Topo

Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

O que aconteceu com o New York Cosmos, o time que Pelé defendeu nos EUA?

26/12/2022 04h00Atualizada em 26/12/2022 13h14

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ao longo de duas décadas de carreira nos gramados, Pelé só defendeu dois clubes.

Nas primeiras 18 temporadas como profissional, o Rei do Futebol jogou pelo Santos, equipe pela qual disputou mais de mil partidas e conquistou duas dezenas de títulos, inclusive um bicampeonato da Libertadores e outro do Mundial de Clubes.

Já na reta final da sua trajetória como jogador, entre 1975 e 1977, o camisa 10 mais famoso de todos os tempos fez parte de um projeto megalomaníaco que visava popularizar o futebol nos Estados Unidos e mostrar que esporte, entretenimento e business podem caminhar lado a lado.

Comandado pela Warner (essa mesma, a empresa que possui no seu catálogo atual de atrações os heróis da DC, como Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha), o New York Cosmos levou para o "soccer", na segunda metade da década de 1970, alguns dos grandes nomes da modalidade.

Além de Pelé, também passaram pela equipe nova-iorquina o ex-lateral direito Carlos Alberto Torres, companheiro do Rei na seleção tricampeã mundial na Copa-1970, o craque alemão Franz Beckenbauer, o holandês Johan Neeskens e o italiano Giorgio Chinaglia.

Só que o Cosmos acabou sendo um projeto naquela linha do "foi bom enquanto durou". Em 1984, com o encerramento da NASL (North American Soccer League), o campeonato que disputava e que, apesar da presença de tantos astros, não conseguia ser lucrativo pela falta de hábito do torcedor norte-americano com a modalidade, deixou de ser um time de futebol de campo.

Mesmo que sem o elenco peso-pesado dos melhores momentos da sua história, o clube ainda teve sobrevida de uma temporada atuando em uma liga de "showbol", aquele futebol indoor disputado em quadras reduzidas (seis atletas para cada lado) e que tem como particularidade a ausência de linhas demarcando o campo de jogo (a bola pode bater na parede que continua em ação).

Mas, em 1985, o Cosmos realmente fechou as portas... e assim permaneceu por duas décadas e meia.

Em 2009, os proprietários da marca, que já não estava mais nas mãos da Warner, aceitaram vendê-la para Paul Kemsley, um antigo vice-presidente do Tottenham, que abraçou a missão de recriar o histórico time.

Assim como havia feito no passado, o Cosmos logo tratou de se aliar a grandes nomes do futebol. Pelé foi contratado como presidente de honra do novo clube, Carlos Alberto e Chinaglia ganharam postos de embaixadores e o francês Éric Cantona, uma lenda do Manchester United, virou seu garoto-propaganda.

Durante os primeiros três anos da sua reconstrução, o time jogou apenas um ou outro amistoso. Em 2012, veio o primeiro baque para quem sonhava com o surgimento de uma nova força: o Cosmos anunciou que não disputaria a MLS (Major League Soccer), principal liga de futebol dos EUA, mas, sim, a NASL, competição de menor importância e que, na época, tinha a relevância de uma segunda divisão.

Apesar disso, a reedição da equipe nova-iorquina ainda conseguiu atrair alguns grandes nomes (embora bem menos relevantes do que os integrantes do projeto original), como Raúl, maior artilheiro da história do Real Madrid antes da "era Cristiano Ronaldo", o volante Marcos Senna, campeão da Euro-2008 pela seleção espanhola, e o venezuelano Juan Arango, que fez uma carreira de relativo sucesso na Europa.

Nos quatro primeiros anos disputando a NASL, o projeto conquistou três títulos. Mas, enfrentando a concorrência de outros dois times em Nova York, o Red Bulls e o City, que estão na MLS, jamais conseguiu emplacar na comunidade local e empacou em uma média de público na casa dos 5 mil torcedores por partida.

Quando a liga que disputava entrou em processo de falência e parou de ser disputada, em 2018, o Cosmos foi junto, dispensou todos os jogadores que tinha sob contrato e ficou em hiato durante duas temporadas.

Ainda houve uma retomada em 2020, na NISA (National Independent Soccer Association), um campeonato equivalente ao terceiro escalão do futebol dos EUA. Mas a experiência durou só alguns meses.

Por causa da pandemia da covid-19, o Cosmos decidiu novamente interromper suas atividades. E, apesar de a liga estar sendo disputada normalmente há dois anos, não há mais nenhuma notícia a respeito da participação do time que um dia foi a casa de Pelé.