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OPINIÃO

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Uma exibição de gala na melhor final de Copa da história: Argentina é tri!

Colunista do UOL, em Doha (QAT)

18/12/2022 15h07

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A atmosfera e a energia do estádio Lusail já diziam que França e Argentina fariam uma partida histórica. Me sinto um cara privilegiado de estar aqui nesse estádio, presenciando uma exibição de gala das duas seleções, que sagrou a Argentina como tricampeã do mundo.

Confesso que estou com lágrimas nos olhos.

O primeiro tempo foi de total domínio da Argentina, com a seleção francesa só olhando, sem conseguir marcar e nem criar.

O dono do jogo da primeira parte da final foi Di María. Os franceses não conseguiram marcá-lo de nenhum jeito. Ele pegava a bola livre, aberto na esquerda, e armava toda a manobra de ataque.

Acelerava e freava o jogo quando queria, ia para o fundo, partia em diagonal, às vezes recuava a jogada, e foi assim até sofrer o pênalti para a excelente e tranquila batida de Lionel Messi.

Como se diz no futebol: o Di María colocou a bola debaixo do braço e mandou no jogo.

Pelo lado da França nada aconteceu, nenhuma jogada perigosa, e o Mbappé nem parecia estar em campo. A Argentina em alguns momentos colocou a França na roda e empurrou a seleção rival para a sua defesa.

Enquanto os sul-americanos saíam tocando a bola, com passes precisos e criativos, os europeus davam chutão para frente.

Não demorou muito tempo para sair uma jogada espetacular, com toques rápidos, inteligentes, para o melhor em campo disparado fazer o segundo gol. Di María deu show! Mérito de Lionel Scaloni, que foi audacioso e agressivo na escolha.

A última vez que vi um domínio tão grande no primeiro tempo de uma final de Copa foi em 1998, quando a França também fez 2 a 0 no Brasil. Fora o espírito de luta, a garra e o foco dos jogadores argentinos, fazendo total diferença no primeiro tempo. Espetáculo sul-americano!

Pensei comigo: se o Didier Deschamps não mudar a marcação no Di María, será goleada. Podemos dizer que Lionel Scaloni deu um nó tático no treinador francês no primeiro tempo.

No segundo tempo, a França melhorou um pouco e já conseguia trocar alguns passes, mas foi porque a Argentina diminuiu o ritmo e recuou para jogar no contra-ataque.

Se até esse jogo ainda não tinha parecido quanta falta estava fazendo Kanté e Pogba, essa final escancarou.

O meio-campo francês não jogou nada, tanto Rabiot quanto Tchouaméni não marcaram e nem saíram para jogar. Ficaram perdidos com a movimentação e a agressividade da dinâmica do meio-campo argentino, que não deixou os franceses verem a bola.

Pouco se viu de Griezmann e Mbappé em campo. Até faltarem 10 minutos para o fim.

A defesa argentina estava jogando demais, marcando forte e sem muitas faltas. Até o fraco Otamendi se deixar antecipar e perder na velocidade para fazer um pênalti infantil. Mbappé bateu bem, o ótimo goleiro Martinez até acertou o canto, mas não deu.

A França entrou no jogo. Logo depois, Messi perdeu a bola quase no meio de campo e, numa jogada rápida, com uma bela tabela, Mbappé empatou.

E aí tudo mudou. A França tomou conta do jogo e foi para cima.

Tudo bem, recuar para jogar no contra-ataque faz parte de uma estratégia que a grande maioria dos treinadores usa. Mas não pode deixar um time como a França entrar no jogo numa final de Copa do Mundo.

Depois do empate, o time francês até mereceu ganhar o jogo nos minutos finais. Se o primeiro tempo foi do Di María, o segundo foi do Mbappé.

Scaloni errou em tirar o Di María, que era o melhor do jogo e facilitava tudo para o Messi. Mas a última grande jogada antes da prorrogação foi um forte chute dele da entrada da área, para uma linda defesa do Lloris.

E veio uma prorrogação eletrizante. Nos primeiros 15 minutos, a Argentina já tinha sido melhor, criando umas duas chances importantes de gol. Mas foi no segundo tempo que o bicho pegou de verdade.

Quem tem Messi tem tudo, né? Sim! Numa bela jogada de contra-ataque e depois de uma belíssima defesa do Lloris cara a cara, a bola sobrou nos pés do camisa 10, que fez o terceiro gol argentino.

E tudo caminhava bem para a Argentina. Só que, quando tudo parecia acabado, o árbitro marcou outro pênalti para a França. Dessa vez, a pergunta era: quem tem Mbappé tem tudo? Também tem! Ele foi e fez o seu terceiro gol na final, e empatou tudo de novo.

Que jogaço de futebol! Que defesa de Martinez no final da prorrogação! Que gol perdeu o Lautaro Martinez logo na sequência! E que jogada estava fazendo Mbappé para acabar com tudo que poderia existir numa partida de futebol.

Fiquei aflito o jogo todo, como acho todos ficaram, até a chegada aos pênaltis.

Argentina campeã! Viva Messi! Viva a América do Sul! Maradona está girando a camisa em algum lugar do universo, tenho certeza.