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Renato Mauricio Prado

Vendo Diniz e Luxemburgo, como não apostar em Domènec?

Rubens Chiri / saopaulofc.net
Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc.net

30/07/2020 04h00

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As melancólicas atuações do São Paulo de Fernando Diniz (eliminado por um destroçado Mirassol, em pleno Morumbi) e do Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo (classificado, na bacia das almas, diante do igualmente desfalcado Santo André, no Allianz Parque) serviram como resposta contundente a uma pergunta que, no início da semana, sabe-se lá o porquê, começou a aparecer com insistência nas mesas redondas da TV: "não há nenhum treinador brasileiro capaz de suceder Jorge Jesus, no Flamengo"? Se a intenção for, como deve ser, tentar preservar o nível de excelência alcançado pelo Mister no rubro-negro, a resposta óbvia é NÃO!

Diniz e Vanderlei estão entre os mais badalados treinadores tupiniquins do momento. Dirigem dois dos elencos mais fortes e caros do país. Mas nem um nem o outro consegue fazer seus comandados praticarem um futebol minimamente aceitável, mesmo diante de adversários muito mais fracos e montados às pressas, pois seus times foram depenados durante a paralisação causada pela pandemia (18 jogadores saíram no Mirassol e 8 no Santo André).

São Paulo e Palmeiras são equipes burocráticas, ultrapassadas em termos táticos e absolutamente incapazes de empolgar o mais fanático dos torcedores. Como tem se mostrado também o Corinthians de Tiago Nunes, outro dos chamados "professores de ponta" daqui. Pior: nas entrevistas pós-jogo, todos apelam para as mesmas desculpas surradas do tipo "o adversário se trancou, jogou por uma bola" e coisa e tal. Jamais admitem os próprios erros ou enxergam suas limitações.

A atuação do São Paulo de Diniz foi deplorável diante do Mirassol. Até levar os dois primeiros gols, o tricolor paulista não tinha dado nem sequer um chute a gol! Como de hábito, dominava a posse de bola e se limitava a tocar para os lados, sem objetividade alguma. Cruzamentos altos sobre a área eram as únicas jogadas ofensivas.

Na base do desespero, ainda chegou ao empate e, quando os times foram para o vestiário, o mínimo que se esperava era que virasse o jogo, no segundo tempo. Não virou porque retornou ao gramado com a mesma pachorra exibida até sofrer os gols. Acabou castigado num chute espetacular de Daniel Borges, após saída atabalhoada de Tiago Volpi.

Já o Palmeiras começou a errar na escalação. Contra um adversário que, sabidamente, iria a campo apenas para se defender, Vanderlei escalou três volantes no meio-campo: o veterano Ramires e os jovens Patrick de Paula e Gabriel Menino. Capacidade de criação zero. O placar em branco nos 45 minutos iniciais foram um justo castigo à tamanha covardia. Após o intervalo, o técnico, enfim, colocou dois meias: Lucas Lima e Gustavo Scarpa. Mas nenhum dos dois entrou bem até porque, fica cada vez mais evidente, não há jogadas ensaiadas, não há um plano tático, não há nada.

Como o próprio Luxemburgo confessou na entrevista, após a suadíssima vitória, "o negócio é tocar de um lado pro outro, até surgir uma oportunidade para enfiar uma bola mais vertical"... Quanta modernidade! Que estrategista!

Basta conhecer dois tostões de futebol para perceber que Vanderlei Luxemburgo se mostra mais perdido que cachorro que caiu de mudança. Não faz a menor ideia de qual dever ser o seu onze titular, troca a escalação sem parar e isso, naturalmente, deixa o elenco inteiro inseguro e incapaz de jogar o seu melhor futebol.

A verdade é que os treinadores brasileiros pararam no tempo e no espaço, como demonstraram de forma cabal Jorge Jesus e Sampaoli, no último Brasileiro. Faz muito bem o Flamengo em ir buscar Domènec Torrent para dirigir o time campeão brasileiro e da Libertadores. Se o catalão mantiver o rubro-negro jogando 50% da bola do ano passado, nenhum dos times dirigidos por brasileiros o ameaçará.