saída de Alexandre Mattos visa aumentar poder de mecenas no futebol do Galo

Alexandre Mattos e Sérgio Sette Câmara tratam polêmicas por baladas no Galo como assunto interno - Divulgação/Atlético-MG
Alexandre Mattos e Sérgio Sette Câmara tratam polêmicas por baladas no Galo como assunto interno Imagem: Divulgação/Atlético-MG

05/01/2021 04h00

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Com Thiago Fernandes

A rescisão do contrato com o diretor de futebol, Alexandre Mattos, teve como principal objetivo aumentar a influência no futebol do grupo de mecenas do Atlético-MG, incluindo a família Menin e Ricardo Guimarães. Foi uma segunda manobra nesse sentido depois da troca do candidato a presidente — Sergio Sette Câmara por Sergio Coelho. A intenção é que o grupo possa atuar diretamente na gestão do esporte com o técnico Jorge Sampaoli.

Desde o início do ano passado, Rubens e Rafael Menin, donos da MRV, do Banco Inter e da CNN, já emprestaram mais de R$ 200 milhões para o Atlético-MG para investimento em contratações, pagamento de salários e dívidas. O clube ainda é devedor de mais de R$ 100 milhões à família de Ricardo Guimarães, dono do BMG. Ainda faz parte do grupo de mecenas Renato Salvador.

No final do ano passado, o então presidente Sette Câmara, que tinha feito acordo com os Menins para ter o investimento, tinha a intenção de se candidatar à reeleição. Só que os mecenas atleticanos se incomodavam porque algumas vezes ele contrariou pedidos ou a vontade dos empresários.

Em uma ocasião, Sette Câmara se opôs à contratação de Villa, do Boca Juniors, pelo episódio de violência contra mulher. Em outra oportunidade, o então presidente se mostrou irritado quando o técnico Jorge Sampaoli foi a uma festa e depois houve um surto de Covid-19 no elenco e na comissão técnica. O grupo de empresários ficou ao lado do treinador.

Por isso, houve pressão política para que Sette Câmara não se candidatasse e um acordo pela chapa única de Sergio Coelho.

Em paralelo, o diretor de futebol, Alexandre Mattos, que foi levado pelo ex-presidente, também não concordou com determinadas orientações dos mecenas. E tinha relação desgastada com Sampaoli. Além disso, atuou ao lado dos jogadores em cobranças de salários atrasados, fato que se repetiu durante 2020. Em sua saída, Mattos exibiu mensagens de agradecimentos de atletas como Réver, Gabriel, Victor, Jair e Guilherme Arana.

Neste cenário, quando assumiu nesta segunda-feira (4), Sergio Coelho instituiu um colegiado para gestão do clube. O grupo inclui os quatro empresários e seu vice-presidente José Murilo Procópio. Esse conselho para atuar no futebol foi anunciado juntamente com a demissão de Alexandre Mattos.

A intenção é que o grupo de empresários atue diretamente na relação com Sampaoli, mesmo que venha a ser contratado um diretor de futebol. Um dos nomes cogitados é Rodrigo Caetano, ex-Internacional, que ainda não foi contatado. Mas é certo que quem chegar vai ver a dinâmica dos pedidos do técnico argentino ocorrer diretamente aos empresários que gostam dessa relação próxima.

Alexandre Mattos não cabia nesta fórmula. Por isso, teve seu contrato, que acabava no final de 2021, rescindido.

Em nota do Atlético-MG, a explicação para a alteração na estrutura do futebol foi: "A mudança na diretoria de futebol converge para a nova política de gestão que vai permear o Galo nos próximos anos, com foco na austeridade administrativa, por meio das melhores práticas de governança; na reestruturação das categorias de base; na construção da Arena MRV; e na manutenção de um time profissional altamente competitivo."

O Atlético-MG acumulou pelo menos R$ 200 milhões em dívidas novas durante a temporada de 2020 porque gastou com contratações sem ter aumentos de receita ou geração de caixa para isso.