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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como Oscar se transformou no 'último astro' do futebol chinês

Oscar tem contrato com o Shanghai Port até 2024 - Reprodução/Instagram
Oscar tem contrato com o Shanghai Port até 2024 Imagem: Reprodução/Instagram

02/03/2022 04h00

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Houve um momento, durante a década passada, que o Campeonato Chinês era uma espécie de "liga das estrelas". Hulk, Paulinho, Renato Augusto, Miranda, Ramires, Carlos Tevez, Javier Mascherano, Ezequiel Lavezzi, Ricardo Carvalho, Nicolas Anelka, Didier Drogba, Gervinho, Axel Witsel, Yannick Carrasco e Nicolas Anelka foram alguns dos astros que disputaram Copa do Mundo e deram as caras na liga do país mais populoso do planeta.

Mas todos eles já foram embora da China. Todos, menos um: Oscar.

Contratado do Shanghai Port (que na época se chamava Shanghai SIPG) há cinco anos, o camisa 11 da seleção brasileira na Copa-2014 se transformou em uma espécie de último astro internacional do futebol do gigante asiático.

Oscar é o jogador mais caro da história da China. Para tirá-lo do Chelsea, clube que defendeu entre 2012 e 2016, foi necessário um investimento de 60 milhões de euros (R$ 345,1 milhões, na cotação atual).

Desde 2017 na Ásia, o meia já acumula 170 partidas, 50 gols, 93 assistências e dois títulos (o campeonato nacional de 2018 e a Supercopa chinesa do ano seguinte) pelo Port. Atualmente, ele é o capitão da equipe dirigida pelo técnico croata Ivan Leko.

Mas o fato de o brasileiro não ter seguido o mesmo caminho dos outros jogadores de fama internacional que abandonaram a China depois das restrições financeiras impostas pelo governo ao futebol local têm pouco a ver com seu sucesso dentro de campo.

O meia só está na Ásia até hoje porque essas políticas que visam restaurar a saúde financeira da modalidade no país e interromper as seguidas falências dos clubes da região ainda não começaram a afetar a quantidade de dinheiro que entra na sua conta.

Oscar renovou seu contrato com o Port no dia 1º de dezembro de 2019. Um mês depois, entrou em vigor uma regra que impede que os jogadores que atuam na China tenham salário superior a 3 milhões de euros (R$ 17,3 milhões) por ano.

Só que essa regra não tem ação retroativa. Ou seja, vale somente para que foram acordos firmados depois que ela entrou em vigor.

Por isso, o brasileiro poderá continuar recebendo normalmente os seus 24 milhões de euros (R$ 138,4 milhões) por temporada até novembro de 2024, quando seu vínculo com o clube de Xangai chega ao fim.

Como o meia já tem 30 anos, está afastado da seleção desde 2016 e ficou fora do radar do primeiro escalão do futebol internacional depois que se mudou para a China, é quase impossível que ele consiga um outro salário desse porte em algum outro lugar do planeta.

Assim, o caminho mais natural para Oscar é mesmo permanecer no Port até o fim do seu milionário contrato e, daqui a três anos, quando não puder mais fazer uma renovação de vínculo nos mesmos termos atuais, tentar uma vaguinha na Europa ou até retornar para o Brasil.

Na última janela de transferências, a volta do brasileiro ao Velho Continente para defender o Barcelona chegou a ser especulada pela imprensa espanhola. Para a surpresa de zero pessoas, o alto salário do jogador na Ásia minou qualquer possibilidade de a transferência ser concretizada.

A temporada 2022 da primeira divisão chinesa só começa no dia 22 de abril e vai até novembro. O Shandong Taishan (ex-Luneng) é o atual campeão nacional. E o Guangzhou FC (ex-Evergrande) continua sendo o maior vencedor da história da liga, com oito títulos.