Poderia falar por dias de Rita Lee, mas só queria desejar um feliz Natal

Véspera de Natal é um dia que mexe emocionalmente com todos pela importância religiosa da data, mas também pelas memórias de cada um de natais passados.

Os natais da minha família na minha infância eram fantásticos porque as festas eram demais.

A minha família era bem grande com muitos tios e tias, primas, minha avó, e já começava no jantar.

Sempre era na minha casa porque era maior e tinha um espaço fora enorme. Todas as festas de aniversários e datas de festa eram ali.

Tinha muita música, a gente brincava muito. Eu gostava de ganhar presentes, óbvio, mas o maior barato mesmo era curtir a festa e as brincadeiras.

Outro detalhe muito marcante e que mexe demais comigo é que o meu saudoso pai, Sr Walter Casagrande, também conhecido pelo apelido de Geléia nos campos da várzea, fazia aniversário no dia 25 de dezembro.

Meus pais, uma irmã, tios e minhas tias já faleceram. Só tenho uma tia, Hildinha, irmã da minha mãe, que ainda está com a gente.

Quando fui morar na Europa, os natais ficaram diferentes porque era só eu, minha ex-mulher e o meu primeiro filho, Victor, na primeira temporada de Itália, em 87/88.

Já nas próximas, 89/90,90/91,/91/92, tínhamos mais um participante que era o Ugo Leonardo, meu segundo filho. A partir de 93 entrou o Symon, terceiro filho, nessa história.

Ainda por muitos anos as festas continuaram sendo gigantes, porque eu tinha comprado um sítio aqui perto de São Paulo e tudo era lá com a participação dos meus amigos.

Esse pequeno resumo foi para dizer que quantas pessoas que conhecemos durante a nossa vida temos vontade de cumprimentar, desejar um feliz Natal, saúde e tudo mais.

Tenho um pensamento um pouco mais amplo em relação a desejar o bem para o próximo, que é o de fazer isso o ano todo e não em datas emocionais que nos deixam mais sensíveis.

Tenho vontade de dizer "boas festas" para várias pessoas que conheci na minha vida, mas tem uma pessoa que escolhi para representar todas nessa data.

Escolhi uma mulher que revolucionou o rock brasileiro e teve uma influência enorme na minha formação de estilo e ideologia de vida, inclusive nas roupas que visto: a rainha do rock, Rita Lee.

Por que ela? Porque adoro tudo que ela já fez na vida musical. E esses dias estou ouvindo discos dela lá do começo dos anos 70 que saem fantásticos.

Um dos dias mais marcantes da minha vida foi subir no palco do ginásio do Ibirapuera junto com o Magrão e o Wladimir e cantar uma música com ela.

Cara, para mim, estar ali ao lado dela foi um momento mágico.

Depois disso nos encontramos muitas vezes por aí em eventos da MTV.

Quando tinha uma página no Estadão que eu usava para conversar com diversas pessoas de todas as áreas, com ela foi espetacular. Rita Lee e Janis Joplin têm a mesma importância para mim.

Idolatro e para mim nunca terá nada igual no rock and roll.

Temos muitas coisas em comum, como sermos a ovelha negra da família.

Quantas pessoas até hoje se identificam com essa letra?

Poderia ficar escrevendo dias e dias sobre ela, sobre suas músicas, comportamentos, posicionamentos e coragem.

Então, como a escolhi como representante de todas as pessoas que conheci para cumprimentar, desejo à Rita Lee e toda a sua família, representando todas as famílias brasileiras, um feliz Natal e uma noite com muito amor.

Para terminar, vou deixar um trecho de uma música dela para essa noite de Natal, do disco Entradas e Bandeiras, de 1974.

Coisas da vida

"Quando a lua apareceu
Ninguém sonhava mais do que eu
Já era tarde
Mas a noite é uma criança, distraída"

Quando a lua aparecer nessa noite podem sonhar a vontade porque os sonhos não envelhecem como canta Milton Nascimento.