Rafael Reis

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Como Fluminense e City foram da Série C à final do Mundial em 24 anos

A decisão do Mundial de Clubes da Fifa, hoje, a partir das 15h (de Brasília), é o ponto final da trajetória que tirou Manchester City e Fluminense do fundo do poço para levá-los até o alto do cenário futebolístico.

Vinte e quatro anos atrás, em 1999, as duas equipes que agora duelam pelo posto de "melhor do planeta" viveram o momento mais delicado de suas centenárias histórias e precisaram disputar a terceira divisão dos campeonatos nacionais dos seus países de origem.

Ambos conseguiram deixar a Série C depois de apenas uma temporada por lá. E, desde então, não pararam mais de subir. Só que essa escalada de sucesso, que agora pode ser consagrada com o inédito título mundial, foi marcada por polêmicas e questões mal resolvidas que até hoje são utilizadas como provocação por torcedores rivais.

"Virada de mesa"

Campeão da Série C do Brasileiro em 1999, o Fluminense participou da primeira divisão já no ano seguinte. A "mágica" aconteceu porque quem organizou o campeonato nacional em 2000 não foi a CBF, mas sim o Clube dos 13.

E a entidade resolveu colocar no módulo principal do torneio (azul) todos os seus integrantes. Com isso, o Flu foi resgatado direto para a elite sem precisar vencer a segundona.

Essa "virada de mesa" costuma ser relembrada pelos adversários depois de cada resultado expressivo alcançado pela equipe tricolor. A frase recorrente é que o clube carioca ainda deve uma Série B ao futebol brasileiro.

Depois que voltou à elite, o Fluminense nunca mais foi rebaixado e ganhou duas edições da Série A (2010 e 2012). Nos últimos quatro anos, estabilizou-se na metade de cima da classificação do Brasileiro. E, no mês passado, venceu pela primeira vez a Copa Libertadores da América, que lhe valeu o passaporte para o Mundial.

"Doping financeiro"

Ao contrário do Fluminense, o City nunca havia sido realmente tratado como uma potência em seu país antes da fase atual.

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Tradicionalmente relegados ao posto de time número 2 de Manchester, os Citizens obtiveram duas promoções seguidas e retornaram à Premier League em 2000/01. Depois, tiveram mais um rebaixamento e outro descenso até se estabelecerem na elite em 2002/03.

Mas o clube só entrou mesmo na briga por títulos e se transformou em grande depois que foi comprado por um fundo de investimentos ligado ao governo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), em 2008.

Desde então, o City levantou 21 troféus e mais do que quadruplicou o número de títulos ingleses (tinha dois, agora possui nove). Na temporada passada, conquistou de forma inédita a Liga dos Campeões da Europa, objetivo número um dos seus donos.

Tudo muito lindo, certo? Na verdade, não. O clube é frequentemente acusado de se beneficiar de um esquema de "doping financeiro" e burlar as regras de Fair Play Financeiro.

Por conta disso, chegou a ser banido pela Uefa das competições europeias (reverteu a punição na Corte Arbitral do Esporte) e está sendo investigado pela Premier League por supostamente ter burlado as regras da elite inglesa em mais de 100 oportunidades. Caso condenado, o time pode até ser rebaixado para a segunda divisão.

Edição de despedida

A partida entre Fluminense e Manchester City, no estádio Rei Adbullah, em Jeddah (Arábia Saudita), será a última do Mundial no formato atual, que vem sendo utilizado seguidamente desde 2005.

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A partir da próxima temporada, ele será substituído por dois outros torneios: a Copa Intercontinental, que será disputada anualmente pelos campeões de cada continente (o vencedor da Europa jogará só a final), e um "Super Mundial", de periodicidade quadrienal.

Essa competição contará com a participação de 32 clubes (os vencedores dos torneios continentais no período de quatro anos, além de classificados por índice técnico). Sua edição de estreia será realizada em 2025, nos Estados Unidos. Fluminense e City, assim como Palmeiras e Flamengo, já têm vaga garantida.

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