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Renato Mauricio Prado

Derrota injusta não invalida boa estreia de Rogério Ceni no Flamengo

Rogério Ceni lamenta gol da vitória do São Paulo, após falha de Hugo - André Mourão/Foto FC/UOL
Rogério Ceni lamenta gol da vitória do São Paulo, após falha de Hugo Imagem: André Mourão/Foto FC/UOL

12/11/2020 10h06

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Uma bola mal atrasada por Léo Pereira e uma falha infantil do jovem e promissor goleiro Hugo transformou em derrota a estreia de Rogério Ceni no Flamengo. Pelo que os dois times apresentaram, no bom jogo que disputaram pela Copa do Brasil, no Maracanã, uma vitória carioca seria o resultado mais justo. Mas assim é o futebol, o São Paulo venceu e precisa agora só de um empate, na próxima quarta-feira, no Morumbi. Ainda assim, apesar do revés, o torcedor rubro-negro tem motivos para elogiar o início do trabalho do seu novo treinador.

Saber que ele se preocupou em dar um treino tático de uma hora e meia, no Ninho do Urubu, no dia do jogo, e que teve o cuidado de conversar antes com os jogadores, para saber como eram o esquema tático e os treinamentos de Jorge Jesus e qual a forma que preferiam atuar, é mais do que suficiente para o otimismo. E o que se viu, durante os 90 minutos de seu jogo inicial, também.

Bruno Henrique e Gabriel, por exemplo, voltaram a jogar como uma dupla de ataque, revivendo a parceria mortal de 2019 e início de 2020. E, mesmo ainda longe da forma física e técnica ideal, já foram capazes de criar, juntos, vários bons lances, um deles no gol de empate. Ceni, ao que tudo indica, exorcizou o tal jogo posicional que engessava Bruno na esquerda e o obrigava a correr atrás do lateral adversário. E a tendência, daqui pra frente, é que os dois recuperem rapidamente o melhor futebol.

É verdade que, antes de a bola rolar, algumas escolhas do novo técnico deixaram parte da torcida de cabelo em pé, como o renascimento da dupla de zaga formada por Gustavo Henrique e Léo Pereira. Mas, atuando bem mais protegidos, eles não foram desastrosos, como nos tempos de Dome.

Léo Pereira foi o autor da fatídica recuada para o goleiro, que causou a derrota, mas se Hugo tivesse dado um chutão pra frente, nada teria acontecido. A tendência natural é que a insegurança da defesa seja superada com a volta de Rodrigo Caio, muito provavelmente ao lado de Natan, que, creio eu, Ceni logo deverá perceber ser melhor do que os dois que escalou na estreia.

Mas por que ele os escalou, bem como optou por Diego Alves e Renê, na lateral-esquerda, em vez de usar os jovens e talentosos Hugo e Ramon? Certamente porque quis ganhar os "veteranos" que dominam o "vestiário", ou seja, o elenco. Aos poucos, porém, creio, os melhores prevalecerão.

Um dado interessante do "novo" Flamengo de Rogério foi a formação ofensiva, com Vitinho flutuando, com liberdade, entre o meio-campo e o ataque (posição em que Dome chegou a escalá-lo) e Michael mais aberto pela esquerda. Na prática, o Flamengo tinha quatro atacantes, flertando com um 4-2-4 que, eventualmente, se transformava em 4-3-3. E pressionava bastante a saída de bola do São Paulo - esteve para marcar algumas vezes, graças a esse expediente. Faltou precisão na hora de concluir. Só isso.

Outra boa notícia na derrota foi a capacidade de Ceni "ver" bem o jogo, ao contrário de seu antecessor catalão. Quando Gabigol cansou, no segundo tempo, e o São Paulo começou a mandar no meio-campo, ele retirou o artilheiro e colocou Thiago Maia, alteração que, a princípio, podia parecer defensiva. Não era. Dome, muito provavelmente (pelo seu histórico), teria apenas trocado o artilheiro por Lincoln...

Com a mexida de Ceni, Arrascaeta passou a fazer a dupla de ataque com Bruno Henrique e Thiago Maia recompôs o meio, devolvendo ao rubro-negro o controle da partida. Depois, com Vitinho exausto (foi o melhor jogador do Flamengo em campo), entrou Pedro Rocha. E o Flamengo parecia bem perto do segundo gol, quando Léo Pereira e Hugo fizeram a lambança que Brenner aproveitou para marcar e dar a vitória ao São Paulo.

É obrigatório registrar que o time de Diniz, em clara evolução, se tornou um real candidato aos títulos que ainda disputa: a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Graças, principalmente, à garotada da base que o técnico, enfim, percebeu compor o seu melhor arsenal. Brenner, então, é um artilheiro de atilado faro de gol. Quantos atacantes teriam insistido na jogada após o recuo de Léo Pereira?

Na Copa do Brasil, entretanto, nada está decidido. Só a certeza de que o próximo duelo entre São Paulo e Flamengo, agora no Morumbi, tem tudo para ser um novo jogão. Façam suas apostas.