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OPINIÃO

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Perrone: Repetição de racismo é resultado de punição branda ao Boca Juniors

Torcedor do Boca Juniors acusado de fazer saudação nazista durante jogo contra o Corinthians, - Reprodução/Twitter
Torcedor do Boca Juniors acusado de fazer saudação nazista durante jogo contra o Corinthians, Imagem: Reprodução/Twitter

29/06/2022 13h02

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Como já havia escrito neste espaço, ao multar o Boca Juniors em US$ 100 mil (R$ 521.730) por atos racistas de seus torcedores em jogo contra o Corinthians na Argentina, a Conmebol estimulou novos casos semelhantes. Dito e feito. O recado foi recebido por quem pratica tal estupidez e vimos novas cenas lamentáveis em Itaquera.

Na última terça (28), no empate sem gols entre os dois times, voltamos a ter torcedor do Boca preso sob acusação de injúria racial, com direito a pagamento de fiança, e até uma acusação de apologia ao nazismo.

São casos de polícia. Extrapolam a esfera esportiva. Porém, a Conmebol tem a obrigação de fazer a sua parte, que é tentar inibir essas práticas durante seus jogos.

Vale lembrar que os racistas não se manifestam só nas apresentações do Boca. Isso tem acontecido em diversos países em partidas da Libertadores e da Sul-Americana.

Se nem prisão assusta esses caras, imagine uma punição financeira para seus times? Penas brandas não vão ajudar a combater o racismo. Pelo contrário, continuarão a estimulá-lo.

E os clubes brasileiros precisam pressionar a Conmebol para agir com o rigor necessário.

A entidade mudou suas regras diante da atual onda racista em suas competições e passou a prever castigo com portões fechados ou com arquibancada parcialmente fechada.

Mas no primeiro julgamento depois da mudança a pena ao Boca foi só financeira.

O simples fato de haver previsão de arquibancada parcialmente fechada já indica uma vontade da Conmebol de não punir rigorosamente, na opinião deste colunista.

Não punir rigorosamente é igual a incentivar, que resulta no que vimos novamente na Neo Química Arena. Dá a impressão de que os racistas empregam uma rotina de banalização do racismo para que consideremos algo aceitável. Eles tentam vencer pela insistência. A reação precisa ser forte. E já vimos que não podemos contar com a Conmebol. A menos que clubes e confederações nacionais comprem essa briga de verdade.