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Após conquistar a Europa, Shevchenko levou a medalha ao túmulo do mestre

Shevchenko comemora o título da Liga dos Campeões em 2003, pelo Milan - /Michael Sohn/AP
Shevchenko comemora o título da Liga dos Campeões em 2003, pelo Milan Imagem: /Michael Sohn/AP

Vagner Magalhães

Do UOL, em São Paulo

24/02/2015 06h00

Na final da Liga dos Campeões 2002-2003, coube ao atacante ucraniano Shevchenko converter o pênalti que daria o título ao Milan, na disputa de penalidades contra a Juventus. No tempo normal, o jogo terminou empatado por 0 a 0. 

Após a conquista de 2003, Shevchenko viajou para Kiev para deixar a medalha de campeão sobre o túmulo daquele que ele considerava seu mestre, o técnico Valeriy Lobanovskyi, que o dirigiu como jogador do Dinamo. O treinador havia morrido um ano antes.

Duas temporadas depois ele não teve a mesma sorte. Após o Milan abrir vantagem de 3 a 0 contra o Liverpool no primeiro tempo, o time cedeu o empate na etapa final. Nos pênaltis, Shevchenko chutou o último de sua equipe no meio do gol, para defesa de Dudek. E o título foi para a Inglaterra.

Shevchenko nasceu na vila de Dvirkivschyna, província de Kiev, na antiga União Soviética. Ele se mudou para Kiev aos 10 anos depois do acidente nuclear de Chernobyl. Por conta do acidente, várias regiões tiveram de ser esvaziadas e o garoto, que gostava de jogar golfe e praticar hóquei no gelo, acabou se dedicando ao futebol.
 
A história de Shevchenko na Liga dos Campeões começou a ser escrita na temporada 1997/1998, com a camisa do Dinamo. Naquele ano, ele marcaria três dos quatro gols da equipe contra o Barcelona de Figo e Rivaldo, na vitória por 4 a 0, ainda na fase classificatória.
 
Na temporada seguinte, nas quartas de final, o Dinamo eliminou o Real Madrid, que defendia o bicampeonato. Depois do empate de 1 a 1 em Madri, o time ucraniano venceu por 2 a 0 em Kiev. Nos jogos de ida e volta, os três gols foram marcados por Shevchenko.
 
Na semifinal, o adversário foi o Bayern de Munique. Na ida, empate de 3 a 3, em Kiev. Shevchenko marcou duas vezes. Na volta, o 1 a 0 para os alemães pôs fim ao sonho ucraniano. Mas ele foi eleito o melhor jogador da Liga dos Campeões de 1999.
 
As boas atuações no time ucraniano fizeram com que no mesmo ano ele fosse contratado pelo Milan. E foi no clube italiano que ele viveu os melhores momentos da carreira, entre 1999 e 2006, período em que marcou 173 gols.
 
Em 2004, a revista France Football premiou o craque com a Bola de Ouro de melhor jogador da Europa. Ele foi o terceiro colocado no prêmio da Fifa, que elegeu Ronaldinho Gaúcho como o melhor jogador do Mundo naquele ano. O francês Henry foi o segundo colocado.
 
O então presidente do Milan, Silvio Berlusconi, sempre demonstrou admiração pelo futebol do ucraniano, que em 2006 rendeu 45 milhões de euros ao clube italiano, que o vendeu ao Chelsea. 
 
Na Inglaterra, ele permaneceu por duas temporadas, sem o mesmo brilho vivido em Milão. Sabendo de sua insatisfação no time inglês, Berlusconi costurou o seu regresso ao clube, por empréstimo.
 
Na época, o técnico Carlo Ancelotti questionou a compatibilidade entre ele e o brasileiro Alexandre Pato, que chegou com o status de estrela no Milan. Berlusconi disse que era apenas uma opinião do técnico e não uma decisão. E bancou a volta de Shevchenko.
 
Como a camisa 7 estava com Pato, Shevchenko adotou a camisa 76, ano de seu nascimento. Mas ele não foi nem sombra do jogador que é ídolo da torcida do Milan até hoje. No seu regresso, marcou apenas duas vezes na temporada.
 
Depois da passagem frustrante pelo Milan,  voltou ao Dinamo, onde encerrou a sua carreira em 2012. Pela seleção ucraniana, Shevchenko marcou 48 gols em 111 jogos. Aposentado, tentou a carreira política, sem sucesso.