Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jogadores insistem em mostrar desprezo à política e desrespeito às mulheres
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Esses jogadores brasileiros... Mais uma vez mostrando todo o seu desinteresse pela política e pelo social. E, o pior, sendo coniventes com o desrespeito às mulheres.
Comecei a segunda-feira (26) lendo duas notícias aqui no UOL, e vou iniciar essa coluna falando da pior delas: a falta de entendimento da gravidade do crime que o Robinho cometeu, e pelo qual foi condenado a nove anos de prisão na Itália, pelo jogador Diego Ribas.
É um absurdo uma pessoa casada e com filhos ir se divertir jogando futevôlei com o Robinho nas praias de Santos. Aliás, todos que se relacionam com essa pessoa deveriam ter vergonha do que fazem.
Diego me surpreendeu negativamente por seu comportamento. Sei que é ativo em causas sociais e, por isso, não entendo a aceitação do que Robinho fez.
Nesse caso, não existe aquele ditado de "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", que muitos usam para justificar o injustificável. Não existe argumento para quem tira fotos sorrindo e se divertindo com um estuprador condenado.
Me desculpe, Diego Ribas, mas depois dessa, todas as mulheres deveriam te confrontar. Inclusive a sua esposa, porque é inaceitável essa conivência. Sim, conivência. Ficar ao lado de um criminoso é um desrespeito a todas as vítimas de estupro.
Para mim, esse deveria ser o fim da carreira do Diego Ribas como jogador de futebol. Não pode ter espaço no esporte para quem socializa numa boa com um estuprador condenado, e que não pagou por seu crime hediondo. O Flamengo precisa se posicionar, senão também será conivente.
A segunda notícia que li não me deixa indignado, porque este é um sentimento que tenho há décadas.
Há muito tempo eu cobro posicionamento cívico, político e social dos jogadores de futebol, principalmente daqueles que jogam na seleção. O próximo domingo (2) será um dia crucial para o futuro do Brasil. Será o momento de votarmos a favor do nosso país, e contra a destruição, o ódio, os preconceitos, a violência, as armas, entre tantas coisas horrendas desse desgoverno.
E aí, pasmem: 80% dos jogadores que estão fazendo parte da seleção brasileira nesta data Fifa não irão votar, como escreveram os jornalistas Igor Siqueira, Gabriel Carneiro e Thiago Arantes.
Patriotismo não é vestir a camisa da seleção, cantar o Hino e dizer que ama o Brasil. Amar a pátria é participar da política social do país.
Com a proximidade da eleição, lembro de uma ação super importante da Democracia Corintiana em 1982. Naquele ano, o Brasil teria suas primeiras eleições diretas para governador, em 15 de novembro, desde o início da ditadura. E o Corinthians foi a campo antes da eleição com a camisa que dizia: "Dia 15 Vote". Queríamos incentivar que as pessoas fossem votar, porque o Brasil ainda vivia sob a ditadura, e era preciso dar um recado nas urnas de que o país valorizava a democracia. Quase 40 anos depois, esse dia 15 de novembro de 1982 representa o 2 de outubro de 2022.
Não votar é um descaso ao povo brasileiro, e só confirma aquilo que venho falando faz uma cara: a maioria dos jogadores é egoísta, não pensa na população que vive aqui passando por dificuldades. Só se preocupam com o que têm, e não com o que os outros precisam. Indiferença total.
Para esses jogadores, tanto faz quem ganha uma eleição. E não se importam em votar ou não porque não precisam que alguma coisa mude. São ricos, comem do bom e do melhor, vivem em mansões, têm carros importados e até iates. Por que vão se preocupar com quem não tem o que comer e que precisa que o Brasil mude para terem uma vida melhor?
O lateral Alex Telles disse que não é hora de pensar em política e sim focar na Copa do Mundo. Verdade. Mas sr. Telles, votar não é falar de política: é um dever cívico, é ser cidadão, sabe? O sr. sabe como se comportar como cidadão, ou só como jogador?
Isso é um argumento falso para quem não vê importância em eleições diretas.
Obviamente esses jogadores são de uma geração que não viveu a ditadura militar e que, por sinal, pouco se preocupa em saber quantas pessoas morreram, foram torturadas e desaparecidas, para que hoje se pudesse votar para presidente.
Dá vontade de jogar a toalha nessa batalha para fazer com que os jogadores entendam a importância da participação deles na sociedade brasileira. Dá vontade, mas não desistirei de sempre colocar na mesa esse descaso e essa indiferença com quem mora aqui.
Só um último toque: vocês não nasceram ricos. Não são ingleses, franceses, espanhóis ou italianos. Sinto muito em informar que vocês são brasileiros e vieram de famílias humildes, como a maioria que vive hoje no pesadelo que é o governo covarde de Jair Bolsonaro.
E, mais uma vez, vou repetir: futebol não é só bola na rede. É preciso mais do que isso para ser um jogador completo. É preciso ser cidadão brasileiro.
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