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Renato Mauricio Prado

São Paulo e Palmeiras à caça do Fla

Gabriel Barbosa, jogador do Flamengo, disputa lance com Juanfran, do Sao Paulo, durante partida pelo Campeonato Brasileiro - Thiago Ribeiro/AGIF
Gabriel Barbosa, jogador do Flamengo, disputa lance com Juanfran, do Sao Paulo, durante partida pelo Campeonato Brasileiro Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

24/02/2020 04h00

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O fulgurante início da temporada do Flamengo, que já conquistou duas taças (a Supercopa do Brasil e a Taça Guanabara) e pode faturar uma terceira (a Recopa Sul-americana), não deixa dúvidas de que o atual campeão brasileiro e da Libertadores (agora reforçado por um banco de reservas de grande qualidade) será mesmo o time a ser batido em todas as competições das quais participará em 2020. E, pelo que se tem visto nos primeiros jogos do ano, poucos podem ser vistos como adversários realmente capazes de lhe fazer frente.

É claro que até o início do Brasileirão alguns reforços podem ser contratados, o trabalho dos treinadores evoluir e o panorama se modificar um pouco - mas não creio em mudanças radicais. E diante das dificuldades iniciais de Grêmio e Internacional, no Sul (ambos patinando bem mais que o esperado); do desmanche do Athletico, no Paraná, e do início claudicante do Atlético Mineiro, de Dudamel, em Minas, tudo leva a crer que os principais rivais do Mais Querido virão mesmo de São Paulo, pois seus claudicantes coirmãos cariocas nem de longe o assustam.

Mas mesmo entre os paulistas não são todos que pintam como adversários à altura da poderosa e super bem-sucedida equipe do português Jorge Jesus. Por exemplo, o Santos, dirigido por seu conterrâneo Jesualdo Ferreira é até agora uma decepção. Com elenco enfraquecido em relação ao do ano passado, esquema tático absolutamente convencional e sem dinheiro para reforços de peso, dificilmente a turma da Vila Belmiro repetirá o brilhante vice dos tempos de Sampaoli.

O Corinthians, de Tiago Nunes, é outro que tem começo de temporada frustrante. A vexatória eliminação na pré-Libertadores e as atuações opacas no Paulista já deixam a torcida irritada e fazem nascer rumores de que entre os jogadores o ambiente não é dos melhores, com queixas a respeito do estilo do novo treinador e de sua cartilha disciplinadora. Em termos de novidades, se o meio-campo colombiano Cantillo se mostra um ótimo reforço, o mesmo não se pode dizer do caro e badalado Luan, que segue irregular e errático como em seus últimos anos no Grêmio.

Por mais que Tiago defenda o "desempenho" corintiano, segundo ele, muito melhor que os resultados, o aproveitamento de apenas 38,1% no estadual (duas vitórias, dois empates e três derrotas) depõe contra ele e reforça o tamanho de seu erro ao não querer assumir o Corinthians, no ano passado, quando teria tempo de sobra para conhecer bem o elenco e começar a implantar a famosa mudança de filosofia - da reativa e bem-sucedida época de Mano, Tite e Carille, para a ofensiva, de seus tempos de Athletico campeão da Sul-americana e da Copa do Brasil.

Restam, então, o São Paulo e o Palmeiras, que me parecem os únicos capazes de enfrentar o Flamengo com possibilidades de superá-lo, principalmente nas competições de mata-mata, como a Libertadores e a Copa do Brasil - no Brasileiro de pontos corridos as chances de ambos diminuem. Sem dúvida, Fernando Diniz e Vanderlei Luxemburgo contam com os elencos mais fortes e fartos, depois do rubro-negro carioca.

No tricolor paulista, Daniel Alves se mostra cada vez mais à vontade no meio-campo; Tiago Volpi soluciona, de uma vez por todas, a viuvez de Rogério Ceni e Alexandre Pato, sim, ele mesmo, dá sinais de renascimento! Junte-se a eles a garotada boa que vem da base e, mesmo com a saída de Antony no meio do ano, Diniz tem condições de montar um time insinuante e bem interessante. Resta saber se o técnico conseguirá superar a fama de jogar bonito e... perder, como aconteceu até agora em sua carreira.

Por fim, goste-se ou não de Vanderlei Luxemburgo, é forçoso reconhecer que o treinador palmeirense parece ser, nesta temporada, o maior obstáculo à consagração definitiva de Jorge Jesus no futebol brasileiro. Suas opções ofensivas são de respeito, com Dudu, Luís Adriano, William, Veron e agora Roni, a defesa está bem arrumada, com Felipe Melo parecendo adaptado à zaga, e se o meio-campo ainda carece de um talento que faça a diferença (por mais que insista em Lucas Lima), dispõe de bons jogadores como Bruno Henrique, Zé Rafael e Rapahel Veiga, que o treinador, em sua conhecida megalomania, já diz que jogam como Kroos, Schweinsteiger e Khedira - trio de meio-campo da Alemanha, na Copa de 2014. Menos, bem menos.

Delírios à parte, ainda assim o Palmeiras vai pintando como a mais forte ameaça ao Flamengo. Inclusive porque a obsessão do técnico em provar que não está obsoleto e é capaz de superar o badaladíssimo e vitorioso treinador português o fez buscar assistentes mais modernos, como Maurício Copertino, se render aos softwares de análise de desempenho e voltar a focar 100% no trabalho de campo, como nos seus velhos e bons tempos.

O jogo agora é pesado. E não está mais no pano verde do pôquer. Luxemburgo quer pagar pra ver.

Vergonha 1

Juninho Paulista deveria ter se demitido ou posto para fora pela CBF, após o jornalista Lúcio de Castro, em sua Agência Sportlight, revelar em primeira mão que ele se mantinha como beneficiário dos lucros do Ituano, clube do qual foi dirigente e que vendeu o talentoso atacante Gabriel Martinelli para o Arsenal. O jogador deve ser convocado em breve por Tite e o Ituano lucrará com futuras transferências. Conflito ético e de interesses que Rogério Caboclo preferiu ignorar, bem ao estilo de seu antecessor e padrinho Marco Polo Del Nero, banido do futebol por corrupção.

Vergonha 2

Ao mesmo tempo em que anunciava, na CPI dos Incêndios, que pretendia se aproximar das famílias dos garotos mortos no incêndio no Ninho do Urubu, o Flamengo entrava na Justiça com um pedido de diminuição das pensões de R$ 10 mil mensais que paga a cada família.

Segundo reportagem do Lance! (que teve acesso aos autos do processo), o Flamengo sugere pagar, a partir de agora, apenas dois terços de um salário mínimo (o que equivaleria a R$ 696). Os "executivos" do clube entendem que, recebendo os R$ 10 mil mensais, as famílias se sentem "confortáveis" para não aceitar a proposta do Fla (que é de R$ 2 milhões por família).

A mesquinharia dos cartolas rubro-negros nesse triste caso não tem limites! E o presidente Rodolfo Landim ainda teve a cara de pau de dizer, após a conquista da Taça Guanabara, que agora estão dando "mais carinho" aos familiares dos meninos. Vergonha!