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Renato Mauricio Prado

Robinho, ídolo de pés de barro, precisa ser banido do futebol

Robinho é anunciado pelo Santos - Divulgação/Santos FC
Robinho é anunciado pelo Santos Imagem: Divulgação/Santos FC

16/10/2020 16h06

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Num país onde o futebol é quase uma religião, jogadores bem-sucedidos costumam ser encarados como ídolos, heróis, quase santos — vide a devoção com que os torcedores do Flamengo até hoje comemoram um natal particular no dia 3 de março, data de aniversário de Zico, visto como o "messias" que levou a "nação rubro-negra" às maiores glórias de sua história.

No mundo inteiro, craques carismáticos se tornam espelhos para crianças e jovens. Atualmente por aqui Gabigol talvez seja o exemplo mais bem acabado de tal fenômeno, vide o número de garotos (alguns até torcedores de outros times) que o adoram e até descolorem os cabelos para que fiquem "iguais" aos do artilheiro.

Com seu futebol talentoso, sua cara de eterno garoto, seu riso aberto e franco e suas inesquecíveis pedaladas, Robinho já foi um ídolo assim. Não pode ser mais. Se ainda havia alguma dúvida sobre sua efetiva participação no estupro coletivo praticado por ele e seus amigos, numa boate em Milão, ela se dissipou, graças à estupenda reportagem de Lucas Ferraz, publicada no GE.com, baseada nos autos do processo onde o jogador foi condenado em primeira instância.

Os diálogos gravados pela polícia italiana são estarrecedores, nojentos, repugnantes. Revelam detalhes do crime hediondo e uma faceta sórdida de um ser humano que nada tem a ver com a imagem de bom moço, que sempre cultivou no mundo do futebol e no imaginário da torcida.

Não há desculpa possível, não há como inocentá-lo. E, por isso, não há também como admitir que o Santos mantenha a absurda contratação dele, entregando-lhe chuteiras e uniforme para que volte a "pedalar" pelos gramados, encantando crianças e jovens.

Robinho não pode mais ser ídolo ou exemplo de nada. Jogou o ocaso de sua carreira no lixo e, diante da gravidade do que fez e da indiferença com que tratou a triste história, não merece a absolvição dos torcedores, em troca de um punhado de gols ou boas atuações.

Rico, graças ao dinheiro que ganhou honestamente com o futebol, Robinho não precisa mais trabalhar e o futebol também não precisa mais dele. Que vá resolver seus problemas com a Justiça e com a própria consciência — se é que ainda a tem (os asquerosos diálogos em que tentava se justificar e encontrar formas de escapar da acusação, indicam que não).

Nossos meninos não merecem ser expostos a ídolos de pés de barro, a santos de pau oco. E Robinho, infelizmente, se tornou um deles.