Damares mentiu ou prevaricou? O Brasil precisa de uma resposta urgente

Depois da repercussão das falas da ex-ministra e senadora eleita Damares Alves, gostaria de falar aqui de um assunto muito sério. Aliás, um assunto grave, em que não estou ironizando e nem sendo sarcástico. Mas, infelizmente, Damares tem sérios problemas relacionados à sexualidade, e eu acho que ela deveria fazer um tratamento psiquiátrico e psicológico para entendê-los e tentar resolvê-los.

Presenciei, durante um ano de internação em uma clínica, diversos casos de meninos e meninas com questões de saúde mental relacionados à sexualidade. Volto a dizer: isso é um assunto muito sério, que não pode ser ignorado e que deve ser tratado adequadamente.

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Damares já afirmou ter sofrido abusos sexuais na infância, o que é lamentável. Mas sua história pessoal não tira a gravidade das coisas que ela tem dito durante muitos e muitos anos. Não sou psiquiatra para diagnosticar ninguém, mas as coisas que ela já falou, e continua falando, saem totalmente do pensamento comum. Com isso, demonstrou várias vezes que não tem condição alguma de assumir cargos públicos com a importância de um ministério ou de uma cadeira no Senado.

Ela vê sexo em tudo. Se, no fim de semana passado, falou em um culto evangélico sobre abusos sexuais de crianças da Ilha do Marajó, tempos atrás ela falava sobre desenhos animados — disse que a personagem Elsa, da animação Frozen, era lésbica, e que iria acordar a Bela Adormecida com um beijo gay. É tudo muito grave, assim como é grave o estado psicológico dessa pessoa. O que será que ela acha da Branca de Neve morando com os sete anões no meio da floresta? Tenho até medo de pensar.

O que ela vê não é uma coisa natural. As coisas que ela fala, sobre quaisquer assuntos, fogem completamente da realidade dos fatos. Ela se exalta e entra em euforia todas as vezes em que vai falar. E solta coisas inimagináveis. Por isso, Damares é a responsável pelas falas mais chocantes e assustadoras dos integrantes desse governo quando se trata de relações humanas.

E para aqueles que a elogiaram, dizendo que ela fez uma denúncia, quero dizer o seguinte: denúncias devem ser feitas para as polícias ou para o Ministério Público, com provas sobre os fatos. Mas ela disse o que disse num culto religioso, com o objetivo de manipular as pessoas por meio do medo e do horror. Toda a monstruosidade do que ela disse sobre as crianças da Ilha do Marajó é cruel e doentia.

O Ministério Público Federal já pediu explicações ou provas sobre os supostos abusos das crianças. Ela nunca procurou nenhuma autoridade sobre esse caso, e agora está calada. Porque se é verdade tudo o que ela disse e não levou às autoridades competentes, ela foi omissa, prevaricou. Onde está a coragem, a valentia, de quem queria algemar e prender governadores e prefeitos no auge da pandemia?

O poder nas mãos de pessoas prepotentes, arrogantes e más faz com que elas se sintam autorizadas a falar tudo o que quiserem. Só que sempre chega o momento em que elas passam do ponto. Essa senhora ultrapassou limites faz tempo, mas dessa vez ela conseguiu ir além, ao trazer uma história macabra e perversa, que envolve crianças de famílias muito humildes.

O Brasil quer investigações sobre essa pessoa de maneira urgente. Estou acompanhando tudo sobre esse caso e inclusive assinei um abaixo-assinado para que essa pessoa cruel não seja empossada senadora. Vale lembrar que, enquanto ela não assumir o mandato, não tem foro privilegiado.

Se Damares não for impedida agora, se novamente a impunidade prevalecer, ela irá destruir a integridade das famílias junto com os principais valores da sociedade brasileira. Não queremos isso.

Atualização:

Como eu escrevi acima, disse que ficaria bem atento aos desdobramentos das falas de Damares Alves. Pois bem: ao que tudo indica, realmente a ex-ministra de Bolsonaro está mentindo. Duas notícias desta quinta-feira (13) me levam a pensar isso.

Primeiro, porque relatórios de três CPIs que foram enviados pela assessoria da senadora eleita ao jornal O Estado de S. Paulo não têm qualquer menção aos horrores que ela descreveu no culto em Goiânia.

Segundo, porque a própria Damares, em entrevista à rádio Bandeirantes, disse que as tais denúncias de abuso sexual é assunto que "a gente ouve nas ruas, na fronteira". Ela disse que também que foram denunciados nas CPIs — as mesmas que os relatórios não trazem nada a respeito.

Por aqui, continuo acompanhando.