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Como Palmeiras reduziu em cerca de R$ 47,5 mi dívida com Crefisa em 2021

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, em entrevista coletiva - Reprodução/YouTube
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, em entrevista coletiva Imagem: Reprodução/YouTube

05/05/2022 07h33

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As demonstrações financeiras do Palmeiras referentes a 2021 mostram que no ano passado o clube reduziu em R$ 47.489.000 a sua dívida com a Crefisa, empresa presidida pela atual presidente do clube, Leila Pereira. Em 31 de dezembro, o valor devido por conta de empréstimo feito pela parceira era de R$ 119.522.000, de acordo com o documento.

A redução do débito foi expressiva levando-se em conta que em 2020 tinham sido pagos R$ 14.932.000.

O balanço aponta que os cerca de R$ 47,5 milhões foram quitados com dinheiro obtido com vendas e empréstimos de jogadores e premiações que a própria Crefisa teria que pagar pelo desempenho esportivo do time. Ou seja, o bônus oferecido pela empresa da presidente pela conquista da Libertadores, por exemplo, nem chegou a entrar nos cofres do Verdão. Foi usado para o abatimento do débito.

Da dívida registrada em dezembro, R$ 8.691.000 foram incluídos no passivo circulante (débitos que precisam ser pagos até o final de 2022). Assim, no passivo não circulante foram anotados os R$ 110.831.000 restantes. A nota explicativa do balanço sobre a dívida do clube com a Crefisa detalha a situação afirmando que a liquidação do passivo circulante "está condicionada ao recebimento dos valores pela venda de atletas durante o exercício de 2022".

A explicação sobre o montante inserido no passivo não circulante diz que a dívida "corresponde aos empréstimos vinculados a outros atletas e o seu pagamento está condicionado ao término do contrato de trabalho [depois de 2022] ou quando ocorrer a venda deles".

O documento também registra que, do valor pago pelo clube em 2021, R$ 5.462.000 foram referentes a juros. Não é demais lembrar que a dívida existe porque no início da parceria a Crefisa topou ajudar o clube a contratar jogadores, sem contar o dinheiro que pagava para estampar a sua marca na camisa. Esses valores seriam devolvidos em eventuais futuras vendas. Caso novas transferências fossem feitas por quantias abaixo do investido, o prejuízo seria da empresa.

Em 2018, a Crefisa relatou ao clube que a Receita Federal analisou as operações, após uma denúncia anônima, e considerou que elas configuravam empréstimo, não aquisições de direitos de imagem para campanhas de marketing, como era até então. O contrato foi alterado para transformar os aportes da Crefisa em empréstimos.

"Com base nos aditivos contratuais celebrados em 2018 entre o Clube e sua patrocinadora master, Crefisa S/A - Crédito, Financiamento e Investimentos, determinadas transações realizadas originalmente como patrocínios foram alteradas para empréstimos vinculados à aquisição de determinados atletas do futebol profissional. Com isso, foi reconhecido nesta rubrica o saldo da obrigação a pagar acrescido de encargos financeiros (CDI) devidos até a data do balanço", diz nota explicativa sobre a operação.

A forma de pagamento é esclarecida pelas demonstrações financeiras conforme reproduzido a seguir.

"A liquidação desta dívida ocorrerá nas seguintes condições e prazos previstos nos correspondentes aditivos contratuais:

a) Em caso de venda do atleta: restituição do saldo devedor (principal e juros) será realizada após o recebimento deste pelo clube. Caso o valor do recebimento seja menor que o saldo da dívida, o clube deverá efetuar o pagamento da diferença em até 24 meses;

b) Em caso de término definitivo do vínculo trabalhista: o saldo devedor (principal e juros) será liquidado em até 02 anos contados da data do término definitivo do vínculo trabalhista entre clube e atleta".

A situação de Guerra ilustra o que explica o balanço. Ele saiu após o término de seu contrato e o Palmeiras passou a ter 24 meses para restituir a parceira.

Entre os jogadores atrelados à operação com a Crefisa estão Dudu, Luan, Lucas Lima, Carlos Eduardo, e Deyverson, que terá seu contrato encerrado em 30 de junho. Juninho fazia parte da relação e foi vendido no ano passado para o Midtjylland, da Dinamarca, gerando receita de R$ 5.057.000, segundo o balanço.

Borja também fazia parte da operação. Ele foi vendido no ano passado para o Junior Barranquilla, da Colômbia, e rendeu ao clube R$ 15.346.000.